31 de julho de 2025

Coisa de profissional

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

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(Brasília-DF)  Gostem ou não os especialistas em baixa estima, apreciem, ou não, os plutocratas da Avenida Paulista que acham que nordestinos só servem mesmo de mão de obra barata (ops! Gente moderna não fala assim!) - capital humano – para construir seus arranha-céus, porém essa turma quando se trata de poder dá nós em pingo d’água.

Neste pós eleições, em primeiro turno, foram os nordestinos que voltaram a dar mostras sobre como se faz.
 
O governador Cid Gomes(PSB), do Ceará, foi destacado  pelo presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, para falar à imprensa nacional, que foi acompanhar a reunião de balanço dos socialistas na sede da agremiação, aqui em Brasília na última semana – que eles não vão comer isca de ninguém. Explico: o PSB cresceu mais que todo mundo nessa eleição municipal, mas ainda é um partido pequeno em muitos lugares, o PSB é um partido de esquerda, ou centro-esquerda, e sabe que só vale à pena se juntar com a direita governando e não para representar o novo. O PSB sabe que a população está, aparentemente, aborrecida com a insistência dos jogos terminarem sempre entre os mesmos concorrentes, mas, também, sabe que partido de esquerda respeita evoluções históricas mais que a necessidade da direita se reinventar.
 
“Precisamos crescer mais”, disse Cid Gomes. Ele falou repetidamente, cheio de paciência para jornalistas de todos os níveis de inteligência e idade. Parecia cumprir um papel - o fez bem. Além de tudo deixou claro que existe união no PSB, o partido da moda.
 
Na Bahia, vimos a política voltar a funcionar, indo na contramão da lógica de resultados.  Quando começou essas eleições via, com o olhar analítico de quem imagina o tabuleiro nacional implicando nas questões regionais, que caso o PMDB ficasse fora do segundo turno baiano, à época improvável, iria ser galvanizado pela fome com a vontade de comer  numa chapa de oposição aos Democratas de ACM Neto, em último caso disputando em segundo turno. A verdadeira política baiana colocou água no chopp da previsível união PT-PMDB.  Os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima levaram o PMDB a fechar com os Democratas. O PMDB baiano coloca à prova a política Dilma Rousseff, mais que o PT.
 
Os Vieira Lima pensam e agem, em tese, dentro do novo PMDB que mira poder e não só cargos públicos. Os Vieira Lima colocam à prova a coalizão brasileira que o Supremo Tribunal Federal dá demonstrações de que de nada entende. É política e em grau refinado.    Isso é só para iniciados, aprofundados. Os plutocratas do melhor acordo contra a tese da boa briga preferem tapar os ouvidos quando fingem tapar os narizes.
 
Outra prova da sofisticação da política nordestina é a confirmação, cada vez mais evidente, de que dois nordestinos deverão, mesmo, ficar com o comando da Câmara Federal e do Senado. O PSB deverá ter candidato, o outsider Júlio Delgado(PSB-MG), que está em seu quarto mandato, mas nada garante que ele terá apoio suficiente para tal. Ele não é de um partideco de centro, coisa que caia bem noutros momentos – a coisa é grande. O PSB para ter futuro precisa do PSDB, porém será que o PSDB arrisca largar o acordo feito, parlamentarmente, com o PMDB!?
 
A verdade é que esses políticos nordestinos podem até não trazerem tudo o que prometem, mas que são bambas, no ofício do poder, lá isso são!
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista