31 de julho de 2025

A sorte de Marco Maia

A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço

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( Brasília-DF) Existem assuntos no dia-a-dia do poder, especialmente em torno do Congresso Nacional, que pouco ou nada influenciam a vida do cidadão comum no Brasil e no nosso Nordeste querido.

Nesta semana terrível em que o país e o Mundo ficaram assustados com a “tragédia” que atingiu o Estado do Rio de Janeiro, se deu no Congresso Nacional uma série de movimentações típicas deste poder, que muitos desprezam, mas que tem uma importância crucial para o bem e para o mal da democracia e da República.

O grande assunto tem sido a “construção” do acordo político que vai conduzir o terceiro posto mais importante da República, que vem a ser o comando da Câmara Federal. O nome escolhido pelo partido majoritário, o deputado Marco Maia(PT-RS), tenta se consolidar como o candidato único a presidir àquela Casa. Ele e seus tenentes, capitães, decidiram formar um comitê de trabalho e estão levando adiante uma série de visitas aos Estados, principalmente no Nordeste - depois apresentarão uma proposta, assim se crê, das principais ações para o primeiro biênio da legislatura.
Tudo indica que o deputado que muitos ainda não sabem se chamam de Marco ou de Marcos( Maia) será o próximo presidente da Câmara. Nomes como Aldo Rebêlo(PC do B-SP) , Sandro Mabel(PR-GO) e Júlio Delgado(PSB-MG) estão vivendo dificuldades bem maiores do que se poderia imaginar, até então. São vários os problemas, pois o PT, ao contrário do passado está unido em torno de seu candidato , mas o maior deles é o fato do chamado “baixo clero” estar desmobilizado.
Nos últimos 12 anos o chamado baixo clero, denominação que a grande mídia deu para os deputados e senadores que pouco influenciam nas decisões do parlamento, passaram e influenciar, assim, decisivamente nas eleições dos chefes do poder, especialmente na Câmara Federal. O deputado Severino Calvacante(PP-PE) ficou famoso por esta performace. Ele substituiu outro pernambucano famoso nesta liderança, o deputado Inocêncio Oliveira(PR-PE), que preferiu seguir as regras do jogo majoritário para ficar sempre com algum cargo de direção na estrutura daquela Casa. Na última eleição da Mesa Diretoria da Câmara, o deputado, agora senador eleito, Ciro Nogueira(PP-PI), mesmo derrotado deu um calor no hoje vice-presidente da República, Michel Temer(PMDB-SP). Ciro Nogueira impressionou tanto na sua competência para lidar com os parlamentares pouco influentes que se imaginava que ele poderia fazer estragos em qualquer tempo que viesse. Ciro Nogueira saiu da Câmara e este grupo ficou sem líder.
Os nordestinos, como se vê, conseguem a proeza de mandar na cúpula e na raia miúda do Parlamento. O baixo clero está efetivamente desarticulado, não há bandeiras. A renovação na composição da Câmara foi tremenda, uma das maiores da história após a redemocratização.
Se for para valer o acordo PMDB-PT para o próximo biênio, 2012-14, quem vai lidar com um rearticulado baixo clero será o PMDB de Henrique Alves, ele que se prepare.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista