Jaulas, jaulinhas e jaulões: todo mundo com a sua
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Tem muita gente dizendo que o Brasil tem que aproveitar esta questão do julgamento do “ mensalão” para tirar o máximo de proveito. Não está aqui, o ganho que os adversários do PT já têm em festejar as condenações de gente importante, fundadores, do partido da estrela.
Já se fala que a questão da qualidade do serviço público, na devida aplicação que o país dá a seus condenados, seria a primeira conquista. Falar de figurões do poder cumprindo cadeia nas jaulas brasileiras parece estranho
Parece uma estultice imaginar que este julgamento irá fazer com que de uma hora para outra façamos uma mudança completa nas instituições de nossa sociedade. Não vamos ser levianos a ponto de imaginar que o que está se dando é por força deste ou doutro homem ou mulher.
É verdade que interessa a senhora Presidenta da República, sem história no seu partido, o PT, que o Judiciário expurgasse o Velho PT que iria lhe impor tutelas tão duras às que já recebe ao ter que se reportar ao seu mentor, o ex-presidente Lula. Afirmar que o que se vê hoje, com os juízes que escolheu para o Supremo tendo uma postura veemente contra o Velho PT, seja um indicativo disso é uma leviandade.
Imaginar que a postura do senhor ministro Joaquim Barbosa é uma reação, uma vendenta, uma busca pelo resgate da raça ou algo do gênero, é outro exagero. Todos que assumem isso como verdades irretorquíveis merecem suas jaulas!
Afirmar que a corrupção brasileira é uma das maiores do planeta e que somos um país sem jeito merece jaula.
Estamos no G 20 que tem mais de 90% do PIB mundial. Os Estados unidos tem US$ 14 trilhões, a China a metade disso, com US$ 7 trilhões, e o Brasil tem US$ 2,7 trilhões. Todo o mercado de capitais, mesmo estando nós em crise a um bom tempo, circulam duas ou três vezes o total dos 20 maiores PIBs do Planeta. Nos anos 90, no auge das crises do México, Rússia e Coréia já era difícil esboçar isso, como fez Lester C. Trurow, um dos intelectuais econômicos mais respeitados por Fernando Henrique Cardoso nos seus últimos anos de presidência. Só em se ter circulando o dobro, ou até três vezes o PIB real do planeta, já se tem o tamanho do exagero que aponta para corrupção.
Fala-se agora da corrupção chinesa que é tremenda, pois todos sabem que os novos ricos são o que são pois têm conecções com os líderes políticos, nomes do Poliburo ou do Conselho.
Nos Estados Unidos, a corrupção desenfreada vista nos anos de George W. Bush só foi vista na época dos “barões ladrões” no final do século XIX, também nos Estados Unidos. As picaretagens feitas para todo mundo ver na tv e na internet com as invasões ao Iraque e ao Afeganistão com empresas certas, que iriam ganhar com as armas e com o petróleo, foi exponencial. Detalhe: os americanos quase elegiam outro ladrão desse tipo, na última eleição presidencial.
Eles, sim, são ladrões. Somos uns aprendizes de larápios. Pequenos salafrários. Os malfeitos de nossos políticos são titica comparado com o que se faz mundo afora. Está na hora de deixarmos de ser vira-latas nesta questão da política e aprendermos que nada é o que parece.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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