31 de julho de 2025

Quem tem medo do PT-PMDB?!

A coluna de Genésio Araújo Junior é editada todos os domingos neste espaço

Publicado em

(Brasília-DF) A confirmação do PMDB no comando da Câmara e do Senado além de ter o Vice Presidente da República é um marco na política brasileira e nos apresenta uma prova de fogo para a jovem democracia brasileira.

É bom lembrarmos aos que teimam em esquecer, ou não querer lembrar, que a última vez que isso aconteceu foi numa época excepcional e no retorno efetivo da democracia plena no Brasil com a Constituinte de 1988. Ulysses Guimarães chegou a ser presidente da Constituinte, do PMDB, da Câmara Federal e o Vice Presidente de fato do Brasil. Neste ano teremos completos 25 anos disso tudo.

Será o mais longo período de regularidade democrática no Brasil. Estabelece-se no país de uma forma institucional uma parceria política entre dois partidos coisa que Getúlio Vargas tentou criar com uma união entre PSD e PTB, que nunca de fato aconteceu, face a instabilidade gerada por uma pendular mas sempre golpista UDN. Os apoiadores do Lulismo, especialmente, entendem que o udenismo existe, mas hoje o PSDB não apresenta condições políticas para representar tudo isso(ou seria tudo aquilo? ).
 
A união PT-PMDB nunca esteve tão luminar, às claras - surge evidente e robusta esta união. Não dá mais para se esquivar e dizer que é um mero acordo de conveniências.  Tolos são aqueles que insistirem nisso. As condições para tal realidade começaram a se dar com a crise gerada pela denúncia de compra de votos no Congresso Nacional em 2005. Lula só viveu aquela crise pois não atendeu José Dirceu – Dirceu queria colocar o PMDB logo no Governo porém Lula não suportava Michel Temer.  Está cada vez mais consolidada a convicção tanto entre os pragmáticos como entre cientistas políticos, sem grandes engajamentos, que a união PT-PMDB não teria gerado a ciumeira entre os médios partidos sem consistência, como o antigo PL e o PTB.
 
Dilma conseguiu logo, movida por razões objetivas de tocar a economia sem abalos políticos em mar raso, fazer o que Lula não teve coragem de fazê-lo. A união entre esses dois partidos, ao contrário que muitos pensam, tem amplas condições de gerar uma consistência considerável que viabilize a Reforma Política possível neste momento para o país, a geração de uma legislação com razoabilidade para o sistema tributário que gere uma competitividade mínima para as atividades econômicas.
 
Os maiores problemas desses dois partidos são suas brigas endóginas. As cabeças dos partidos vêm de São Paulo e terão que lidar com a natural exigência de se reformar o federalismo brasileiro.  O novo na política brasileira exala do PSB, que coloca a questão da crise do federalismo como fundamental.  Na prática, não é só falar que existe uma concentração de poder com a União. Se São Paulo perdeu com a desconcentração da indústria, com a redução de sua participação na geração de atividades econômicas, coisas como o comércio eletrônico concentrado por lá demonstram como o poder paulista continua fortíssimo.  Os políticos querem que São Paulo tenha menos poder –não é tarefa fácil.
 
Esta busca de desconcentração é que prejudica a união PT-PMDB.
 
Os peemedebistas do Nordeste poderão crescer muito com esta União, mais que os petistas, que curam suas feridas.  As caminhadas de Lula pelo Brasil, e o Nordeste, serão fundamentais para os rumos dos parceiros na região.
 
Bem, mas isto é outra conversa.
 
Por Genésio Araújo Jr, coordenador editor