31 de julho de 2025
NEPAL

Cai Governo do Nepal; protestos tomaram de conta do país contra a corrupção e um bloqueio de redes sociais imposto pelo governo

Nepal vem sendo palco de uma onda de violência sem precedentes que deixou ao menos 25 mortos e mais de 100 feridos desde segunda-feira ,08

Por Política Real com agências
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Manifestantes no Nepal atacaram e incendiaram as casas do presidente, do primeiro-ministro e de outros ministros do Nepal Foto:X With love Bikar

Com agências

(Brasília-DF, 09/09/2025) O primeiro-ministro do Nepal, Khadga Prasad Oli anunciou que estava renunciando, "com o objetivo de dar novos passos em direção a uma solução política".  Ele tomou tal procedimento pois o Nepal vem sendo palco de uma onda de violência sem precedentes que deixou ao menos 25 mortos e mais de 100 feridos desde segunda-feira ,08, após o início de protestos em massa contra a corrupção e um bloqueio de redes sociais imposto pelo governo.

O caos subsequente resultou em ataques físicos contra políticos e incêndios em prédios e residências oficiais

Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram a capital Katmandu tomada pelo barulho de sirenes e colunas de fumaça, enquanto a violência se espalhava rapidamente para outras cidades do país.

A escalada de violência nesta terça-feira foi marcada ainda por um ataque incendiário contra a casa do ex-primeiro-ministro Jhalanath Khanal. Um site local afirma que a esposa do político, Rajyalaxmi Chitrakar, teria morrido queimada no ataque.

A residência privada do premiê Oli também foi incendiada, assim como vários edifícios oficiais, incluindo o parlamento, o gabinete da presidência e a sede do Supremo Tribunal.

Em outras cenas violentas, o ex-primeiro-ministro Sher Bahadur Deuba e sua esposa, a ministra das Relações Exteriores Arzu Rana Deuba, foram agredidos em sua residência. Ministros foram evacuados em helicópteros do Exército e levados para um quartel militar após o assalto às suas casas.

O presidente do país, Ram Chandra Poudel, aceitou a renúncia do Primeiro Ministro. O chefe de Estado apelou aos manifestantes para que entrassem em diálogo para encontrar uma solução pacífica e impedir uma nova escalada e nomeou Oli para liderar um governo interino até que um novo governo fosse formado.

Sharma Oli, que também é chefe do Partido Comunista Nepalês, iniciou no ano passado seu quarto mandato como primeiro-ministro, depois que seu partido integrou uma coalizão de governo junto com o Congresso Nepalês, de centro-esquerda.

Descontentamento popular

O descontentamento não tem parado de crescer naquele país de 30 milhões de habitantes devido à instabilidade política, à corrupção e ao baixo crescimento econômico.

A faixa etária entre 15 e 40 anos representa 43% da população, de acordo com estatísticas oficiais, e o desemprego ronda os 10%. O PIB per capita é de apenas 1.447 dólares, segundo dados do Banco Mundial.

O Nepal se tornou uma república federal em 2008, após uma longa guerra civil e um acordo pelo qual os maoístas entraram no governo e a monarquia foi abolida.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos pediu diálogo e disse estar "consternado" com a escalada da violência. "É importante que as vozes dos jovens sejam ouvidas", declarou Volker Türk em comunicado.

O que motivou os protestos?

As manifestações começaram na segunda-feira. O estopim foi a proibição de 26 plataformas de mídia social pelo governo, que afirmou que elas não estariam cumprindo as novas regulamentações estatais. O banimento atingiu plataformas populares como Instagram e Facebook.

Na segunda-feira, manifestações lideradas por jovens indignados com o bloqueio das redes sociais tomaram conta da capital do país, e a polícia abriu fogo contra a multidão, matando 19 pessoas.

No princípio, os protestos pareciam estar focados na proibição das redes sociais, com os manifestantes a entoarem cantos como: "Acabem com a corrupção, não com as redes sociais."

Mas com a suspensão do bloqueio na manhã desta terça, a agitação se manteve, refletindo uma frustração muito mais ampla, com acusações de corrupção contra a elite política do país.

( da redação com AFP, AP, EFE e DW. Edição: Política Real)