31 de julho de 2025

O poder nordestino da CPMI do Cachoeira

A coluna de Genésio Araújo Junior é publicada todos os domingos neste espaço

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 ( Brasília-DF) Vamos terminar o mês de abril, o quarto mês do segundo ano do mandado de Dilma Rousseff, com um CPI, para ser preciso e rasteiro, uma CPMI política. Governo nenhum,  nem o do Céu, gostaria de uma investigação empolgada que mexesse com os políticos, em pleno ano eleitoral.  O pior(!?) é que preocupa os políticos de todos os lados – governo e oposição. A sociedade está interessadíssima em saber mais sobre como o jogo e seus interesses atingem os políticos e o poder.  O Senado já fez uma CPI sobre os Bingos, mas a agora a coisa vai além.

 

O Conselho de Ética e a CPMI vão ser conduzidos por nordestinos.  No Conselho de Ética, que vai investigar o senador Demóstenes Torres(sem partido-GO), o presidente é um sergipano e o relator um pernambucano.  Na CPMI, o presidente será um paraibano. Não dá para negar o óbvio – a presença dessa gente vai dar mais poder para interesses nordestinos , focados, é verdade.  Passaremos os próximos meses voltados para estes ares sem esquecer que vamos lidar com os movimentos palacianos por conta da busca de dois outros nordestinos para comandar, no ano que vem, a presidência da Câmara e do Senado.
 
A ordem no Palácio do Planalto é não permitir que o alagoano Renan Calheiros e o potiguar Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, sejam os presidentes do Poder Legislativo no ano que vem - o terceiro ano do Governo Dilma, ano em que se alinhavam os acordos para o ano eleitoral seguinte, 2014.
 
Para quem conhece um pouquinho de política, é sabido que não dá para abrir muitas frentes ao mesmo tempo. A investigação da CPMI pode dar em muita coisa, mas se não chegar a Henrique Alves e Renan Calheiros não dá para rifar a pretensão dos dois. O peemedebista que poderá ver urso-de-gola nesta história toda é o queridinho de Dilma e Lula, o governador fluminense Sérgio Cabral Filho. O governador fluminense e seu lugar tenente, Eduardo Paes, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, sempre foram vistos como os pesos e contrapesos aos nordestinos que o Palácio do Planalto tanto quer reduzir influência.  Para ironia do destino, com esta imprevisível CPMI serão esses nordestinos que poderão evitar reflexos negativos sobre esses novos líderes pemedebistas, face à relação dos dois com a construtora Delta, que parece ter sido o pé de entrada do esquema de Cacheira no Governo Federal, até que se prove o contrário.
 
O jogo não é para jejunos, mas para os profissionais de primeiro time e mesmo eles estão assustados.  Existem umas duas ou três razões para essa CPMI existir, vão se dar vários desdobramentos em várias regiões do Brasil, é certo.
 
Em Tempo:  Nesta semana, o deputado José Guimarães (PT-CE) deverá ser aclamado coordenador da Bancada do Nordeste, na Câmara. Alguns dizem que só um treino para a liderança do PT na Câmara, acertada na eleição deste ano, porém a capacidade de articulação do deputado cearense poderá ser inestimável para o Nordeste, justo no ano em que Dilma quer lançar o mais ousado plano de irrigação para este país nos últimos cinquenta anos.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
 
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