Israel ataca Catar, aliado do Ocidente, para atingir membro do Hamas; medida é amplamente condenada por líderes no Mundo, mas Donald Trump só diz que não haverá novo ataque em Doha
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Com agências
(Brasília-DF, 09/09/2025) Numa ação inédita, nesta terça-feira, 09, Israel lançou ataque contra membros do grupo Hamas que se encontravam em Doha, no Catar, país aliado do Ocidente.
“O exército e a agência de segurança interna israelense [Shin Bet] realizaram um ataque direcionado contra líderes do alto escalão da organização terrorista Hamas”, informaram as Forças de Defesa de Israel (FDI). Um oficial militar confirmou a operação em Doha, denominada “Cúpula de Fogo”, e disse que foi realizada mediante bombardeios aéreos.
Nuvens de fumaça subiam de um posto de gasolina, ao lado do qual há um pequeno complexo residencial que alojava membros e negociadores do Hamas no Catar.
Uma hora após o ataque, ambulâncias e pelo menos 15 policiais e veículos do governo sem identificação ocupavam as ruas ao redor do local da explosão.
Fontes do Hamas relataram que as autoridades do grupo que integram a equipe de negociação do cessar-fogo sobreviveram ao ataque, mas que pelo seis pessoas morreram. Entre os mortos está Himam al-Hayya, filho do principal negociador do Hamas, Khalil al-Hayya.
O ataque ocorre apenas dois dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter instado os líderes do Hamas a considerarem seriamente o seu mais recente plano de cessar-fogo para Gaza.
Agora, o ataque israelense arrisca elevar as tensões e afastar ainda mais a possibilidade de uma solução negociada para a guerra em Gaza. Essa é a primeira vez desde o atual conflito no Oriente Médio que Israel executa um ataque em território de um país diplomaticamente próximo do Ocidente. O Catar é um dos aliados mais importantes dos EUA na região e abriga a maior base militar americana no Oriente Médio, com cerca de 10 mil soldados
Catar condena ataque como "covarde"
O porta-voz militar israelense, Coronel Avichay Adraee, afirmou que o ataque foi realizado pela Força Aérea de seu país. Autoridades israelenses disseram que o bombardeio tinha como alvo os principais líderes do Hamas, incluindo Khalil al-Hayya, o líder exilado de Gaza e principal negociador do grupo.
O Catar, que atuou como mediador ao lado do Egito nas negociações para um cessar-fogo durante os quase dois anos da guerra em Gaza, condenou a ação como "covarde". O porta-voz do Ministério do Exterior catari, Majed al-Ansari, criticou o que chamou de "violação flagrante de todas as leis e normas internacionais".
O Catar "não tolerará esse comportamento israelense imprudente e a contínua perturbação da segurança regional, nem qualquer ato que vise sua segurança e soberania", acrescentou al-Ansari.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também condenou o ataque. "Condeno os ataques israelenses no Catar – uma clara violação da soberania e integridade territorial do país. O Catar desempenhou um papel positivo para alcançar um cessar-fogo e a libertação de todos reféns. Todos devem trabalhar para alcançar um cessar-fogo permanente, não destruí-lo", disse Guterres.
Vários governos mundo afora condenaram o ataque, entre eles os do Reino Unido, Canadá, Emirados Árabes Unidos, França, Espanha e Alemanha.
O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, divulgou um comunicado afirmando que conversou por telefone com o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani.
O texto diz que Merz elogiou os esforços de mediação do Catar para um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns do Hamas. O líder alemão ainda afirmou que a violação da soberania e integridade territorial do Catar pelo ataque israelense de hoje é inaceitável e que a guerra não deve se espalhar por toda a região.
Já a reação dos EUA, aliado tanto de Israel quanto do Catar, foi dúbia. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o ataque "não promove os objetivos de Israel nem dos Estados Unidos", mas que "eliminar o Hamas é um objetivo louvável".
Depois, o presidente Donald Trump fez postagem em sua conta na rede sociais Thuph social criticando Israel e Benjamin Netanyahu e que novo ataque não mais acontecerá.
“Esta manhã, fui notificado pelo Exército dos Estados Unidos de que Israel estava atacando o Hamas que, muito infelizmente, estava localizado em Doha, a Capital do Catar. Esta foi uma decisão tomada pelo Primeiro-Ministro Netanyahu, não foi uma decisão tomada por mim. Bombardear unilateralmente dentro do Catar, uma Nação Soberana e Aliada próxima dos Estados Unidos, que está trabalhando muito arduamente e corajosamente assumindo riscos conosco para intermediar a Paz, não avança os objetivos de Israel ou da América.
No entanto, eliminar o Hamas, que lucrou com a miséria daqueles que vivem em Gaza, é um objetivo digno. Imediatamente instruí o Enviado Especial Steve Witkoff a informar os cataris sobre o ataque iminente, o que ele fez, porém, infelizmente, tarde demais para impedir o ataque. Eu vejo o Catar como um forte Aliado e amigo dos EUA, e me sinto muito mal sobre o local do ataque. Quero que TODOS os Reféns, e os corpos dos mortos, sejam liberados, e que esta Guerra TERMINE, AGORA! Também falei com o Primeiro-Ministro Netanyahu após o ataque. O Primeiro-Ministro me disse que ele quer fazer a Paz.
Eu acredito que este infeliz incidente poderia servir como uma oportunidade para a PAZ. Também falei com o Emir e Primeiro-Ministro do Catar, e agradeci a eles por seu apoio e amizade ao nosso País. Eu assegurei a eles que tal coisa não acontecerá novamente em seu território. Instrui o Secretário de Estado, Marco Rubio, a finalizar o Acordo de Cooperação em Defesa com o Catar. Obrigado por sua atenção a este assunto!“
( da redação com informações da DW, DPA. Edição: Política Real)