O Nordeste e o desequilíbrio
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos
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( Brasília-DF) Estamos na semana da posse do novo chefe de Estado e Governo do Brasil. Vamos logo nos acostumando com o epíteto “Presidenta”. É assim que ela gosta de ser chamada, então que seja! São muitos votos que lhe dão o direito de pedir e ser atendida. O belo ritual da democracia não se faz só com as confirmações constitucionais que a define, mas com a gentileza do poder consentido. Pois bem, agora vamos para Nordeste.
Enquanto se via a disputa interna do PSB que moveu Pernambuco e Ceará, a Bahia crescia em todos os níveis.
Caladinho, inaudível, o carioca Jaques Wagner, governador da Bahia reeleito, acaba emplacando cinco ministros: o deputado federal Afonso Florence( Desenvolvimento Agrário), Jorge Hage( Controladoria Geral da União), Orlando Silva, que é baiano mas faz política no PC do B de SP( Esportes), Mário Negromonte, deputado federal e presidente do PP baiano( Cidades) e Luiza Bairros( Promoção da Igualdade Social), que era sua secretária de Estado e milita nos movimentos negros do Estado. Além de tudo ,comemora a manutenção de José Sérgio Gabrielle, na Petrobras - baiano que deve sair da empresa para sucedê-lo no Governo da Bahia.
Não custa lembrar que Jaques Wagner elegeu nove “empregados” deputados federais. Elegeu outro senador da República e uma senadora pelo PSB de Eduardo Campos. Quando falo empregado é porque todos foram secretários de seu Governo nos últimos quatro anos. A Bahia só perde para SP em deputados federais eleitos pelo PT.
É bom lembrar que sem o Nordeste não se elege presidente da República no Brasil. Dilma fortalece o PT baiano em várias de suas tendências. Os pernambucanos terão o ministro da Integração Nacional, o presidente do BNDES e a presidente da Caixa. Os cearenses têm o Ministério dos Portos. O Piauí e o Sergipe, do senador eleito Wellington Dias, e do cumpadre de Lula, governador reeleito, Marcelo Déda, respectivamente, deverão emplacar muita gente no segundo escalão. E quase certo, postos de destaque no parlamento. Os petistas do Ceará deverão continuar controlando o Banco do Nordeste.
A força da Bahia ficou evidente, mas não deve funcionar como uma fratura para se levar adiante no Nordeste uma construção da questão da integração regional e nacional. As lideranças da região são todas entre 45 e 55 anos. Gente razoavelmente jovem. O que sai deste tom são Alagoas, Rio Grande do Norte e Maranhão. Este último é um caso à parte, os potiguares são organizados e Alagoas talvez seja o que preocupa mais. Dilma tem a seu favor que a maioria dos estados da região está sob controle de gente que sabe que não dá para levar para todos os locais uma shangrilá. Eles estão convencidos de que guerra fiscal não resolve mais.
Este aparente super dimensionamento da força dos baianos no Nordeste, e para o Brasil, não deve se confirmar na prática. Se for assim Dilma começará mal, muito mal, pois iria acirrar os ânimos das desigualdades. Não acredito!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior, jornalista
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