31 de julho de 2025

Bahia.

Deputado escreve sobre a situação do índio na Bahia.

Publicado em

( Brasília-DF, 25/04/2006) A Política Real sempre que tem acesso divulga artigo de parlamentares nordestinos. Confira artigo do deputado Luiz Carreira(PFL-BA) em que ele analisa a condição do índio no Nordeste e na Bahia:

 

 

 

 

“ Os índios do Brasil

 

 

 

 

A comemoração do Dia do Índio, em 19 de abril, sempre nos coloca diante de um imperativo: refletir sobre a situação atual dos povos indígenas no Brasil. O cenário, neste limiar de século, constitui-se basicamente de dois temas: o ressurgimento de povos indígenas e a sua presença nas áreas urbanas. Um cenário que traz novas e antigas demandas, de igual urgência.

 

 

Estima-se que cerca de cinco milhões de índios habitavam o Brasil em 1500. Eles viviam da caça, da pesca e do plantio de milho – tendo sido, aliás, os pioneiros no consumo da pipoca, e no plantio do amendoim, feijão, abóbora, batata-doce e mandioca. Da madeira, construíam suas ocas, arcos, flechas e canoas. Da palha, faziam cestos, esteiras, redes e

outros objetos. Do barro, os utensílios domésticos. Vaidosos, usavam o urucum para pintar os corpos, e faziam ornamentos com penas, sementes, dentes e peles de animais. As tribos possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. Entre eles, não havia classes sociais, e a propriedade individual limitava-se aos instrumentos de trabalho: arco, flecha, machado de pedra e lança para arpoar.

 

 

A terra era comum, assim como a caça e a pesca. Não havia a acumulação de bens almejada pelo homem branco.

 

 

Nada disso foi respeitado. Ao chegarem, os europeus tomaram essa cultura como inferior e grosseira e trataram de iniciar sua exterminação e adaptação aos costumes ocidentais.

 

 

Nos 100 primeiros anos de colonização, o genocídio foi intensivo. Há estimativas de que, só nesse período, foram eliminados aproximadamente 70% da população nativa. Alem disso, a ação dos jesuítas, a caça e o extermínio promovidos pelos bandeirantes e a falta de

políticas que considerassem os interesses dos povos indígenas somaram-se para dizimar e segregar os primeiros habitantes desta nação. Hoje, os cerca de 300 mil índios existentes simbolizam sua resistência tenaz durante quase 506 anos. Está claro que, embora drasticamente reduzida, a população indígena aí está como prova cabal de resistência étnica.

 

 

Imperioso destacar também a contribuição valiosa ao nosso léxico, à nossa

música, ao nosso folclore, ao nosso ideário, enfim. E essas contribuições têm ganhado força.

 

 

Quem diria que a agricultura indígena tão desrespeitada durante cinco séculos despertaria o interesse da ciência? Pois é exatamente o que ocorre hoje. Diante da iminência de se buscarem formas de produção sustentáveis, o interesse se volta para os modos de cultivo desenvolvidos pelos povos indígenas. Estudos já demonstraram que o plantio consorciado é uma das alternativas mais viáveis nesse sentido.

 

 

Pesquisadores brasileiros e alemães especulam que, há cerca de mil anos, os

índios brasileiros usaram carvão de espinhas de peixe para fertilizar o solo, o que explicaria a existência de pequenas manchas de terra preta em meio aos solos vermelhos e amarelos característicos da Amazônia.

 

 

O fato é que ignorar, durante séculos, os métodos sustentáveis de

desenvolvimento social e ambiental dos índios tem custado a degradação do nosso meio ambiente. Estabelecer um processo de reversão é o grande desafio do Brasil atual. Vamos ter de reaprender com os povos indígenas a redimensionar o valor da terra.

 

 

Segundo avaliação da Funai, mais de 90% dos brasileiros reconhecem hoje a

importância de demarcar todas as terras indígenas, de respeitar a cultura das diversas etnias e de promover o seu bem-estar e a sua sobrevivência.

 

 

Por fim, uma boa notícia é a constatação de que a população indígena brasileira

está em plena expansão demográfica, política e territorial. Pesquisas recentes indicam que apenas no estado da Bahia há atualmente cerca de 25 mil índios espalhados por cerca de doze tribos. Entre 1993 e 1994, a estimativa era de 22 mil. Os números são do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia, obtidos por meio do Programa de Pesquisa sobre os Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (Pineb), que estuda há 34 anos os hábitos das comunidades indígenas da região. Aliás, orgulha-me dizer que a Bahia tem sido expoente da resistência indígena.

 

 

A resistência indígena baiana consolida-se na criação do Fórum de Educação

Indígena na Bahia, que abrange onze povos: Tuxá, Xukuru-Kariri, Kantaruré, Pankararé, Tumbalalá, Pankaru, Kiriri, Kaimbé, Pataxó, Pataxó Hã-hã-hãe e Tupinambá.”

 

 

 

 

 

 

( da redação com informações do Informativo do PFL)