31 de julho de 2025

Dilma está bem, mas nem tanto!

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

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 (Brasília-DF) Costuma-se dizer que nas páginas de opinião se pode escrever quase tudo, desde que não se jogue pedra na cruz e não fale mal do dono do jornal(publicação) .

 

No Brasil, se tem a formação de que publicação séria não fala, abertamente, bem, insistentemente, de um poderoso ou de uma instituição. Nos Estados Unidos, o país que cunhou a expressão “imprensa livre” se trabalha abertamente com posições escancaradas sobre isso ou aquilo.  Na mídia eletrônica, é comum ver órgãos como a “Fox News” só faltar chamar Obama de “negão imundo” e os “democratas de uns “maricas ladrões”.  Bem, falta pouco.  No canal  “HBO” , dominado pelos democratas, os republicanos são postos como uns ridículos, “ burros” , para ficar no barato.
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Aqui entre nós não é fácil falar bem dos poderosos.  Eles já têm tudo, o dinheiro dos cofres públicos, dos favorecidos pelo Estado e o Diário Oficial.  A sociedade nos paga( sou jornalista) para falar, escrever ou dizer sobre os erros e não sobre seus acertos.  Falar bem de um poderoso, de uma poderosa que nunca foi política, é ainda mais difícil ainda.
A Presidenta Dilma teve uma semana daquelas.
 
A Presidenta foi ao encontro de mais de 3 mil prefeitos – aqui em Brasília por conta de mais uma “ marcha”  -, logo no início da semana, e disse o que eles não queriam ouvir. Disse que não era bom que continuassem lutando para dividir os royalties que já tinham sido licitados e ficassem com o que viesse de novo.  Enfrentar esse povo todo às vésperas de uma eleição municipal não é para qualquer um.  Ela ficou irritadíssima com o Presidente da Confederação Nacional dos Prefeitos,CNM, Paulo Ziulkoski.  Apareceu polêmica, contra os interesses da maioria dos administradores brasileiros.
 
No dia seguinte, ela reuniu todos os ex-presidentes da República vivos para dar posse a Comissão da Verdade. Ela foi elogiada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.  Se emocionou e pareceu, fortemente, uma estadista.  Dizem que isso tudo é marketing, nada mais.  Discordo, com todo respeito.
 
Dilma anima seus eleitores e apoiadores com suas atitudes corajosas.  Ela está fazendo sucesso como a primeira economista na presidência da República.
 
No final da semana passada, para completar, na reunião do G-8, todos preocupados com o sucesso da Europa, pressionaram a primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, a aceitar a flexibilização que François Hollande, novo presidente da França, quer para a economia da Zona do Euro. Ele não quer saber de austeridade excessiva, mas responsabilidade social com aumento do investimento público.  Dilma vem defendendo esta fórmula sem arredar o pé.  Nos próximos dias teremos mais medidas de apoio a economia, aqui no Brasil, para garantir um crescimento de mais de 3%, talvez 4%. Se no final do ano tivermos os sucessos de Dilma e da nova Europa, com Hollande, teremos dificuldades para encontrar excessos de muxoxos para a Presidenta do Brasil.
 
Temos muito a questionar sobre a forma como a Presidenta Dilma lida com a questão do desenvolvimento regional.  Teme-se, realmente, que se renove a concentração de poder no Centro–sul do Brasil. Nem tudo está ruim, nem tudo está bom.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
 
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