Convescote socialista e desenvolvimento regional
O artigo de Genésio Junior é publicado todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) Venho alertando a algum tempo, não em tom de alarido mas na conta de uma sinalização baseada na nada feliz tradição política brasileira do quanto pior melhor , que a concentração de poder nordestino na mão desse ou daquele grupo político pode e tem condições reais de impor defaults em nossa política de desenvolvimento regional.
Nessa última sexta-feira,13, os governadores nordestinos se reuniram em mais uma das reuniões do Conselho Deliberativo da Sudene – na verdade ,o Condel é formado por governadores dos estados da região que envolvem, também, os estados do Espírito Santo e Minas Gerais.
Vamos rememorar o alerta para quem não vem acompanhando esses comentários semanais. Os governadores do Partido Socialista Brasileiro, PSB, estão controlando 4 dos 9 estados nordestinos e 5 dos 11 governadores que comandam a região do Conselho da Sudene. O Espírito Santo é comandado pelo governador Ricardo Casagrande, também do PSB. Quem preside o Condel também é um filiado ao PSB, o ministro Fernando Bezerra Coelho. Na prática, dos 11 votos do Condel existem seis deles de filiados ao PSB, dois do PSDB, dois do PT, um do PMDB e outro do Democratas. Na prática, o PSB controla os destinos do Conselho Deliberativo da Sudene.
Não seria leviano dizer que o PSB seria o principal articulador de uma política de desenvolvimento regional.
Na última sexta-feira, os governadores do PSB empreenderam uma verdadeira bliztkrieg para fazer valer aprovadas algumas medidas liberadoras na política de crédito dos recursos do Fundo Constitucional do Nordeste que é operado pelo Banco do Nordeste do Brasil, BNB. A agência Política Real informou que os governadores do PSB pressionaram para que a governadora do Democratas, Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte, aceitasse rever um pedido de vistas que poderia adiar o desejo dos governadores do PSB de que o FNE tivesse menos obstáculos em sua contratação. Não vamos especular sobre o valor dessa pressão, porém é certo o movimento foi nítido de uma marola de poder.
O coordenador da Bancada do Nordeste, deputado José Guimarães(PT) , no apagar das luzes das ações parlamentares deste semestre disse na última reunião do grupo parlamentar que a meta era se aprofundar numa política clara de desenvolvimento regional. Tudo indica que teremos um segundo semestre fraturado face ao processo eleitoral. Tudo indica que ao final do processo eleitoral o PSB terminará essa eleição maior do que entrou. Tudo indica que o PSB deverá crescer em cima do PT.
Na reunião dessa sexta-feira, parecia um convesconte socialista. Os governadores do Ceará e de Pernambuco, Cid Gomes e Eduardo Campos, tinham acabado de ter um encontro com a Presidenta Dilma Rousseff, que aparou arestas e equilibrou posições. Era um momento de exibição de prestígio socialista. Os petistas faltaram ao evento.
No passado recente, no período da redemocratização, o PMDB chegou a controlar boa parte do Nordeste logo após a eleição do presidente Sarney. Independente de se considerar aqueles anos como uma década perdida, a união de admintradores de um mesmo partido em quase nada ajudou a região. O momento histórico é outro.
O que ainda preocupa não é a sinergia dos socilistas que poderiam ver a questão da integração nacional como um verdadeiro projeto regional, mas saber se a Presidente Dilma e o PT aceitariam de bom grado que essa gente do PSB conduzissem a coisa.
Basta-nos aguardar os meses que virão.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista