31 de julho de 2025

Um pouco do início nordestino

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço

Publicado em

 ( Brasília-DF)  Poder nordestino está em cheque neste início de ano. 

 

A saída do ministro Mário Negromonte(BA), das Cidades, a confirmação da saída de José Sérgio Gabrielle(BA), da presidência da Petrobras, a confirmação, também, de que o senador José Pimentel(CE) não será o primeiro vice presidente do Senado, o senador Walter Pinheiro(BA) foi aclamado novo líder do PT no Senado, a mudança no comando no Dnocs, a greve da polícia militar na Bahia e a forma como o governo federal se comportou no caso, além, claro, a chegada de um paraibano para ocupar um Ministério importante do Governo Dilma são razões de sobra para constatarmos que é muita coisa para essas duas semanas.
Existem outros fatos menores, mas não menos importantes, espalhados nos Estados.  Os movimentos do senador Wellington Dias(PI), do governador Cid Gomes(CE) e do governador Marcelo Déda(SE).
 
Não há como negar que o vento foi mais forte para o lado dos baianos, mas existe um natural reflexo sobre todo o Nordeste e o Brasil. O Brasil nasceu na Bahia e como já dizia Tólstoi, nada mais solene do que voltar a terra natal e lavar o rosto no rio que passa no fundo de nossa casa.  A Bahia é o único Estado do Nordeste que pode impor algum tipo de inflexão sobre os muitos estados controlados pelo PSB, o partido da moda. Para o Palácio do Planalto isso tem muita relevância, para as oposições mais ainda.
 
Antes da tal reforma ministerial(!!!) terminar se tinha como certo que ela teria entre seus obliterados o também baiano Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário. Com a chegada de Walter Pinheiro(BA) à liderança do PT no Senado, da mesma tendência de Florence, a Democracia Socialista, tudo indica que essa mudança não virá. 
 
Dilma, em suas ações nordestinas, acaba por colocar por terra a sua tão propalada convicção de que deveria se cercar de gente experiente e que eles deveriam ser apresentados como escolhas suas, e tão somente suas, mas com apoio dos partidos.  No caso da chegada do novo ministro, o paraibano Aguinaldo Ribeiro(PP), isto ficou evidente.  Ela escolheu um nome aparentemente inexperiente e o PP, através de seu presidente, o senador Francisco Dornelles(RJ), foi quem anunciou o novo titular das Cidades, ao contrário de outros momentos e outras escolhas.
 
A forma como foi realizada a mudança no comando do Dnocs, com a saída de um nome indicado pelo líder do PMDB na Câmara, o todo poderoso Henrique Eduardo Alves(RN), também fez gerar muitas dúvidas.  O líder do Governo no Senado, o também peemedebista Romero Jucá(PMDB-RR) disse logo na reabertura dos trabalhos que Henrique está pronto para cumprir o rodízio com o PT no comando da Câmara Federal assim como foi logo dizendo que ele não iria relatar a proposta da repactuação dos recursos do pré-sal que voltou à Câmara e será discutida numa comissão especial. No Congresso Nacional é tradicional o parlamentar que relatou um projeto na Câmara voltar a relatá-lo quando ele volta de seu “tour”  pelo Senado. O movimento do PMDB é para preservar Henrique, que, naturalmente, iria se indispor com os parlamentares dos estados que perderão com um relatório  seu.
 
É impressionante como estes nordestinos dão trabalho.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista