Falta combinar com o Agaciel
A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e
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( Brasília-DF) O script do final da novela no Senado está sendo preparado. Falta apenas combinar com o “doutor” Agaciel como o chamam, respeitosamente os senadores, o fim das ditas rigorosas sindicâncias e investigações sobre os escândalos e a roubalheira no Senado, feitas para não resultarem em nada. O problema é arranjar um jeito de dar uma satisfação à opinião pública e ao mesmo tempo manter o “doutor” Agaciel calado. O homem é um arquivo vivo, uma bomba de milhares de megatons. Se abre a boca e os saco de maldades, leva de roldão boa parte dos senadores da República. Há que salvar a pele do ex-diretor geral, mesmo que tenham que chamuscá-la um pouquinho. Ele é perigoso e tem demonstrado isso, liberando a conta-gotas pequenas histórias envolvendo senadores, como ao dos dez mil dólares do Artur Virgílio, as trapalhadas dos parentes de Sarney e outras, que são apenas pequenas amostras do poder de fogo do homem que foi o todo-poderoso merecedor da confiança de todos eles nos últimos 14 anos. Em princípio a coisa é simples: Sarney tem pavor à idéia de chamar a polícia federal para apurar a sujeira na Casa. E para quem tem como principais conselheiros Renan Calheiros, Romero Jucá e Gim Argelo, pensa ter achado a fórmula mágica para livrar a cara de todo mundo. Mandou abrir “processos administrativos” contra Agaciel e Zoghbi, o ex-diretor de recursos humanos da Casa. Sabem quais são as penalidades a que estão sujeitos? Pois são estas: suspensão por até 90 dias, demissão ou cassação da aposentadoria. Esta última não se aplica aos dois, que estão ativos, aliás, ativíssimos. Assim, como se fez com o homem do Castelo na Câmara, não caberia aplicar a pena máxima, achando que enrolam a opinião pública. A questão é convencer o “doutor” Agaciel a aceitar o papel do que o ex-governador Newton Cardoso chama de “bode respiratório”, aquele que paga o pato sozinho para que os demais respirem aliviados. Ele sabe muito bem o poder de fogo de que dispõe e pode não querer cair sozinho. Deixa os senadores numa sinuca de bico. Parece até aquele história do Garrincha, que perguntava ao treinador se ele já combinara com os russos o resultado do jogo. No caso em tela, a solução já existe, pelo menos na cabeça dos conselheiros do presidente Sarney, que são mestres em escapadelas. Falta apenas combinar com Agaciel. A opinião pública, como diria aquele deputado, que se lixe.
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Frigideira
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Os companheiros estão “fritando” a secretária da Receita Federal, Lina Vieira, porque ela não consegue arrecadar mais do que o brasileiro agüenta pagar para sustentar a gastança do governo, principalmente o ócio bem alimentado de 44 milhões de pessoas que comem sem trabalhar.
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Fazer o que?
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O diplomata Miguel Júnior França Chaves de Magalhães acaba de ser nomeado nosso primeiro embaixador em São Cristóvão e Névis, um país cuja população cabe no estádio presidente Vargas e que nem mesmo consta da maioria dos mapas. Difícil vai o embaixador achar o que fazer lá, numa ilha mixuruca, que só produz coco e banana e nada tem a ver com o Brasil.
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Reforma
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O ministério da Cultura aprovou projeto da Academia Cearense de Letras para a restauração e reforma do Palácio da Luz, antiga sede do governo do Estado, no centro de Fortaleza, autorizando a entidade a captar recursos para custear as obras. As doações podem ser abatidas do imposto de renda das empresas doadoras.
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Jurisprudência
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Com a absolvição do deputado Edmar Moreira, aquele que conseguiu esconder do fisco um Castelo imenso, firma-se nova jurisprudência no legislativo: não é roubalheira um deputado usar R$ 140 mil do dinheiro público para pagar à sua própria empresa por um serviço que ela não prestou. Sua excelência torrou o equivalente mais de 300 salários mínimos, ou o que ganha um operário brasileiro em 25 anos de trabalho.
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De molho
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Por via das dúvidas, botando as barbas de molho, uma das primeiras providências do novo diretor-geral do Senado Federal, Haroldo Feitosa Tajra, foi a compra, sem licitação, de R$ 37.500,00 em munições para a Policia da Casa.
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Discreto
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Discretamente, omitindo no ato de nomeação a denominação completa dos cargos, Lula nomeou novos adidos policiais para as embaixadas do Brasil na Colômbia, Argentina, Paraguai e França. Para esta ultima o premiado foi o delegado Jorge Barbosa Pontes, ex-superintendente da PF em Pernambuco e da INTERPOL. A delegada e maratonista Miranjela Batista Leite, ex-superintendente no Tocantins, vai para Buenos Aires. Cada um tem um adido-adjunto para ajudá-lo na árdua tarefa.
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Protegida
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Seguindo oi exemplo de muitos cidadãos e empresas que não confiam na proteção do Estado, a nossa Policia Federal também contrata guardas particulares armados para protegê-la de bandidos de toda espécie. Vai pagar uma empresa privada para prestar segurança armada em suas instalações em Brasília.
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Embrião
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Cada vez mais a marginalidade ocupa os espaços deixados vazios pelo Estado. Em Brasília a governo legalizou a atividade dos chamados flanelinhas, aqueles sujeitos que achacam os motoristas nas ruas, a pretexto de tomar conta dos seus veículos. O flanelinha é o embrião das milícias, que aos poucos evoluem para “tomar conta” das casas, do comércio, dos bairros, das cidades. Começou assim no Rio e São Paulo.
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Não sabe
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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional não sabe quantos imóveis o governo tem. Será que sabe quantos cargos de “técnicos” em comissão, todos preenchidos por companheiros sem concursos? Dias atrás, só de uma tacada, o presidente mandou substituir 208 deles.
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Mania
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O negócio é terceirizar no serviço público. Em Brasília os funcionários da Terracap organizaram um coral. Pois logo a estatal contratou uma empresa privada para acompanhar os ensaios e as apresentações do grupo; A FAB contrata outra para ensinar ginástica aos seus militares. O Itamarati terceiriza a arrumação de bandeiras nos auditórios nas solenidades. E a Presidência da República tem uma empresa só para envelopar e selar as correspondências.
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Solução
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Preocupada com os estragos causados aos veículos que envia aos estados para apoio às viagens do presidente Lula, a presidência da República resolveu facilmente o problema: ao invés de mandar consertar as rodovias que estão em frangalhos por todo o país, agora manda os carros em carretas, as chamadas cegonhas, contratadas de empresas privadas.
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Merece
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Depois de participar em Paris das exaustivas comemorações do dia 12 de julho, a data nacional francesa, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, desfruta de merecidas dias de férias na Europa. Volta ao batente no início de agosto
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Rangel Cavalcante
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