Sobre fulanização do poder
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) A confirmação da equipe econômica do futuro governo Dilma Rousseff se deu dentro do previsível.
Confirma-se uma tendência, negada pelo Presidente Lula, de que ele está intervindo fortemente na composição do governo de sua ex- ministra da Casa Civil. Não podemos dizer, e isto seria leviandade, afirmarmos que o que virá será o Lula 3 e não o Dilma 1. A saída de Henrique Meireles conseguiu agradar muita gente dentro do poder. Os petistas e até os peemedebistas. Muita gente dentro do partido não gostou como o ainda presidente do Banco Central operou para entrar no lugar de Michel Temer. Como queria se colocar como nome do partido no Ministério.
Bem, passados os primeiros momentos fica evidente que a permanência do pernambucano Luciano Coutinho no BNDES não deverá ser em vão. Não via plausível que um político pudesse tocar o banco neste início de Governo, acredito que nem no futuro, pois a instituição da Rua Chile tem um caráter, atualmente, tão importante quando de seu nascimento. A formulação, ou implementação, do perfil de desenvolvimento que o Brasil quer para a próxima geração.
Coutinho tem convicção sobre os nossos problemas. Ele sabe que nos falta engenheiros, ele sabe que o Nordeste tem que avançar fortemente nos investimentos públicos. Falando aos parlamentares do Nordeste, ele disse que era favorável que as grandes construtoras e empreiteiras brasileiras, que por acaso são nordestinas, formassem um pool com a missão gerar técnicos de qualidade e customizados. As escolas de engenharia do Brasil já não são como do passado. São poucas e nada boas. Preparam engenheiros de araque. O bom de crescimento que irá chegar ao Nordeste face as grandes obras de infra estrutura que estão em curso, e devem avançar, poderá nos jogar na impávida situação de termos que conviver, especialmente com a valorização do real,com ma grande quantidade de técnicos alemães, britânicos, americanos, holandeses e japoneses.
Especuala-se sobre o comando dos ministérios da Integração, Indústria e Comércio e Ciência e Tecnologia no próximo governo. O nosso sonho de consumo é que essas “pastas” ficassem com nordestinos com alguma sintonia com Luciano Coutinho. Não esqueçamos que o núcleo do Governo, já anunciado, é de paulistas que continuarão mandando no BNDES. Apesar de nos criticarem por que nossos políticos, em sua maioria, busquem verbas para os seus prefeitos, e nada mais, temos pessoas que pensam a região, vários até - destaco aqui o cearense Ariosto Holanda que propõe verbas estruturantes para o extencionismo tecnológico no Dnocs ou uma ação tipo mutirão com as entidades do sistema “S” ou um plano de desenvolvimento tecnológico do Nordeste. As lideranças da região têm onde beber para chegar onde devem chegar, mas precisamos de bases na estrutura do Governo Federal. A fulanização do poder não é mito, não é refúgio.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior, jornalista
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