Capitalismo, Copa do Mundo e PT
A coluna de Genésio Araújo Junior é editada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Começamos 2013. Isto no calendário, mas na lógica do poder isso vem bem antes das primeiras edições do Diário Oficial da União.
O ano do poder começou quando sabíamos sobre as primeiras composições nas prefeituras municipais, especialmente, nas capitais. O ano já era de conhecimento ao vermos como ficariam os comandos das duas Casas Legislativas e o próprio comando do Supremo Tribunal Federal.
Já sabíamos que os primeiros 90 dias de 2013 seriam decisivos para o Governo Dilma conseguir alinhavar um crescimento econômico de 4%. Bem, já sabíamos um bocado de coisa sobre 2013. Não precisava ter um Delfos particular ou uma nova leitura de Nostradamus, até porque as empresas de ratings, já não têm os mesmo impactos premonitórios da lógica de poder real do passado. O ano começou bem antes.
As incógnitas do ano de 2013 envolvem questões analíticas mais importantes e dão cara ao próprio século.
Estamos engrenando a segunda década do Século XXI sob a égide da maior crise que o capitalismo já viveu.
Quando o Muro de Berlim caiu, o Mundo Ocidental destacou o fim do comunismo. A crise se completou com o esfacelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS, no início dos anos 90. Todos sabem que o socialismo não morreu. Desde a queda do Lehman Brothers o capitalismo está no chão.
O ano de 2013 para o Brasil será de lida com a crise do capitalismo e com os medos que isso pode impor, visto que a tradição brasileira envolve uma tensa relação dos poderosos locais com as grandes crises.
A República Velha caiu não só pela vontade de Getúlio Vargas e morte de João Pessoa, ela se deu mais pela Crise de 1929 que dizimou a forte economia cafeeira dos paulistas. Assim foi na tradição brasileira. Collor venceu Lula em 1989 em boa parte pela crise da queda do Muro de Berlim. Naquela época se achava que Lula seria comunista. O Real e nossa revolução pelo fim da inflação elegeu Fernando Henrique Cardoso que só reelegeu em 1998 por conta das crises da Rússia e Coréia terem vindo na medida certa, depois da confusão eleitoral. As crises externas sempre foram importantes para uma economia baseada na transferência de commodities por renda de Estado.
Em 2013, Dilma e seu Governo, ainda muito bem com a opinião pública, terão que lidar com uma crise muito maior. A crise do capitalismo e os preparativos finais de uma Copa do Mundo que exporá ao Planeta que Brasil é esse que tanto falam. Vivemos em baixa junto a algumas ratings e consultores internacionais, de que não somos essa coisa toda. Claro, os capitalistas estão deixando de vir aqui pegar seus butins cheios de correção real do dólar em 30%, como era no passado.
O ano de 2013 será fundamental para que se prepare o país para que a combinação entre a crise do capitalismo e a Copa do Mundo são sejam para o PT o que a crise de 1929 foi para o fim da República Velha.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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