Comemorem, mas não se achem
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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(Brasília-DF) Quem vem nos acompanhando teve a oportunidade de receber informações que apontam que o Governo Dilma Rousseff não tem sido consistente com ações voltadas para o Nordeste.
Nesta semana, foi divulgada pesquisa do Ibope, contratada pela Confederação Nacional da Indústria, CNI, que aponta que o nordestino, junto com os sulistas, são os brasileiros que mais aprovam o Governo Dilma. A mesma pesquisa aponta que são os nordestinos que mais aprovam a figura da Presidente Dilma.
Chama atenção, também, que vem a ser os nordestinos os que também acham pior o Governo Dilma. Os nordestinos só ficam atrás dos habitantes da região Sudeste, onde ,tradicionalmente, existem mais críticos aos Governos do PT.
Esses números favoráveis ao Governo e a Presidenta não jogam por terra nossas avaliações. É inegável que a ditadura dos números reduz convicções. O sucesso do Governo e da Presidenta neste primeiro ano é fruto do que se fez no passado e não agora. Espera-se que o Palácio do Planalto não veja isso como um atestado para todo tipo de postura, inclusive a inação. Ano passado o país cresceu a níveis chineses fruto do aumento da atividade econômica calcada em muitas razões, ditas aqui e noutros mais categorizados. Tudo indica que vamos crescer este ano abaixo dos 3 por cento. Isto já é uma prova de que as coisas não estão boas.
Os nordestinos estão vivendo perto do pleno emprego, houve aumento do bolsa família e existe uma nova classe média que continua avançando, ao contrário de outras regiões. No ano que vem começaremos com um novo salário mínimo que dará um impulso na renda, mas deverá implicar num desequilíbrio nas transações correntes dentro de setores da administração pública, especialmente nos municípios. Isto existe, mas habita neste ambiente uma nova onda de desigualdades intrarregionais. Existe uma expectativa positiva de que a safra agrícola, no Nordeste, no ano que vem, irá avançar, especialmente em grãos, porém existe uma expectativa de que os preços das commodities irão cair. Bem, o cenário que virá não é ruim, mas o Palácio do Planalto ao se contentar com que tem poderá cometer um equívoco que não precisaria cometer.
Existe a lenda de que mais de 50% do PIB brasileiro é fruto da força do Estado, em todas as suas expressões. No Nordeste, este índice é tanto mais, tanto menos a partir de cada região. Nas grandes cidades e nas fronteiras agrícolas, minerais, isso desequilibra para o lado do setor privado, mas é inegável que no Nordeste se precisa mais do Estado.
O Governo Federal tem que equilibrar a mão. Não pode continuar agindo como se fosse necessário, tão somente, uma política única para todo o país.
Dilma e seu Governo podem comemorar, mas não devem dormir em cima dos louros. Popularidade não é como dinheiro que se guarda para as horas de privação. Governos populares são conhecidos, especialmente nos dias atuais de vasta conexão, por não descansar dos bons momentos.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista.
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