31 de julho de 2025

Jogo dos políticos

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

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(Brasília-DF)  A maioria dos agentes já começa a se convencer que os tais “noventa dias decisivos” da Presidenta Dilma, como disse o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, serão fundamentais.  Não é só política, mas cronograma de quem vê a questão econômica como fundamental para fazer o ano de 2013 ser tudo aquilo que o Palácio do Planalto e o PT, especialmente, esperam. Ser o grande ano do Governo Dilma.

 

Vamos acompanhar como ela se sairá. É aquela velha história, vai se ter que medir o pulso do doente de manhã, de tarde e de noite. Não é só força de expressão ou negativismo. Tudo está andando razoável, mas pode desandar. Quando está tudo bem se abusa dos economistas, mas quando está tudo mal se abusa dos políticos.
 
O ano político começa em primeiro de fevereiro, quando os deputados e senadores vão começar a se aninhar para votarem, no dia seguinte, os seus novos comandos.
 
Câmara e Senado deverão ser comandados pelos PMDB, o novo PSD da política brasileira. Existe alguma possibilidade, não está de todo descartada, a do PSB conseguir gerar um segundo turno na disputa da Câmara.
 
Faz 40 dias que conversei com Eduardo Campos e destaquei que a entrada do deputado mineiro Júlio Delgado(PSB-MG) na disputa pelo comando da Câmara levaria a duas avaliações: se o Júlio ganhasse a disputa com Alves venceria Campos, e se o mineiro fosse derrotado também seria Campos. Eduardo disse que a candidatura do PSB era dos deputados e não do partido, como se isso fosse possível.
 
Campos destacava que a candidatura deveria ter propósitos - não ser só uma vontade de ser por ser.  Ele defendia que se era para ser candidato, o socialista deveria ter um roteiro – ter projeto.  Campos sabe que seu futuro na Grande Política deve estar associado a grandes causas dentro da lógica de poder, pois sabe, experimentado que é, que um discurso reformista já não possui o mesmo encanto e sobre revoluções estamos longe.
 
Campos sabe que o futuro da candidatura de Júlio Delgado depende do sucesso da candidatura da também peemedebista Rose de Freitas(PMDB-ES).  Quem garante a Campos que Rose de Freitas não vai deixar Júlio com a broxa na mão e sem escada no meio dessa onda de novas construções políticas!  A experiente deputada capixaba é famosa por suas posturas cíclicas, quase mercuriais.
 
Dilma e sua articulação política(?!) observam isso sem ter muito o que fazer. O PSB arrumaria uma briga com o PMDB no momento certo!? Isto também não geraria ainda mais desconfiança no Palácio do Planalto, visto que o PMDB não tem nomes para o Planalto, ao contrário do PSB? Estas e outras perguntas devem estar sendo feitas por Campos que também não pode demonstrar tibieza, pusilanismo ou soberba.  
 
Desde sempre os políticos sempre trabalham com mais de um plano que se sopra para a sociedade.
 
Esta disputa que se apresenta na Câmara, pois no Senado nada se vê que se possa justificar expectativa de mudanças na rota favorável ao PMDB – não mobiliza a sociedade. É coisa exclusiva dos políticos. Quando eles se movem sem se preocupar com a opinião pública a racionalidade e a razoabilidade falam mais alto, pois não podem contar com o imponderável que sofre as inflexões do teatro do poder. Este jogo será de punho e leveza, resta saber quem vai piscar logo neste, até agora, falso duelo.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
 
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