31 de julho de 2025

Agosto e os caminhos do Poder

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

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 (Brasília-DF)  Começamos, efetivamente, o mês de agosto - o famoso e histórico mês do desgosto para o Brasil.

 

O 24 de agosto é o “Dia do Diabo”, é o dia do Massacre de São Bartolomeu, é o dia de todos os Exus, é o dia do suicídio de Getúlio Vargas - o mais proeminente político brasileiro -, Jânio Quadros renunciou à Presidência da República no dia 25 de agosto.
 
O mês de agosto é o oitavo mês do ano e foi escolhido assim em homenagem ao Imperador Augusto, de Roma. Este mês é tão marcante para a história brasileira e mundial que justo quando a Presidenta Dilma Rousseff, a primeira mulher a presidir o Brasil, luta para dar cara a seu Governo ele – agosto - chega para dar a sua efetiva versão.
 
Dilma tem popularidade considerável, respeitável, mas não tem nada o que mostrar, até agora, a não ser o que legou do ex-presidente Lula.
 
Os próximos meses não deverão permitir que a nossa Chefe de Governo e Estado mostre, claramente, o perfil que deseja dar ao Brasil.
 
Teremos mais de um mês de julgamento do caso do “Mensalão”, as pessoas, com o fim das olimpíadas, vão começar a dar conta que não é só preço do tomate que está maltratando.
 
Começam a se estabilizar os ganhos sociais dos Anos Lula – as pessoas já passaram a ver que isso faz parte e ninguém tasca. Calcula-se que o Brasil precise de 20 anos de apoios sociais organizados, como os montados entre 2003 e 2010. A crise mundial está mostrando nossas dificuldades competitivas. As commodities voltam a mostrar que são o que o país tem de mais importante. Deveremos ter, inequivocamente, um aumento do preço dos combustíveis, o que deverá fazer com que a meta de inflação fique no limite.
 
A Presidenta vai, novamente, mostrar seu compromisso com os ricos como âncoras de sua proposta de novo Nacional Desenvolvimentismo(sic). Quem nos acompanha na cobertura da agência Política Real viu a entrevista do presidente do BNDES, o pernambucano Luciano Coutinho, quando ele confirmou que todo grande país precisa de grandes empresas para tocar suas ações estratégicas. O problema é que os financistas nunca comandaram tanto a economia real como nos dias que correm.
 
São os problemas com a financeirização da economia que o país não avança em várias áreas. E olhe que os principais bancos brasileiros são públicos - BB e Caixa
 
Dilma não dá cara a seu governo em local algum. No Nordeste, parecia evidente que o maior projeto do Governo seria um forte Plano Nacional de Irrigação que daria estrutura institucional a maior obra de um Presidente para a região onde o Brasil nasceu. É mítica a elegia do Sertão-Que-Vira-Mar. Além dos encalhes políticos de dar muito poder a Eduardo Campos e seu PSB, em detrimento do PT, ainda tem o encalhe da financeirização da economia. Todos sabem que seriam os grandes empresários nacionais que iriam financiar a proposta de PPP´s que ela deseja para este movimento do Plano de Irrigação.
 
Dilma apesar de mulher, primeira a conduzir o país, não dá caráter a seu Governo. Nada aqui contra a Presidenta - constatações que somos obrigados a reconhecer. A administração das greves dos servidores públicos federais, que mexem com a economia real, é só um detalhe da falta de prumo.  
 
Nada como um pouco de humildade frente às encruzilhadas do poder.
 
Eis o mistério da fé
 
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista