31 de julho de 2025

O Fim da Política e o depois

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

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 (Brasília-DF) Não acredito ser ajuizado insistirmos com discussões miúdas e contemporâneas sobre isso e aquilo do período pré-eleitoral, e o que poderemos esperar dos próximos dias até o início do momento em que tudo vai parar na tevê, especialmente, com o guia ou propaganda eleitoral efetiva. Vamos ter, aqui no Congresso Nacional, no final da sessão legislativa - a votação de projetos importantes, Medidas Provisórias, com forte implicação nos interesses nordestinos.

 

O que está preocupando muita gente boa é a aparente ilusão do fim da política. Nos anos 90, quem não se lembra(!?), de Francis Fukuyama com a publicação “O Fim da História e o Último Homem”. A obra, no auge das discussões sobre o fim do século XX, o fim do biporalismo Leste-Oeste, na formalização vetusta do Neoliberalismo e o Consenso de Washington - assustou os pluralistas, que eram vistos como anacrônicos. Na verdade, na época, ninguém usava pluralismo como hoje usamos – creio!
 
Não vamos nos adiantar neste tema, pois ele exige muito mais trabalho, dedicação e espaço. É evidente que nesses últimos anos vimos explodir nos olhos e nas mentes que a política estaria perdendo tudo para a economia. Temos uma Presidente da República que diz para todo mundo que o que lhe preocupa é a economia, como se a política fosse uma coisa menor.  Não custa lembrar aos incautos que desde que o Mundo herdou os bafejos da Grécia, que a política é a mais alta das atividades humanas. O ápice do ser humano que larga a sua vida privada e se dedica a Polis, a todos. Pena, isso agora tem outros contornos.
 
A Política é a Economia(sic). É como se o conteúdo fosse a economia e a forma estivesse na política. Um diálogo entre o poder real e o poder aparente. Não dá para fazer um sem fazer o outro, hoje.  Antes era diferente, a política dominava a economia, simplesmente. Recente pesquisa feita por importante consultoria, em Brasilia, identificou que o ministro mais poderoso e respeitado pelos políticos é o senhor Guido Mantega, da Fazenda.  Nas épocas de FHC e Lula, que cunharam o Brasil atual - mesmo com a formatação da Lei de Responsabilidade Fiscal e a estabilização do tríduo de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário, a turma da economia tinha seu valor mas os caras eram Serjão, Zé Dirceu e Dilma Rousseff!  Mesmo quando Dilma ainda não tinha recebido o bambolê de Henrique Alves, essa turma era vista como da política.  Como em tão pouco tempo a política acabou perdendo lugar para a economia!?
 
Não vamos cair no óbvio: A Presidenta não gosta de política!(sic). Ora, ela é Presidente da República, chegou com a política. Não se faz nada sem a política neste país.  Diz-se, que o único lugar onde a Presidenta se meteu, claramente, foi no período pré-eleitoral de Belo Horizonte.
 
Quem divulga isso quer ridicularizar a Presidenta, intelectualmente, apesar de midiaticamente ser adequando para mantê-la com altos índices de popularidade - a população, em geral, gosta de ouvir falar de uma Presidente que não gosta de políticos, como se ela não fosse um.  Tudo coisa de inteligentes para controlar idiotas.
 
Bem, o que preocupa nisso tudo é que este dilema entre PT e PSB pode, ao final das eleições, não atingir a governabilidade, mas preocupa, e muito, nós os nordestinos. Se ao final do processo, com o maior fortalecimento do PSB nas capitais nordestinas - já controlando vários estados na região, fica a pergunta: Brasília vai dar sequência a uma política de desenvolvimento regional onde essa turma se fortaleceria mais ainda!?
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista