31 de julho de 2025

CPI e a agenda necessária nordestina

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

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 (Brasília-DF)  Semana passada foi a primeira de efetivos trabalhos da “ CPI do Cachoeira” , oficialmente chamada de “ CPMI Vegas”. 

 
Logo no primeiro dia Brasília, a Capital do Poder, parou.  A Presidenta Dilma tinha marcado uma reunião do Conselho Político que foi cancelada, os trabalhos das comissões permanentes da Câmara e do Senado não se deram - nada solene; as tevês, tanto no Supremo como no Ministério Público Federal, estavam sintonizadas na TV Senado. 
 
Detalhe: muita gente boa achava que não ia dá em nada. A programação da CPI, seu calendário de trabalhos, foi aprovado logo no primeiro dia, ficando claro que o Governo entrou em campo para represar ao máximo os trabalhos de uma investigação que tem condições de mexer com o país.  Se Cachoeira era o lavador do dinheiro da construtora que mais cresceu com o Plano de Aceleração do Crescimento, gerenciado por anos pela atual Presidenta da República, é inegável que teríamos problemas para todos os políticos, sem exceção.  As imagens mostrando o refestelar do jovem governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com o também jovem e polêmico empresário Fernando Cavendish, dono afastado da Delta Construções, reveladas pelo ex-governador Anthony Garotinho impressionam neste momento.  A sociedade não aceita imagens como essas ,que estavam no site do deputado do PR fluminense e que foram republicadas por vários sites pelo Brasil.  Nada impede que o festim tenha contaminado todo o país.
 
Se as investigações saírem do Centro Oeste, como querem alguns parlamentares da CPI, especialmente da oposição, teremos muitas emoções até as eleições deste ano.  Sobre o Nordeste nesta coisa toda, podemos arriscar que teremos também muitas emoções, palpitações, mas pelo lado da Delta, de Cavendish, do que por conta de Cachoeira e Demóstenes. 
 
Em meio a isso, o Governo começa a destravar assuntos nordestinos. Foi publicado no Diário Oficial da União a nomeação do novo comando da Codevasf e da Sudene. Fazia pouco menos de 15 dias que tinha saído a nomeação do novo titular do Dnocs. Com isso  se abre caminho operacional para lançar o maior plano da Presidenta Dilma para o Nordeste. O Plano Nacional de Irrigação, cheio de pretensão, que deseja irrigar 300 mil hectares em 4 anos. Vamos ver se, quando lançado, será tudo isso.  Levar segurança hídrica para o Nordeste é a realização de uma revolução que a Confederação do Equador, Balaiada, Canudos, a poesia libertadora de João Cabral de Melo Neto e o encantamento contemporâneo de Ariano Suassuna não tiveram condições de empreender.   Temos muitas restrições a forma comedida como a Presidenta e seu Governo vêm tratando as questões nordestinas, mas antes tarde que nunca.
 
Espera-se que o imprevisível que esta CPI possa permitir não atrapalhe, mais ainda, a comedida(!?) agenda nordestina de nossa Presidenta.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
 
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