Os derrotados e o couro duro
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Estaremos nessa segunda-feira,08, avaliando os resultados das eleições municipais realizadas pelos brasileiros, no entanto é certo que a sonora maioria dos deputados federais e senadores foram derrotados, pessoalmente, nas disputas de primeiro turno, especialmente os nordestinos.
A agência Política Real fez um estudo e apontou que existiam 31 deputados e senadores nordestinos em peleja eleitoral em 23 cidades da região.
Desses se tinham indicativos de que seis deles deveriam ter sucesso logo no primeiro turno. Em segundo turno, outros cinco ou sete ainda poderiam lograr êxito. Enfim, na primeira fase da “partida” só 19,35% dos congressistas em disputa teriam condição de êxito. É impressionante.
É importante destacar que os quatro senadores que estão buscando eleição três deles serão derrotados logo no primeiro turno. Um ainda poderá ir disputar em segundo turno. Os três senadores são todos da base do Governo Dilma. As derrotas de Wellington Dias(PT-PI) e Inácio Arruda(PC do B) são categóricas pois são conhecidos campeões de votos em seus estados, particularmente em Teresina e Fortaleza.
Dos petistas congressistas que estão nas disputas do Nordeste, nenhum deles deverá ganhar e ter o comemorar nessa segunda-feira, 08.
Muito se pode alegar para esses insucessos: fadiga de material, falências oligárquicas, falta de compromisso com as cidades, mandatos ruins, falta de capacidade de levar recursos e “prestígio” para estados e cidades, mensagens ruins, efeito de máquinas políticas contrárias, efeito do “Mensalão”, entre outras razões particularíssimas, próprias de cada cidade - como os imbróglios políticos em Recife e João Pessoa.
É estranho que um congressista queira comandar uma cidade de interior, como se vê em muitos casos. Comandar uma capital até vai, porém há controvérsias. Existem deputados federais, para estranheza do modelo de democracia representativa, que desejam ser vice-prefeitos de algumas cidades. Tem gente querendo trocar mandato de deputado federal para ter “expectativa de poder”.
Tudo isso nos leva a crer na imensa crise que vive o Congresso Nacional. A bancada do Nordeste tem 151 deputados e 27 senadores. Ao todo, 17,41 % da bancada de congressistas nordestinos está buscando um mandato de prefeito, ou de vice-prefeito. A grande maioria será derrotada.
A forma como a Presidenta Dilma Rousseff, e seu Governo, vem tratando os congressistas, ora com desprezo, desatenção, desprestígio, ora com algum tipo eventual de regalo – alternando mais aqueles que este, cria mais dificuldades para os congressistas que chegaram a tal colocação como mero rito de passagem numa imaginada carreira política.
Quando observamos de perto tamanho barulho percebemos que os profissionais da vida parlamentar em Brasília, na verdade, não estão tão ruins das pernas, assim. Quem está fazendo esse caminho de volta, com algumas exceções que as exceções explicam, o fazem, pois foram obrigados por acordos políticos ou porque não estão sobrevivendo ao jogo duro de Brasília.
As derrotas dificilmente serão apagadas, no entanto é certo, que os de sempre vão continuar mais fortes, mesmo com os movimentos, ou não, feitos pelo Palácio do Planalto.
Em Brasília tem que ter couro duro!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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