31 de julho de 2025

Só embromação

A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e

Publicado em
( Brasília- DF)  Na reunião com o seu ministério, o presidente Lula comemorou, eufórico: a crise do Senado está superada. Para ele está tudo azul, o PMDB continua atrelado á candidatura de dona Dilma Roussef à presidência da Republica, a preço de muito dinheiro e de muita indecência. Só o nosso grande Cara não consegue entender que a crise não foi e nem será superada nunca. Apenas passa aos arquivos da história como mais uma grande farsa, típica da degeneração dos nossos costumes políticos. O senador Cristóvão Buarque definiu como apenas uma embromação, tardia e inócua, a decisão do senador José Sarney de mandar anular os atos secretos editados durante o reinado de Agaciel, Esse atos eram tão secretos que nem os senadores que deles se beneficiaram – inclusive Sarney – sabiam de sua existência. Ora, Sarney não podia mandar anular o que já é nulo de origem. Ato secreto não é anulável, pois é nulo de pleno direito e não pode gerar efeitos. A decisão, que não anulou coisa nenhuma, apenas manda que cada um desses atos seja revisto “para ver os que realmente devem ser cancelados”. Embromação, apenas. Nesta semana os senadores entram em férias. Logo ninguém falará mais nos escândalos, que serão substituídos por outros na mídia, como é de praxe no Brasil. O escândalo de hoje abafa o de ontem. No final, ninguém será demitido, salvo alguns bagrinhos. Nenhum senador será envolvido nas mutretas, o contribuinte não verá um centavo roubado de volta aos cofres públicos. Sempre foi assim. E assim será enquanto o povo brasileiro não tiver vergonha na cara e continuar elegendo esse pessoal que está aí. É bom repetir que nenhum desses políticos corruptos chegou ao Congresso sozinho. Foi colocado lá por milhares, às vezes milhões, de eleitores, que não podem alegar desconhecimento da ficha de cada um deles. Dentro de pouco mais de um ano teremos eleições parlamentares. E podem anotar que as urnas vão consagrar democraticamente figuras como Renan, Jucá, Collor, Jáder Barbalho, Maluf et caterva. Grave não é apenas o fato de os cidadãos sujarem com os seus votos a mais importante instituição da democracia que é o poder legislativo, mas a postura do presidente da República e de todo o seu governo de apoio, solidariedade a aplauso a essa demolição dos mais elementares princípios dos nossos costumes políticos. De resto, tem razão o senador Cristóvão, é só embromação.  
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De vez
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De vez em quando o presidente Lula acerta uma. Como acaba de fazer ao nomear para a Comissão de Ética Publica do país o jurista Humberto Gomes de Barros, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, sem dúvida um dos patrimônios da cultura brasileira, não apenas no campo jurídico, mas também no literário e histórico.
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Candidato
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Agaciel Maia, o ex-todo-poderoso diretor-geral do Senado já tem o caminho para a impunidade total: amigos, e ele os tem muitos, cuidam de sua candidatura a deputado federal pelo Rio Grande do Norte, onde a família dele – os Maias – é uma das duas grandes oligarquias do estado e elege até poste.
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Mina
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Os companheiros precisam saber de uma verdadeira mina de gordos empregos bem escondida lá no Rio de Janeiro. Ela fica no pouco conhecido Instituto Brasileiro de Museus. Lá estão vagos há meses mais de 40 cargos em comissão, os famosos DAS, entre os quais 4 de diretor, 11 de chefes de serviço e 23 de chefes de divisão, além de outros de assessor, assistente e auditor, para preenchimento sem concurso e sem necessidade de comprovar qualquer qualificação. É quase metade do quadro total da instituição.
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Diferença
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O governo se recusa a ajudar uma família a trazer para o Brasil os corpos de três dos seus membros mortos num incêndio em Londres, alegando não ter verba para isso. Mas não faltou dinheiro para mandar um jatinho buscar a ladra Jorgina, a do INSS, na Costa Rica, bem para trazer o bandido Salvattore Cacciola de Mônaco, num caríssimo festival de passeios de diplomatas, policiais e até do ministro da Justiça ao velho mundo.
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Estraçalho
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A Constituição Brasileira tem 250 artigos. Mas se depender dos nossos parlamentares não ficará nisso. Ela acaba estraçalhada. Pois só na Câmara dos Deputados já tramitam 1.119 propostas de emenda à carta, às quais se somam outras 393 no Senado. Isso sem se falar em mais de mil que já foram arquivadas desde 1988. 
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Única
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Os companheiros do Movimento do Sem-Terra ocuparam pela nona vez em seis anos uma fazenda em Pernambuco, a mesma onde assassinaram quatro guardas de segurança da propriedade. As autoridades não fizeram nada. O MST é a única organização terrorista do mundo com estatuto, sede e que é sustentada com o dinheiro do povo.
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Na selva
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Para cuidar cada vez melhor dos nossos índios, que morrem à míngua por falta de assistência, a FUNAI acaba de contratar mais 16 altos funcionários, sem concurso, para prestação dos famosos “serviços técnicos”. Todos vão trabalhar nos gabinetes refrigerados de Brasília, que, convenhamos, não deixa de ser uma selva.
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Logo agora
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Foi embora o filósofo Mangabeira Unger, o nosso ministro do futuro. Uma pena, sair justamente quando já estava aprendendo a falar português.
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Protegida
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Seguindo o exemplo de muitos cidadãos e empresas que não confiam na proteção do Estado, a nossa Policia Federal também contrata guardas particulares armados para protegê-la de bandidos de toda espécie. Vai contratar uma empresa privada para prestar segurança armada em suas instalações em Brasília.
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Incomum
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O presidente Lula tem razão. O senador José Sarney não é uma pessoa comum. Um cidadão comum jamais teria o privilégio de contar, como advogado, consultor ou orientador, com o jurista Saulo Ramos, cuja presença numa causa, mesmo só dando palpite, é quase uma garantia de vitóriua. E ainda mais, de graça.
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por Rangel Cavalcante.