Nada como uma crise para unir Dilma aos nordestinos
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) A semana passada foi marcada pela declaração da Presidenta Dilma, pessimista, de que não via luz no fim do túnel. Teremos, na prática, duas semanas bem diferentes das últimas - de intensa movimentação política e parlamentar em Brasília.
Esta semana que se inicia haverá uma paralisia parlamentar, face aos dias decisivos na Rio +20, a Conferências das Nações Unidas sobre Sustentabilidade, lá no Rio. Os parlamentares mais importantes, as comissões permanentes do Congresso Nacional, e vários governadores confirmaram presença. Na semana seguinte, que se inicia com o São João, 24 de junho, haverá uma natural, mas nada regimental, paralização, por conta da última semana de convenções partidárias. Os líderes não deverão marcar votações, junto com os presidentes das Casas Legislativas.
Com isso conhecido, nada mais significativo que analisarmos, com algum cuidado, o que se deu nessa última semana.
O Nordeste teve uma sequência muito positiva, apesar da divulgação de notícias negativas na administração do Banco do Nordeste, a maior agência de desenvolvimento regional no Brasil.
A Bancada do Nordeste, na Câmara, se reuniu na última quarta-feira,13, com o novo superintendente da Sudene, Luiz Gonzaga Paes Landim e o novo presidente da Codevasf, Elmo Vaz . Já no fim, como cereja do bolo, chegou a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais.
A reunião foi comandada pelo deputado José Guimarães(PT-CE), coordenador do grupo parlamentar. A reunião era o primeiro encontro dos comandantes da Sudene e da Codevasf com os deputados, no Congresso. Ideli foi fazer o anúncio da renegociação das dívidas rurais aceita pelo Governo Federal. Ela não foi muito clara sobre o texto que deverá ser aproveitado pelo relator da MP 565/2012, senador Walter Pinheiro(P-BA), que está cuidado dessa que passou a ser chamada “ MP da Seca”.
A presença de Ideli Salvatti no evento foi uma prova do prestígio do coordenador José Guimarães, que sofria novas acusações sobre sua influência no BNB. Guimarães comemorou, pois Ideli, na prática, dava sinais de que 99,7% dos contratos que hoje estão à beira de execução judicial seriam atendidos. Apuramos que o senador Walter Pinheiro não gostou do ato de Ideli, pois ele queria esta manifestação para si. Fonte ligada ao Palácio do Planalto disse que “Guimarães precisava de afago e não Pinheiro”.
Outro cearense, que gera ciúmes, o deputado Danilo Forte(PMDB-CE), relator da MP 564/2012, disse que se encerrou a negociação regional para apresentação de seu relatório, a “MP do Brasil Maior”, da “ política industrial brasileira”. O Banco do Nordeste terá uma capitalização de R$ 4 bilhões e o BASA de R$ 1 bilhão.
A onda de boas notícias veio com o anúncio de empréstimos de R$ 20 bilhões para os Estados. Tudo indica que o critério de liberação desses recursos, comemorado por governadores do Nordeste, especialmente de estados da oposição como Alagoas e Rio Grande do Norte – face um movimento dos secretários de Fazenda, na reunião do Confaz, desta semana em Maceió, deverá ser o critério de divisão dos Fundos de Participação - que beneficia os mais pobres.
O mês de junho promete ser um dos melhores para os nordestinos, institucionalmente, na relação com a Presidenta Dilma. Nada como uma crise, uma grande crise.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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