São Paulo vai criar problemas para o Nordeste
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
Publicado em
( Brasília-DF) É inquestionável como as lideranças nordestinas têm problemas para lidar com a burocracia federal em algumas questões, especialmente quando se tem que lidar com a elite paulista e paulistana que comanda os ministérios chaves do Governo Federal. A vitória do PT na eleição da cidade de São Paulo deverá gerar mais dificuldades e, no futuro próximo, uma tensão real dentro da base aliada.
Antes de tudo é bom informar que dos mais de 30 ministérios instalados na Esplanada dos Ministérios a senhora Presidenta da República dá atenção a no máximo uns 7 ministérios. A maioria é comandada por paulistas, como os ministérios do Planejamento e da Fazenda.
Nessa última semana a ministra do Planejamento, Mirian Belchior, foi a uma audiência pública com os deputados e senadores na Comissão Mista de Orçamento para falar sobre a proposta de orçamento 2013, PLOA 2013.
Ela falou sobre o melhor da proposta para 2013 - contou da meta de inflação, metas fiscais, avanços nos orçamentos de ministérios importantes, ganhos competitivos do país na questão dos juros reais e redução da dívida pública na relação com o PIB. A oposição, minoritária, encontrou detalhes em algumas rubricas para alegar sobre uma possível estratégia de camuflar ações. Até aí tudo bem, nada que vá mudar o curso da história.
Os nordestinos, como sempre protagonistas, especialmente os governistas - salientaram os avanços dos governos de Lula e Dilma na economia nordestina, mas que face a crise gerada pela grave estiagem que atinge fortemente a região, a quase dois anos, se estaria colocando sob grande risco as conquistas realizadas nas pequenas e médias cidades do semiárido.
Foram vários os nordestinos a se manifestar, deixando de lado a questão básica da proposta orçamentária, para focar na questão da seca e na crise dos municípios neste fim de ano.
Pernambucanos, baianos e alagoanos se manifestaram quase sempre no mesmo tom. A fala do petista pernambucano João Paulo e Silva (PT-PE), sempre muito moderado – ele que foi ex-prefeito de Recife e um dos que saiu derrotado na disputa envolvendo os petistas pernambucanos – um exemplo de equívocos do partido, regionalmente e nacionalmente – deixou claro que se está sob risco de colapso e com grandes riscos para conquistas passadas e recentes.
O Partido dos Trabalhadores teve um bom desempenho eleitoral na disputa municipal de 2012, no entanto teve perdas doídas no Nordeste, como em Recife e Fortaleza além da derrota em Salvador. Essas cidades são vitrines e irradiam poder para o resto da região – em período de conquistas urbanas que virão com avanços de mobilidade, inequivocamente, veremos saldos positivos serem contabilizados para esses novos administradores não-petistas. No interior, a força de ações outras, com presença do Governo Federal, e dos governos estaduais, precisa ser feita.
A ministra Miriam Belchior, do Planejamento, disse que as ações de lida contra a seca estariam sendo suficientes.
“Nos parece que nós estamos oferecendo garantias mínimas, pois não estão havendo saques nem grandes migrações para as cidades”, disse a ministra.
Impressionante que isso tenha sido dito. Imaginar que estaria tudo bem porque não estariam havendo saques e migrações é típico dos burocratas paulistas. Ridículo, frio e desconectado, totalmente, com a realidade.
Todos nós tememos que a vitória do PT em São Paulo faça com que a elite governista dê mais atenção a São Paulo, em detrimento de outras regiões do país.
Teremos muitos mais problemas pela frente, creiam!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]