Dilma, Obama, dívidas dos Estados, paulistas mandando....
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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(Brasília-DF) Volto a tratar de temas nordestinos, mas antes é necessário tocar em alguns assuntos.
A pesquisa apontando a Presidenta Dilma com 77% de aprovação na primeira investigação feita, na parceria CNI-Ibope, do ano era esperada. Não custa lembrar que começamos o ano com um aumento de mais de 14% no salário mínimo, expansão nos valores para a bolsa família, vivemos à beira do pleno emprego, as notícias positivas são bem mais marcantes que as más notícias. Previsível.
Outro assunto, é a visita da Presidenta Dilma aos Estados Unidos. Uma viagem de 2 dias em que ela vai cuidar de uma pauta internacional, indigesta para os americanos, como a Síria e o Irá além de temas econômicos, tipo tecnologia e comércio bilateral. Talvez ela queira promessas de Obama como ela as fez a Medevedev, da Rússia, mas dessa vez sem testemunhas de microfones ocultos. O Brasil poderá criar empregos nos Estados Unidos na reta final em que Obama precisa disso para se reeleger. Como se diz no Nordeste, uma mão lava a outra e as duas o rosto!
Bem, descontado isso, considerável, vamos adiante com nossa pauta regional.
A Presidenta relançou o seu “Plano Brasil Maior” com “ investimentos” da ordem de R$ 60 bilhões. No Senado, se espera para esta semana que se engrene a chamada Pauta Federativa. PMDB e PT fizeram um acordo com o Governo Federal do qual fazem parte, mas nem sempre são ouvidos, para tocar ajustes numa mini-reforma tributária.
É inegável que o relançamento do Plano, que na sua primeira vertente se esperava um nova Política Industrial para o País, o que não chegou a tanto – não apresenta uma preocupação com desenvolvimento regional. Não existe corte regional na nova lufada para o setor industrial. A agência Política Real procurou conversar com especialistas no Congresso sobre o tema. Ninguém vizualiza algo consistente nesta área, mas todos acham que o Nordeste vai ganhar. Assim se espera, como no setor têxtil, energia e agronegócio, ao menos. É nítido que o relançamento do Brasil Maior tem a finalidade de bombar mais ainda o setor automotivo que argumentar entredentes que poderá inovar para o país e não só produzir e ganhar com a financeirização do setor.
A lufada que foi apresentada ficou clara com os acordos tipo o da CNI-BNDES para investir R$ 1,9 bilhão em inovação e C&T. Pouco, muito pouco. Pelo tamanho do pacote não chega nem a 5% em inovação e se tem uma grande dúvida sobre o tamanho dos passos da CNI-BNDES no Nordeste e outras regiões mais deprimidas. Fazer um pacote para bombar a indústria se sabendo que quase 80% está em São Paulo não dá para esperar muito para nós nordestinos.
Assuntos como esses preocupam – concentração de poder -, mesmo com a real possibilidade do Governo mudar os indexadores da dívidas dos Estados que poderão fazer os grandes do Nordeste avançarem em arrecadação – os maiores vão usar como capacidade de endividamento e os pequenos para dar folga a um caixa sempre muito apertado. Enfim, a concentração lá em cima não vai ajudar muito aqui em baixo.
Para quem pensa que Dilma não sabe fazer política não custa lembrar que a perda de receita, com as desonerações, do Estado de São Paulo (não do poder dos paulistas), tira fôlego do governo estadual tucano. A decisão de reduzir os juros é outra prova que Dilma não acredita em políticas focais de desenvolvimento regional. O tudo serve para todos.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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