Nordeste e o BNB.
Roberto Smith diz que Crescer Nordeste já aplicou 1,5 bi; BNB estaria repassando recursos para outras instituições e poderá operar em infra-estrutura, breve.
( Brasília-DF,16/06/2004) O presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, disse que o balancete de junho do BNB deverá confirmar - aprovados para aplicação e prontos para desembolso – de R$ 1,5 bilhões do “Crescer Nordeste”. A meta de R$ 3 bilhões deverá ser atingida, garantiu ele aos deputados na audiência pública organizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, da Câmara Federal. Smith disse que além dos R$ 1,5 bi já prontos para serem emprestados, há uma demanda de projetos para serem analizados da ordem de R$ 4,2 bilhões. Segundo o presidente do Banco além dos contratados, da demanda de projetos encaminhados mas ainda não analisados, existiria uma busca que poderia chegar a R$ 9 bilhões. Ele garantiu que o Banco tem como meta de resgate de empréstimos oferecidos da ordem de R$ 1 bilhão. De recursos do FNE só seria os R$ 3 bilhões do “Crescer Nordeste”.
O “Crescer Nordeste” foi lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 17 de março deste ano. Smith foi convidado a dar explicações na Comissão da Câmara face solicitação dos deputados José Machado(PFL-SE) e Inácio Arruda(PC do B-CE). Ele também explicou sobre o repasse, pelo Banco do Nordeste, de recursos do Fundo Constitucional do Nordeste, FNE, para outros bancos, tantos estaduais como privados. A medida foi decidida face portaria do Ministério da Integração( Portaria nº 616/2004, do M.I), que gerencia os recursos do FNE. Smith fez uma apresentação aos deputados e depois respondeu perguntas dos parlamentares. A audiência durou 3 horas, das 11 hs 40 às 14hs e 40.
“INTERVENÇÃO BRANCA “- Roberto Smith fez uma relato sobre a atuação do “Banco Nordeste” nos últimos anos e foi logo dizendo que “não tinha por hábito demonizar a administração anterior mas reconhecia que na área de recursos humanos a prática foi ‘não-adequada’”. Ele disse que a decisão de não se emprestar, tomada pelo banco nos anos 90 e no início do novo século, se deu face a uma “intervenção branca” instalada pelo Ministério da Fazenda entre os anos de 1.998 até novembro de 2.002. Ele explicou os motivos da intervenção.
Em meados de 1.998 ficou evidente que o alto nível de inadimplência detectado nos balancetes e balanços impunham uma mudança de atitude. A inadimplência chegou a 56%. Após 1.998 o banco passou a ser responsabilizado por 50% de todos os créditos emprestados e passou a fazer uma análise de crédito restritiva, onde a proposta deveria ter um nível de resgate da ordem de adimplência A ou AA - o que fosse colocado abaixo disso iria direto para um nível C que obrigava o banco a ter que pagar uma taxa de risco de 9% do total contratado. Há informações de que o banco chegou a ter até R$ 3,5 bilhões mas em 2.002 o banco só emprestou R$ 254 milhões. Smith não contraditou que o banco tivesse chegado a ter tantos recursos para contratação mas confirmou o que já é de conhecimento geral, os baixos recursos emprestados em 2.002.
Smith informou que agora as coisas mudaram e o banco corre o risco de ficar sem recursos para emprestar. Ele disse que ano que vem, para compensar a possível falta de recursos, já teria sinalizado para o BNDES que o “Banco Nordeste” pretende passar a operar com recursos do FAT . Ele informou que o banco já estão operando os R$ 550 milhões do Pronaf A e que no ano que vem vai operar com R$ 650 milhões do Pronaf B além dos R$ 850 milhões do Plano Safra que serão operados no segundo semestre deste ano e no primeiro semestre de 2.005.
FNE E OS BANCOS – Smith disse que face portaria do Ministério da Integração que permite repasses, como o FNE, para outras instituições bancárias já estaria operando ou em face de operação com Bradesco, Unibanco, Votorantim, Banco Santos, BASA(BEM), Banco Rural, BMC, BIC Banco , Fator, Arbi, Banese e DESENBAHIA. Ele destacou que a operação do BASA(BEM) se deve ao repasse de recursos do FNE para serem operados pelo banco congênere do Norte do Brasil face ao fato do Maranhão ter regiões onde o Banco do Nordeste tem atuação mas não tem capilaridade bancária e funcional.
No caso do Banese, o banco teria a maior estrutura no Estado do Sergipe. O deputado Machado que disse estar satisfeito com a “ nova condução “ que se dá ao Banco do Nordeste informou, também, que o BNB não deveria repassar para bancos privados mas destinar mais para bancos como o Banese que chegam a ter 76 unidades bancárias enquanto todo o estado do Sergipe só tem 73 municípios. Na empresa de fomento da Bahia, a DESENBAHIA, o BNB estaria repassando o FNE. Nos bancos privados, Smith esclareceu que a maioria do repasse é para “ expansão de mercado” com recursos do BID. Ontem, Enrique Iglesias, do BID, disse à Politicareal que não faltarão recursos do Banco para o setor privado.
MP PARA OPERAR EM INFRAESTRUTURA – Em resposta ao deputado Inácio Arruda(PC do B-CE), que gostaria de saber se o banco poderia operar em grandes empreendimentos de infra-estrutura, junto com as iniciativas que envolvem parcerias público privadas, as PPP’s, que estão em fase final de formulação no Congresso - Smith disse que tudo poderia ser resolvido por uma Medida Provisória que estaria em fase final de preparação dentro do Governo e já teria o aval do Ministério da Fazenda e do Ministério da Integração. Pela proposta de MP o Banco poderia operar em contrações e captações onde um estatal estivesse participando.
Por determinação legal, desde o processo de desestatização dos anos 90 o Banco ficou prodibido de operar como banco de investimento. Segundo Smith a diretoria do Banco que está com ele na condução da instituição já estaria pronta e mobilizada para captações e investimentos. Seria também necessário a edição de uma MP que permitisse que o banco criasse uma subsidiária o BNB Investimentos.
( Por Genésio Araújo Junior)