2012: Ano Dilma
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Passei o ano todo( quase todo!) de 2011 reclamando da atenção que a Presidenta Dilma dedicou ao Nordeste.
Começamos o ano de 2011, logo no primeiro dia, observando o estilo Dilma. Particularmente, festejei as várias referências que a Presidenta( como ela gosta de ser chamada!) fez em seu discurso de posse. Sabia, pelo conhecimento de gênero, que a administração dela seria focada nos detalhes. Isso não é coisa só da mineira/gaúcha, é coisa de mulher. As mulheres cuidam, é delas.
Os homens quando querem chegar num lugar, não raro, miram a estrada e seguem o caminho. Não querem saber o que vão fazer para chegar – pruridos, para quê?! As mulheres são diferentes(graças a Deus que são!) – elas se importam com o que existe no meio do caminho. Não que as mulheres sejam santas politicamente, mas pruridos há. As mulheres comandam 20 países dos quase 200 que são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas. Isso se dá não só porque os homens fazem de tudo para que esta roda só gire em favor deles, mas porque existe algo mais. Os povos, na maioria dos países, não querem saber quem é o santo, mas querem saber do milagre. Os homens são craques em fazer milagres, mesmo que muita gente morra no meio do caminho. As mulheres se incomodam com os mortos no meio do caminho, isto às vezes é um problema.
Dilma assumiu 2011 sendo fruto da arte política de um homem. Ela nos surgia como um legado democrático de um craque da política brasileira. Agora, ela se coloca e surge em 2012 como um fruto de si mesma. Ela conseguiu recordes de popularidade num primeiro ano de Governo sem fazer o que deveria. Ela não fez reforma nenhuma, não fez mudanças. Ela só fez ajustes. Como toda mulher(com todo respeito!), arrumou. É sabido que a arrumação não acabou, mulheres arrumam sempre. Num ano eleitoral e com crise mundial pegando no meio da perna se tem que ir além da arrumação falada.
Este é o ano em que Dilma vai engrossar o gogó político. Diz-se que o Diabo é o diabo porque é velho e não só porque é o Diabo. Depois de se falar tanto de religação após uma virada de ano nada como cair em terra e lembrar que convivemos mais com os diabos. Dilma terá que domesticar os diabos da sua base aliada, ávida pela presença do Estado na época da colheita dos votos. PMDB e PT vão realizar grandes embates.
No Nordeste, o grande Diabo que Dilma vai ter que enfrentar será o papel que ela precisa dar a região e ao próprio desenvolvimento regional. Temos muitos jovens no Nordeste( reserva), mas falta estudo, capacitação e qualificação. Nós no Brasil achamos que é possível impor atalhos para tudo. É verdade que a inventividade de nosso povo, impressionante capacidade de adaptação faz milagres que enlevam os especialistas em regras, como os alemães, americanos e japoneses. Não dá para fazer tudo assim.
Na política nordestina, temos que ver que o partido majoritário é o PSB, na proporcional é o PT, e o PMDB, também. São Paulo e Rio vão chamar atenção, mas o futuro da política brasileira será a química dos maiores partidos governistas na região onde nasceu o Brasil. O ano será de Dilma, mas ela que não suba no salto e domestique os diabos.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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