Bahia.
Deputado Josias Gomes (PT-BA) dá depoimento no Conselho de Ética; O ex-presidente do diretório do PT baiano tinha convicção de estar recebendo dinheiro do diretório nacional e não da SMP&B.
( Brasília-DF, 06/12/2005) O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados ouviu na tarde de hoje depoimento do deputado Josias Gomes (PT-BA). Ele está sendo investigado por ter seu nome citado na lista de sacadores de dinheiro proveniente da SMP&B, no Banco Rural. O deputado Josias Gomes disse que como presidente do Diretório do PT da Bahia fez o intermédio de 100 mil reais do Diretório Nacional para quitar dívidas de campanhas de candidatos baianos. “Não recebi dinheiro para uso pessoal, intermediei dinheiro para candidatos da Bahia. Nunca imaginei que este dinheiro não fosse do Diretório Nacional do partido”, declarou Josias Gomes.
O deputado afirma que se reuniu com Delúbio Soares algumas vezes no primeiro semestre de 2003 pedindo recursos para quitar dívidas de políticos baianos e para o próprio diretório do PT no Estado. Segundo ele, em setembro de 2003, em reunião no Diretório em Brasília, Delúbio repassou 50 mil reais, para pagar dívidas de candidatos de 2002. E posteriormente, por indicação do tesoureiro Delúbio, foi sacar mais 50 mil no Banco Rural para os mesmos fins. “Não contabilizei esse dinheiro no Diretório da Bahia, pois fui intermediador de políticos baianos. Os candidatos que tinham que prestar contas do dinheiro gasto para o diretório nacional”, disse ainda Josias.
O ponto mais polêmico do depoimento foi sobre a declaração do deputado que foi sacar dinheiro no Banco Rural apenas uma vez, no dia 18 de setembro. Anteriormente ele fora buscar o dinheiro no próprio diretório. Os documentos enviados para a CPI pelo Banco Rural constam duas visitas do deputado ao banco para saque de 50 mil reais, nos dias 11 e 18 de setembro.
Outro motivo contraditório do seu depoimento diz respeito a um documento de recibo enviada pelo Banco Rural com assinatura de Josias Gomes onde havia escrito a procedência do dinheiro, vindo da SMP&B. O deputado relata que somente assinou no banco a xerox do seu documento e por isso havia pedido uma inspeção da Polícia Federal nos outros documentos para averiguar a possibilidade de montagem. “Quero deixar bem claro que não sabia que esse dinheiro era da SMP&B. Eu tinha convicção que o dinheiro vinha do Diretório Nacional.
Durante o Conselho o deputado Josias se disponibilizou a fornecer suas contas de telefone e bancárias para o relator. Ao ser questionado sobre não ter desconfiado dos procedimentos informais da transação de dinheiro Josias Gomes disse que confiou no seu partido e se sente traído. “Me senti perplexo e indignado quando vi meu nome na lista de Marcos Valério. Tenho 25 anos de vida pública e fico muito aborrecido com o que aconteceu. Espero que se faça justiça”, afirmou o petista.
( por Liana Gesteira)