Eleições 2014 e o Nordeste
A coluna de Genésio Araújo Junior é editada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) A última semana de fevereiro começa com a inusitada situação de termos lançada a campanha presidencial de 2014.
No domingo da semana anterior, surgiu(!?), aqui em Brasília, o “Rede Sustentabilidade” para dar guarida a candidatura da ex-senadora Marina Silva, na quarta-feira, Lula lançou Dilma à reeleição num evento de São Paulo. Também na quarta-feira, aqui em Brasília, o senador Aécio Neves(PSDB-MG) rebateu o evento dos 10 anos do PT no Governo, para ressaltar os 13 erros do Partido da Estrela. Na quinta-feira, em Recife, Eduardo Campos - governador de Pernambuco e presidente do PSB - criticou a antecipação do processo, a “rinha” entre PSDB e PT.
É verdade que a campanha para lançar Dilma, ainda uma desconhecida que nunca tinha entrado numa eleição, surgiu em 2009, no auge da crise econômica que nasceu naquele 2008-2009. É verdade, que pegou bem para o Mundo aquela antecipação, pois o Brasil estava em moda ao crescer com muitas obras públicas – o PAC tinha a cara do “New Deal” de Franklin Delano Rossevelt.
As coisas mudaram. Existem especulações sobre esta antecipação toda. Campos parece ter feito a verdadeira leitura, mas não dá para dizer, categoricamente, que ele está certo. PT e PSDB querem monopolizar a coisa num jogo de cara ou coroa, que facilita a vida do eleitor menos qualificado. Vamos aguardar os próximos capítulos antes de algumas confirmações, porém os nordestinos mais antenados podem ter razões para achar que esse limão pode virar uma limonada.
Todo os pré-candidatos(?!) têm uma forte implicação com o Nordeste. Dilma é candidata de Lula – se Lula é um líder nacional, no Nordeste ele é mais que isso.
Aécio Neves é de Minas, o “Coração do Brasil” que tem a região do Vale do Jequitinhonha, é o Nordeste em Minas, pois ter o DNA do Semiárido. Foi na gestão de Aécio que se criou a Secretaria de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhona, do Mucuri e do Norte de Minas Gerais. Isto foi logo em 2003, aproveitando que Itamar Franco, que governou aquele Estado até 2002, tinha criado o Instituto de Desenvolvimento do Nordeste e Norte de Minas( IDENE), uma “sudenizinha” mineira.
Marina Silva fez carreira no Norte, mas é filha e neta de cearenses. Ela foi uma das primeiras, entre os modernos, a falar em sustentabilidade no Semiárido.
Eduardo Campos é um pernambucano, neto de um cearense famoso do Crato , Miguel Arraes.
Nunca tivemos tanta gente qualificada com compromisso e história no Nordeste em condições de tanto protagonismo.
Dilma não quis encarar de frente uma política clara de desenvolvimento regional. Nem para o Nordeste, nem para o Brasil. Lula com os seus “dedazos” apontava para onde queria suas vontades – efetivamente, deu nova cara ao Nordeste, mas ao fazê-lo com base em seu grande senso de sobrevivência política deixou de lado outras necessidades, como o desenvolvimento integrado, sem pontas para aparar.
O Nordeste precisa de mais. Todas as eleições presidenciais foram decidas em nossa breve democracia, Pós-64, com votações definidoras vindas do Nordeste, Minas e Rio de Janeiro. O Nordeste não deverá dar maioria fácil, como no passado, na próxima eleição presidencial.
Nessa confusão toda, fica claro que nós nordestinos temos condições de nos aproveitarmos dessa antecipação de propósitos
Eis o mistério da fé
Por Genésio Araújo Jr
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