Saúde falida
A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e
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( Brasília-DF) Todo dia a televisão mostra o caos em que se tornou a saúde pública no Brasil. Falta de tudo: médicos, medicamentos, ambulâncias, leitos, equipamentos. Pois agora o governo está torrando uma fortuna do contribuinte para tentar enganar o povo com propaganda que exibe uma irreal maravilha no atendimento desse mesmo serviço. O presidente Lula garante que nunca na história deste país a saúde pública no Brasil esteve tão excelente. Deve se referir ao atendimento dado à ministra Dilma, ao vice-presidente, aos nossos senadores e deputados e demais incomuns da Republica. Será que ele tem conhecimento de que a população pobre da periferia de Brasília está morrendo à míngua de serviços públicos de saúde? Tivesse ele a iniciativa de dar uma volta em torno dos seus palácios neste fim de semana por certo mudaria de opinião. Ontem o governo do Distrito Federal, que também gasta milhões para exibir um atendimento que não presta, confirmou: de 260 médicos aprovados em concurso para trabalhar nos hospitais da periferia de Brasília apenas 11 estão trabalhando. Todos os demais pediram demissão pouco tempo depois de assumir ou nem chegaram a tomar posse. Motivo: baixos salários, péssimas condições de trabalho e a total carência de meios. Não há remédios, leitos, instalações, material e às vezes nem papel para escrever receitas. Tem médico anotando com caneta BIC no braço do paciente o endereço de outro hospital que ele deve procurar, onde também não será atendido. Por cima de tudo isso, falta segurança, com a criminalidade galopante que toma conta de Brasília. E se isso acontece aqui, ao redor do centro do poder, já se pode ter uma idéia do que ocorre nos rincões mais distantes do país, especialmente no Nordeste na Amazônia, onde a maioria dos municípios nem tem médico, embora ofereçam gordos salários, pois estes se recusam a aceitar trabalhar sem as mínimas condições de honrar o juramento que fizeram.
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Na base
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Justamente quando o presidente Lula se tornava no primeiro presidente da Republica a comparecer a um congresso na UNE, em 71 anos, o governo liberava mais uma verba – agora de R$ 341 mil – para a entidade maior dos estudantes, que agora faz parte da base aliada. O Cara foi aplaudidíssimo. Afinal, estava pagando a conta da festa. Com a nossa grana.
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Erramos
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Dissemos aqui, no dia 5, que o ministro da Saúde contratara mais 95 companheiros, sem concurso, para a prestação dos nebulosos “serviços técnicos especializados”. Um servidor de lá nos manda cópias dos contratos de outros 12 que inadvertidamente omitimos. São, portanto, 107 os agraciados com a sinecura.
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Quantos?
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“Quando fui senador, convivi com três colegas que me impressionaram pela firmeza de caráter e de postura moral. Foram eles Luiz Viana Filho, Afonso Arinos de Mello Franco e Virgílio Távora. Além da capacidade intelectual de que eram dotados, primavam pelo respeito ético à coisa pública. É da imagem de um Senado de homens daquele calado que o país se ressente. Vale torcer para que, na renovação dos seus membros do ano que vem, ele volte a ser o do feitio daqueles homens” (Mauricio Correia, ex-ministro do STF e ex-senador, em artigo num jornal de Brasília). Quantos dos atuais senadores cabem nessa citação?
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De homem....
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O senador Mão Santa devia conter o deboche e a maneira gaiata com que preside as sessões do Senado da República. E principalmente deixar de fazer citações a Rui Barbosa. Daqui a pouco o Águia de Haia pula fora do túmulo e vem resolver de homem para homem.
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Sincero
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Não faltou sinceridade ao senador Paulo Duque, segundo suplente que não teve um só voto, ao assumir a presidência do Conselho de Ética do Senado. Foi honesto, curto e grosso e disse logo a que veio: livrar a barra e inocentar os envolvidos nos escândalos da Casa. Não é só cabelo que falta na cabeça dele.
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Castigo
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O ministério da Saúde suspendeu a liberação de verbas para o programa Saúde da Família em mais 16 municípios do Ceará, todos eles suspeitos de irregularidades no cadastro de profissionais contratados para a prestação dos serviços. Entre eles Caucaia, Aquiraz, Crateús e Jaguaribe.
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Mais uma
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O cartunista Ziraldo continua um dos maiores fregueses das verbas do ministério da Cultura. Acaba de dar mais uma mordidinha no erário, desta feita levando R$ 578 mil para custear uma temporada de apresentações de sua peça infantil “Vovó Delícia”, no Rio de Janeiro.
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Sem-terras
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Quantos companheiros sem-terra deixarão as ruas e acampamentos no Rio e São Paulo onde fazem agitação custeada pelo governo para pegar no cabo da enxada e tirar o sustento dos 10 mil 700 hectares das terras das fazendas “Arraiá Costa”, “Jaboti”, “Marinheiro e Casa Nova”, localizadas em Irauçuba, Granja e Crateús, que acabam de ser desapropriadas por Lula pára a reforma agrária que nem a ditadura com AI-5 e tudo conseguiu fazer?
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Embrião
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Em Brasília o governo legalizou a atividade dos flanelinhas, aqueles sujeitos que achacam motoristas nas ruas, a pretexto de vigiar o seus veículos. O flanelinha é, como disse o ex-prefeito Giulliani, de Nova Iorque, o criador do “tolerância zero”, um embrião das milícias, que aos poucos evolui para “tomar conta” das casas, do comercio, dos bairros, das cidades. Começou assim no Rio, em São Paulo e.... Cada vez mais a marginalidade ocupa os espaços deixados vazios pelo Estado.
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Protegida
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Seguindo o exemplo de muitos cidadãos e empresas que não confiam na proteção do Estado, a nossa Policia Federal também contrata guardas particulares armados para protegê-la de bandidos de toda espécie. Vai pagar uma empresa privada para prestar segurança armada em suas instalações em Brasília.
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por Rangel Cavalcante
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