31 de julho de 2025

Mensalão: o velho e o novo poder

A coluna de Genésio Junior é publica aqui todos os domingos

Publicado em

( Brasília-DF)  A última semana de julho e a primeira de agosto será marcante pois ela dará início a uma disputa entre o novo e o velho no Brasil, num momento em que o Mundo está em mudança com a crise do poder dos ricos.

 

Guardadas as proporções, o tão propalado julgamento do caso conhecido como o “Mensalão” é uma disputa de poder entre o novo poder e o poder dos velhos ricos da plutocracia brasileira. Antes, é bom dizer que os nordestinos são coadjuvantes nesse julgamento, apesar de alguns ministros do Supremo serem nordestinos, como o presidente do STF, o sergipano Aires Brito, e o procurado geral da República, o cearense Roberto Gurgel. O caso do “Mensalão” tem relação direta com o poder dos ricos e que não está no Nordeste.
 
Os principais acusados são nascidos e sempre fizeram política fora do Nordeste. Bem, vamos agora ao centro do dilema de ricos e novos ricos, velhos poderosos e novos poderosos.
 
Há pessoas que acreditam, fielmente, que, de fato, foi montado um esquema de compra de votos no Congresso Nacional e outros tantos que foi o uso dos restos de campanha para manter a roda do poder venal brasileiro girando. Os velhos poderosos crêem, em sua maioria, que houve a compra de votos com mesada.  Os novos poderosos acreditam que foi uma patuscada de jejunos no poder que se viram embricados nos velhos hábitos dos poderosos, onde o financiamento de campanhas se espalha com seus restos como uma erva daninha.  Passados quase seis anos do ápice dos acontecimentos, o Supremo terá dificuldades de julgar fatos, mas julgará história e um novo Brasil.
 
Certamente, teremos culpados e inocentes ao final do julgamento, mas o que está em jogo agora é que Brasil teremos. Com o fim do Governo Lula, onde se deram os acontecimentos, um grupo de velhos poderosos passou a lutar com todas as forças para afastar da nova poderosa todos os membros do antigo governo com o objetivo de voltarem ao poder não pelo voto, mas pela suas capacidades de controlarem parte desse poder.  Os novos poderosos estão divididos entre os que estiveram à frente da maioria das mudanças, com histórias comuns, e os que não têm o mesmo percurso histórico.
 
A Presidenta Dilma Rousseff anuncia que deseja ficar de fora da polêmica, como se fosse possível! Ela era ministra poderosa de Lula no auge do caso.  Os velhos poderosos que desejam montar um novo poder, hibrido, não deverão arrastá-la para o caso. Sabem o risco que correm.
 
Os  novos poderosos, também, no limite da relação dela com Lula.
O caso é célebre, pois, independente de este ou aquele julgador estar impedido está em jogo um modelo de poder.
 
Logo após o episódio, acalmados parcialmente os ânimos, os políticos e toda a sociedade defendiam uma mudança forte, com uma reforma política.  Ela não veio, os líderes partidários, em uníssono, falavam de mudança, mas não tiveram força, ou ânimo, para tal num jogo de eterna desconfiança. Os políticos, de parte a parte, ou pariram o ovo desta serpente ou a chocaram. Ao longo dos anos vieram alusões a mensalões, do PT, do PSDB mineiro e do Democratas.  Em verdade, senhores e senhoras, passados todos esses anos a Justiça pretendida é espuma.  O cerne de tudo está na disputa entre o novo e o velho poder.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
 
e-mail: [email protected]