31 de julho de 2025

Agricultura e Nordeste.

Bancos oficiais foram criticados por trabalharem contra Lula; BNB “reconhece problemas” e diz que a culpa é do governo anterior – Ciro Gomes disse que não aceitava recados

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( Brasília-DF,27/05/2004) Os bancos oficiais que atuam no setor primário foram apontados pelos deputados da Comissão de Agricultura, durante a audiência pública da manhã-tarde desta quinta, como agentes que colaboram para que  o Governo e o próprio presidente Lula venham perdendo popularidade no Nordeste, especialmente.  O ministro Ciro Gomes disse aos deputados que não iria dar recados ao Presidente. Pedro Eugênio Toledo Cabral, que representou o BNB, disse que reconhecia  problemas na relação com os clientes do setor mas que o desempenho no primeiro ano do governo Lula no banco era recorde no atendimento do Pronaf e que os problemas que “ ainda existiam”  decorriam da paralização a que o banco teria sido jogado durante a administração anterior.

 

 

O presidente anterior do BNB, Byron Queiróz, foi indicado e bancado por anos pelo hoje senador Tasso Jereissati(PSDB-CE), famoso aliado e amigo do ministro da Integração. Ciro Gomes disse aos deputados que tem diferenças com a administração do banco mas que não achava justo que se fizessem, ali, uma exposição das mesmas. A Integração comanda os recursos do Fundo Constitucional, FNE, mas o controle do BNB é do Ministério da Fazenda. A indicação da maioria  da direção do Banco foi feita pelo Ministérios da Fazenda e Casa Civil.

 

 

CIRO GOMES –  O ministro da Integração se exaltou quando deu respostas a alguns deputados. Os deputados Heleno Silva (PL-SE) e Júlio César  de Carvalho Lima(PFL-PI) criticaram ,duramente, o Banco do Nordeste e o presidente Lula. O parlamentar sergipano, que chegou a ser aplaudido pelos presidentes de federações de agricultura que se fizeram presentes, disse que  a falta de atenção do Banco do Nordeste com os agricultores era tão grande que estava fazendo com que o prestígio do presidente Lula estivesse caindo no Nordeste por conta dos “gerentes desatenciosos e que mal tratam os agricultores”   Já o piauiense  Júlio César Lima, disse, apesar de admirar o ministro, que discordava quando ele comparava, e o fez novamente na audiência, o presidente Lula ao presidente Jucelino Kubstichek. Ele alegou que a forma como o Governo tratava o Nordeste,  a desatenção que o BNDES tratava a região, era motivo para não compará-lo com o ex-presidente – Carvalho Lima disse que no primeiro ano do governo uma empresa do Sudeste(a Embraer) recebera quase três vezes mais que toda a região Nordeste recebeu de investimentos.  Ciro não se calou e foi duro na resposta aos parlamentares.

 

 

Ele exigiu respeito do deputado sergipano e disse que não iria dar recado ao presidente ,recomendando,  no seu estilo, que ele procurasse o Vice-Presidente ( José de Alencar) que era seu correligionário e mais próximo de Lula. Heleno em resposta disse que não desejava ofendê-lo mas pedia ajuda – “ nos ajude Ministro. Nos ajude”, voltou a ser aplaudido – ele disse que votou em Ciro e depois em Lula.  Quanto ao deputado Júlio César, disse que o parlamentar cometia um equívoco, mas que mesmo assim desejava construir uma amizade com o parlamentar piauiense.  Em sua visão ele não comparou Lula com JK mas disse que “observava um comprometimento com as demandas nacionais” comparável com a de JK e que só o transcurso do Governo, e as realizações,  poderiam sedimentar esse entendimento – “ O senhor não entendeu o que foi dito!” , disse o ministro. Quanto ao apoio do BNDES a uma política de exportações ele disse que era uma decisão macroecoômica e que o resto era um equívoco dos próprios nordestinos e que a Nova Sudene, com recursos, ajudaria a mudar as bases do problema da região.

 

 

Os deputados Nélio Dias(PP-RN), Athos Avelino(PPS), B. Sá(PPS-PI), Ribamar Gomes(PSB-MA), Carlos Dunga(PTB-PB), Benjamim Maranhão(PMDB-PB), Osvaldo Coelho(PFL-PE) , João Grandão(PT-MS) e outros deputados de outros estados fora do Nordeste, também falaram.

 

 

Ciro Gomes disse, ao final, que não tinha nada contra os deputados e que foi incisivo nas respostas aos parlamentares pois não aceitava que se atingisse o presidente da República sem uma resposta à altura. Ele afirmou estar  encantado com a vida parlamentar.

 

PEDRO EUGÊNIO – O diretor de Controle do BNB, Pedro Eugênio Toledo Cabral, que foi deputado pelo PPS de Pernambuco,  e representou o presidente Roberto Smith que está fora do país em missão oficial, disse aos parlamentares que o banco investiu R$ 1 bilhão no último ano , só no FNE, e que esses números eram controlados pela Integração. Só no Pronaf, o Banco teria investido, com recursos do FNE, “ algo em torno de R$ 500 milhões” , e que o Governo, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário, MDA, teria destinado R$ 5 bilhões ao programa no ano passado.

 

 

- Nossa aplicação de Pronaf foi recorde, comparada com os últimos anos.

 

 

 

 

Os deputados Nélio Dias, Benjamim Maranhão e Heleno Silva criticaram duramente o banco. O deputado João Grandão(PT-MS) e Ribamar Gomes(PSB-MA) preferiram criticar o Banco do Brasil. Todos com o argumento de que os gerentes ou não queriam atender por arrogância ou desatenção ou os bancos eram orientados neste sentido. Alguns acusaram o Banco do Brasil de ser ainda mais intransigente, como disse João Grandão. O deputado Osvaldo Coelho(PFL-PE) disse que o BNB estava cometendo uma ilegalidade ao não levar adiante o “Plano Caatinga”, que combatia a dessertificação e que não vinha sendo cumprindo mesmo depois de uma decisão do Senado Federal em aprovar financiamento internacional, japonês. O diretor da Contag, Francisco Lucena, e Torres de Melo Filho, vice presidente da CNA, também questionaram informações e ações do Banco

 

 

 

 

Pedro Eugênio disse que os problemas que o banco tem no atendimento do setor podem estar existindo face a paralização nos empréstimos a que o banco passou nos últimos anos, porém disse que não poderia, ele e o Banco, aceitar todas as denúncias que surgem contra os gerentes e agendes de desenvolvimento pois em muitos casos já foi verificado que alguns clientes desejam desarticular alguns gerentes. Ele não negou eventuais problemas que acabam sendo supervalorizados. “ Havendo problemas devemos ser informados para que averiguemos!”, disse.

 

 

O deputado Nélio Dias(PP-RN), um dos autores da convocação da audiência pública, disse que acreditava na nova administração do banco:

 

 

- Eu acredito na nova administração(do Banco)e torço para que eles conduzam o banco a um bom rumo! – disse.

 

 

 

 

Respondendo a Osvaldo Coelho, ele afirmou que o banco tinha decidido usar recursos do FNE para combater a dessertificação a que se presta o “ Plano Caatinga” , e  que o projeto dos japoneses do J. BIG, OCCD, ficou paralizado por 8 anos face a uma decisão do banco que tinha engavetado com o argumento de que tinha um problema técnico de gestão da iniciativa.

 

 

Pedro Eugênio disse que desejava o apoio do deputado pernambucano para funcionar como um patrono da retomada da iniciativa e que a instituição japonsesa estava,” naquele momento”,  no banco, na sede em Fortaleza, retomando a iniciativa e ajustando o impasse tecnológico exigido nos termos do acordo internacional de cooperação.

 

 

- A administração anterior foi a responsável pelo engavetamento do acordo.  Aproveito para renovar o compromisso com a região e de que o Banco está pronto para cumprir suas obrigações constitucionais e que a administração anterior, que acompanhei como parlamentar, nunca aceitou participar de audiências públicas, dando satisfações como fazemos agora” , disse o diretor.

 

 

 

 

 

 

( da redação)