31 de julho de 2025

Dilma, a efígie e o Nordeste

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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( Brasília-DF) Esta será a última semana de vida legislativa do Governo Lula. Tudo indica que o orçamento será votado sem traumas. É verdade que a Comissão de Orçamento voltou a viver solavancos e não foi só os movimentos do Presidente Lula, crítico contra anunciados cortes na área do PAC para o ano que vem.

 
Ficou evidente a disputa entre o Governo Lula e o Governo Dilma sob as hostes do mesmo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A questão do Judiciário não está resolvida, depois do auto-aumento dos parlamentares ficou difícil deixar essa outra turma com a broxa no teto e sem escada. Bem, esta é tendência da semana, mas o que chamou atenção mesmo, como um farol, uma biruta, foi a fala de diplomação da presidenta Dilma Rousseff e a decisão do PT sobre o comando da Câmara Federal no próximo biênio.
 
Esses assuntos de Brasília, por vezes, não falam a todos como deveria, porém temos a obrigação de explicar. A fala de Dilma naquela sexta-feira,17, sem emoção e com uma face que parecia uma efígie egípcia( revela-me ou te devoro(sic) num contraponto ao que foi a de Lula em 2003 dão o tom das diferenças.   Naquela época Lula dizia que era um grande orgulho receber o maior diploma que um brasileiro comum poderia receber – esquecendo que já tinhas outros “diplomas” como o do SENAI e o de deputado federal constituinte. 
 
Dilma falou em honrar as mulheres e cuidar da economia. Ela era diplomada justo no dia em que o Brasil teria alcançado o recorde histórico de ter 5,7% de taxa de desemprego. Isto é célebre, meus caros; isto significa pleno emprego, um mito brasileiro e mundial. Em várias categorias profissionais e em vários locais do Brasil falta gente para ser empregada. Nosso problema é a empregabilidade fruto da fratura educacional que persiste. Lula fala de conquistas na área, mas o seu governo foi de 8 anos e só se forma alguém para o mercado em, no mínimo, 12 anos. 
 
Na questão da Câmara Federal o Nordeste teve uma grande perda. Os petistas que escolheram o deputado gaúcho Marcos Maia em detrimento de Cândido Vacareza, que é baiano, mas eleito por São Paulo, impuseram um grave golpe nos interesses dos nordestinos no futuro governo Dilma.   É verdade que o candidato da maioria dos nordestinos não era essas coisas todas, mas ele defenderia os interesses da maioria dessa gente e com eles seus pleitos para a região. A falta de capacidade articuladora do PT da Bahia foi determinante para isso – a turma de Jaques Wagner tem 10 deputados federais eleitos, a maior representação do partido fora de São Paulo.
 
No Nordeste, só os pernambucanos é que serão beneficiados, diretamente. Novamente, os guararapes vão à frente com suas carrancas do São Francisco.
 
Bom Natal a todos e vida longa.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Junior, jornalista

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