31 de julho de 2025

PPS e o Governo

Roberto Freire diz que Partido oferecerá idéias e não sairá da base; Nordeste ficou de fora - ele nada falou sobre políticas regionais.

Publicado em

(Brasília-DF,25/05/2004) O presidente do PPS, deputado Roberto Freire(PE), disse que seu Partido não deseja sabotar o governo federal e que apresentará um documento com idéias para o Governo melhorar e que os ex-comunistas não sairão da base de sustentação do Governo no Congresso. Na conversa que teve ontem, 24, à noite com jornalistas no “Roda Viva” da Tevê Cultura, em São Paulo, ele destacou erros do governo, como a falta de plano para mudar o pais, o assembleísmo e a paralização, porém salientou o compromisso com as reformas e disse que Ciro Gomes está na Integração por vontade presidencial. Ele não falou sobre política de desenvolvimento regional, pasta controlada por Ciro. A Agência Politicareal enviou pergunta neste sentido mas a coordenação do programa não abriu para perguntas, além dos jornalistas convidados.

 

Ele criticou a distribuição de cestas básicas “ em Guaribas”, no Piauí, sugerindo que isso seria populismo e não oferecer idéias que ajudem a mudar a política econômica. Ele sinalização que entre as idéias a serem apresentadas em documento ao presidente Lula estariam o alongamento do perfil da dívida e não a redução do superávit primário. Roberto Freire disse que o documento a ser apresentado pelo PPS será assinado por toda a Executiva, do qual fazem parte a senadora Patrícia Sabóia e o ministro Ciro Gomes. Os últimos documentos apresentados pelo PPS, como a crítica ao novo mínimo, foram assinadas por Freire que dessa vez, no documento similar ao que o PL apresentou recentemente e foi duro com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles – pretende dosar com a média do pensamento do Partido, reconheceu.

 

NADA CONTRA - “Não queremos sabotar o governo do PT, mas discordar é fundamental”. Com esse tom, o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire, fez várias críticas ao governo Lula e apontou, na noite de ontem, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, para a necessidade de mudanças de rumo não só na política econômica, que considera equivocada, mas no modelo de gerenciamento da estrutura do estado brasileiro. Freire citou como erros do PT a cultura do assembleísmo, que acaba provocando paralisia na tomada de decisões, a falta de um programa efetivo de governo e a inexistência de um projeto estratégico para o país.

 

Durante quase duas horas de entrevista, o presidente do PPS falou sobre a necessidade de mudança na política econômica - "apontada pelo PPS já em junho de 2003, quando o governo tinha maior capital político para fazê-la" - e revelou as linhas gerais de um documento recheado de propostas que o partido entregará em breve ao presidente Luis Inácio Lula da Silva. Ponderando que o país tem pouca margem para trabalhar na área econômica, já que está totalmente atrelado à dívida, Freire apontou para a possibilidade de se trabalhar melhor com as variáveis estabelecidas para a inflação e com a taxa de câmbio. Também defendeu a renegociação da dívida e alertou que hoje o país vem sofrendo pressão para diminuir o prazo de seu pagamento.

 

Sem mudar, afirmou Freire, o país não terá perspectiva de crescimento. “Não queremos aqui chutar o pau da barraca ou dar nenhum cavalo de pau, mas não podemos mais ficar subalternos aos interesses do mercado, ao mesmo tempo em que o poder de compra de nossas famílias vai se esvaindo”, disse. O deputado defendeu ainda a implantação de uma política justa para o aumento do salário mínimo como forma de melhorar a distribuição de renda no país. “Não é dando R$ 50 reais por mês que vamos distribuir renda. Isso se faz desde a implantação da República e nunca vi dar certo. Pelo contrário, só tem perpetuado os bolsões de pobreza”, afirmou, ao criticar os programas compensatórios do governo Lula, como o Fome Zero, que para ele são o reflexo da falta de um plano estratégico para o país que possibilite uma efetiva redistribuição de renda.

 

Como acertos do governo, Freire apontou a coragem de realizar as reformas estruturais. “Apesar de equívocos e recuos nas reformas tributária e previdenciária, que caminham apenas para ajustes, o governo acenou com a intenção de mudar”. Para o deputado, será preciso, “e o PT já entendeu isso”, ampliar esse trabalho com atenção para as reformas política, trabalhista, sindical e administrativa.

 

Base e Governo -A forma de negociação do Planalto com o Congressso também foi alvo de críticas. A manutenção do sistema de liberação de emendas, sempre às vésperas de votações importantes, aliado à distribuição de cargos – analisa Freire – não só manteve a prática do fisiologismo no meio político, como “ressuscitou oligarquias políticas que já estavam caindo no ostracismo”. Para ele, isso restabeleceu o clientelismo amplamente criticado pelo PT no passado. “Precisamos acabar com esse sistema de liberação de emendas e adotar o orçamento impositivo pois, hoje, a liberação de emenda não segue nenhum plano estratégico para o país”, sugeriu.

 

Indagado porque o PPS, tão crítico, não sai da base do governo, Freire respondeu: “Seria muito cômodo sair e criticar sem compromisso. Não saímos porque estamos apegados a cargos ou a um ministério, cujo ministro (Ciro Gomes) foi convidado pelo presidente e não indicado pelo partido, mas porque temos responsabilidade com o país e com um projeto que apoiamos no segundo turno. Se ele não está dando certo, temos o dever de criticar e sugerir mudanças. Até dentro do PT muitos setores estão contestando essa política. Se não aceita nossa crítica, o que o PT pode fazer? Me expulsar é que não pode”.

 

( da redação com PPC e informações da TV Cultura)