31 de julho de 2025

Dilma e o desafio da gestão

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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( Brasília-DF) As pessoas que conhecem o jogo político de Brasília sabem como é nítida a diferença de posturas entre a Presidenta Dilma e o Presidente Lula. Setores da mídia e alguns articulistas alertam para o dilema que vive a Presidenta em não acusar o golpe de uma possível herança maldita deixada por seus antecessor e inventor.
 
É bom que se alerte o bom senso que toda administração deixa legados e dívidas, é da natureza da ação humana fruto de apostas e equívocos. Não tenha dúvida, e me desculpem o cinismo, mas se o Belzebu assumisse o Céu iria falar, ele ou um assessor mais realista, de uma herança maldita do Todo Poderoso. Como o grande mérito da nossa Presidenta é a condição de boa gerente, podemos arriscar dizer que ela deverá tentar implementar um choque de gestão.
 
A Política Real, agência de notícias voltada para o Nordeste, revistou seus arquivos e descobriu que em meados de 2004 a Bancada do Nordeste, grupo parlamentar que atua na Câmara Federal, fez diversas reuniões para discutir alternativas para amenizar e ajudar a resolver problemas advindos da grande enchente que atingiu a região na passagem de 2003 para 2004. Á época, o ministro da Integração Nacional era o cearense Ciro Gomes e o coordenador do grupo o então deputado federal Roberto Pessoa(PFL-CE).  Os dois se davam bem naqueles idos. Passado o momento do socorro e da busca de recursos para atender aos alagados e o Estado arrasado, Ciro Gomes destacou seu secretário nacional de Defesa Civil, coronel Guimarães, para montar um sistema de alertas para catástrofes. O sistema, apuramos, foi iniciado ainda acanhado, mas tinha programação para virar algo importante para o país.
 
Agora vamos ao problema: Ciro Gomes saiu para concorrer à Câmara Federal e o seu sucessor, o então deputado federal Geddel Vieira Lima, tratou de desmontar quase tudo que Ciro fez. Atrasou a transposição do São Francisco como pôde. O sistema de alertas foi um dos primeiros a morrer de animia e fome. O gestor da Defesa Civil, um baiano, preferiu levar suas forças para outro destino. Neste momento em que ainda se conta os mortos nas enchentes do Sudeste, que segundo a ONU foi a maior calamidade que atingiu o Brasil, vimos como se pode fazer coisas mal feitas em nome da política, que acredito ser a maior atividade humana.
 
A Presidente Dilma tem a obrigação, se é boa gestora mesmo, de evitar que seus gestores, por mais importantes que sejam, assim como seus partidos, imponham ações diversas ao que foi definido como prioridade de Estado. A primeira reforma de seu Ministério deverá ser em abril de 2012 face às eleições municipais. A reforma virá de qualquer forma, gostem ou não os políticos devidamente aboletados na Esplanada dos Ministérios. Dilma poderá viver seu primeiro problema na condução da gestão.
 
Lula não soube lidar com isso. Seqüencia de gestão em áreas que não considerava fundamentais não foi seu forte.  Dilma começou bem em várias áreas. Vamos torcer que ela tenha condições de vencer este desafio de sua biografia.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Junior, jornalista