Do Mensalão e de eleições ninguém escapa
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Fala-se duas coisas nesses dias, em Brasília: os rumos do julgamento do caso do “ Mensalão” e os rumos das eleições municipais.
Costuma-se dizer aqui, que nada se resolve nos plenários, espaço legítimo da praça do poder efetivo, mas, sim, nas conversas ao redor de mesas de mogno ao sabor de maltes e conhaques perfumados por baforadas de habanos. A coisa mudou em tempos de poder feminino, mas nem tanto.
Especula-se, muito, o que falam os senhores ministros e ministras do Supremo em torno das mesas cheias de brioches e de chá inglês, ou indiano.
Fica cada dia mais claro, que os julgadores do “Mensalão” não deverão ser unânimes em torno de jurisprudências que já existiam na Casa. Apesar do presidente Aires Brito ter feito questão de dizer que só existia a Ação Penal 470, eles querem entrar na história. Ainda não está claro, se eles vão mudar as regras sobre “ato de ofício” para servir de paradigma em julgamentos e condenações em crimes de corrupção passiva.
A verdade é que a divisão do julgamento em blocos está gerando muitas dúvidas. O deputado João Paulo(PT-SP) foi condenado por ação ilícita com referência a um contrato com um das agências de Marcos Valério. Marcos Valério seus sócios e o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil estão sendo condenados por desvios e contratações fraudulentas. O sentimento entre muitos jornalistas experientes é que deveremos ter condenações em massa. Uma minoria importante ainda tem muitas dúvidas. Não é bom esquecer que o relator começou a julgar os casos que se consideravam menos polêmicos, os chamados casos “batom na cueca”.
Nas eleições, se esperava que o julgamento iria fazer as candidaturas petistas sangrarem. No Nordeste, não se vê isso. As candidaturas petistas estão sofrendo o que se esperava que sofressem. As péssimas escolhas no Ceará, Pernambuco e Salvador não assustam. No caso de Recife, a força de um cabo eleitoral que teria 91% de popularidade, como é o caso de Eduardo Campos, impressiona. Em 10 dias de campanha de tevê, Geraldo Júlio(PSB) cresceu 22%. O outro senador petista, Wellington Dias, lá em Teresina poderá ir a um segundo turno e chegando lá não duvidem do moço. O que chama atenção nessa coisa todo, além do Nordeste, é a cidade de São Paulo, a maior cidade nordestina do Brasil depois de Salvador.
O ex-presidenciável José Serra, “o maior presidente da República que o Brasil jamais terá” vê urso de gola. Em todas as pesquisas, ele se afasta do líder Celso Russumano(PRB) (argh!) e se aproxima do candidato de Lula, Fernando Haddad(PT), o poste da vez. As eleições municipais estão sofrendo pela ausência da Presidência da República e pela entrada tardia do maior líder brasileiro depois da redemocratização.
As eleições começaram, no Nordeste, com a liderança total, ou em empate técnico, de seis candidatos de partidos de oposição. Até agora não houve mudança.
O ex-presidente Lula retomou os palanques na última quinta-feira, 30 de agosto, lá em Belo Horizonte. Os próximos 10 dias serão marcantes, tanto para o julgamento do “ Mensalão” como para as municipais.
Muito está em jogo.
Eis o mistério da fé
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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