O efeito Lula nas eleições municipais
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Três assuntos chamaram atenção do hemisfério político nesses dias - em meio ao julgamento do caso do “Mensalão” , que chega agora ao núcleo político, e as eleições municipais se afunilando: a entrada de Lula no território dos comícios, especialmente no Nordeste, a denúncia da “Veja” apontando que o ex-presidente sabia e trabalhava o “ Mensalão” e a, até então pouco esperada, retomada dos candidatos petistas nas eleições, especialmente no Nordeste.
A semana, a última de esforço concentrado na Câmara Federal, antes das eleições será marcada por manifestações públicas em torno desses fatos, certamente.
A matéria da revista “Veja”, que chegou aos assinantes e nas bancas no fim de semana, diz sobre uma série de declarações dadas por interlocutores do empresário Marcos Valério sobre o fato do ex-presidente saber, e ter atuado, fortemente, no “Mensalão”. É estranho, pois Valério se encarregou, através de seu advogado, de afirmar que não deu tal “entrevista”, além de negar as declarações sugeridas pela revista.
Os fatos(!?) surgem no momento em que Lula decide falar 15 a 20 minutos em comícios, onde permanece com o mesmo estilo - histriônico, contraditório, polêmico, popular e encantador de massas. A voz não é mesma, mas ele continua fazendo das suas. A Política Real acompanhou suas andanças na Bahia - ele esteve sexta-feira, 14, em Salvador, e em Feira de Santa, no dia 15, pela manhã. Lula encurralou a candidatura de ACM Neto com o argumento que o baiano conhece: Salvador só terá o empurrão urbano que precisa se tiver um administrador sintonizado com outros níveis de Governo. Ele lembrou como Lídice da Mata, prefeita de Salvador um dia - hoje senadora do PSB - foi encurralada por um Governo Estadual e Federal que lhe eram antagônicos. Lula, contraditório, diz que Dilma não persegue, como ele também(!?), ao não ligar para cores partidárias para atender as administrações públicas.
Neste evento de Salvador, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins(PT), foi “ prestigiar” Nélson Pellegrino(PT) candidato do PT na cidade, mas sua missão foi pedir para Lula ir em Fortaleza. Luizianne tem a seu favor ter levado seu “poste” à condição de favorito a chegar no segundo turno da segunda maior cidade do Nordeste. Os petistas do Nordeste, de uma hora para outra, ressurgiram. Em João Pessoa, o candidato Luciano Cartaxo(PT), que era cotado para votar no segundo turno no ex-governador José Maranhão(PMDB), já lidera as pesquisas numa consulta respeitada pelo paraibanos. De súbito, quase, o PT tem condições de ter quatro candidatos em segundo turno com possibilidades reais de vencer em três.
Lula será pressionado para ir onde o partido tem condições de ter sucesso. Tudo isso se dá justo no momento do julgamento do “Mensalão”. Parecia que o caso não influenciava, mas as “ revelações” de “ Veja” podem colocar à prova isso, pois pretende atingir Lula, o ás do processo eleitoral visto que a Presidenta Dilma prefere evitar participação pública.
O jogo é jogado a cada momento e impressiona por sua capacidade de gerar reviravoltas. O sucesso(!?) do PT não se dá por este ou aquele motivo mas por várias razões próprias de cada cidade e estado. Lula é um grande eleitor? No geral, sim, talvez maior do que se imaginava quando Presidente da República, pois, agora, pode andar sem dar satisfações, pois o povão reconhece nele um tutor da Presidenta, como ela vem fazendo questão de afirmar (ou seria insinuar?) a cada momento desde começou o período eleitoral.
Vamos continuar de olho.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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