Os líderes se medem pelo tamanho do problema que encaram não pelos que escolhem
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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( Brasília-DF) Costuma-se dizer que quando o tempo é bom até o vento é a favor. O que dá errado é o certo e por aí vai.
O momento é excepcional para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Onde ele toca vira ouro.
Os carnavais são excepcionais para este senhor que é o sucesso da política brasileira atual. Em 2007, ele começou com essa onda de aproveitar bem sua imagem em período de Momo. Naquele ano, ele, Sérgio Cabral, Aécio Neves e Jaques Wagner aproveitaram para fazerem visitas mútuas. As imagens deles no Galo da Madrugada são antológicas. Pegou bem, agora, foi-se além. Com Cabral ainda se recuperando do escândalo que se deu após as revelações que surgiram com a queda de um avião onde estavam amigos ligados ao empreiteiro da construtora Delta, Jaques Wagner ainda cheio de problemas por conta da greve da PM e tendo que se ajustar politicamente à entrada de Sérgio Gabrielli em seu governo, Eduardo flanou. Não adianta ser bom, tem que ter sorte.
O Governo de Pernambuco apostou na escola “Unidos da Tijuca”, que homenageou o grande Luiz Gonzaga com o enredo "O dia em que a realeza desembarcou na avenida para coroar o rei Luiz do Sertão". A escola que tem o surpreendente Paulo Barros como carnavalesco levou o título do desfile das escolas de samba da Marquês de Sapucaí.
Eduardo aparece bem no Rio de Janeiro que cada vez mais homenageia os nordestinos. Os cariocas que palpitam no coração da alma brasileira sabem muito bem lidar com essa gente iluminada nascida acima do paralelo 20º.
Campos, com toda essa bossa, competência e ludicidade - tem que ser dinâmico para usar sua imagem positiva e colocar a discussão sobre desenvolvimento regional na dimensão que merece.
Existe um grupo de economistas que acredita que não se precisa investir mais em políticas claras de desenvolvimento regional. Usam como argumento - falsa verdade, um truísmo dos incautos - o fato do Nordeste ter crescido acima da média nacional nos últimos anos sem uma política clara de desenvolvimento regional montada, sem uma Sudene organizada ou coisa que o valha. Na verdade, o crescimento do Nordeste foi muito maior que seu desenvolvimento. Para um governo que se apresenta desenvolvimentista isto deve ser definitivo.
Quem conhece a política de Brasília aposta que Dilma e seu Governo ainda não apresentaram sua política de desenvolvimento regional por receio da dimensão de poder que acabará concedendo a Eduardo Campos, inexoravelmente. Campos além de ter quatro governadores no Nordeste, incluindo ele próprio, ainda tem o controle do Ministério da Integração que comanda as empresas públicas mais orgânicas e tradicionais da região, focadas para desenvolvimento regional.
Campos, pela dimensão que ganhou, deve encarar de frente a necessidade de cobrar do Governo Federal, ainda neste semestre, maior clareza para esta questão do desenvolvimento regional. É necessário que ele tome à frente esta missão para que não digam que ele só se importa com o seu Pernambuco, que agora avança por gravidade frente aos outros.
Os líderes se medem pelo tamanho dos desafios que enfrenta e não pelos que escolhe.
Eis o mistério da fé
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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