Bahia.
Deputado baiano diz que a violência cresceu 180% em seu Estado.
(Brasília-DF,20/05/2004) O deputado Fernando de Fabinho(PFL-BA) está muito preocupado com a violência em seu estado. Ele tem publicado um artigo no “Informativo do PFL”, na Câmara, nesta quinta, em que destaca o crescente da violência num descompasso das autoridades para combatê-la. Segundo ele destaca, na Bahia, a violência cresceu 180 % nos últimos tempos e falta as autoridades gasolina para abastecer as viaturas que perseguem os criminosos
Confira o artigo na íntegra.
“Violência crescente
A síntese de indicadores sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 13 de abril, desnuda um país dilacerado por prolongada guerra interna não declarada. N os últimos 20 anos, entre 1980 e 2000, esse conflito insano já produziu mais de dois milhões de mortes. A maioria por armas de fogo, que, a partir da década de 80, superaram os acidentes de trânsito como principal causa de óbitos violentos entre os
brasileiros.
Os homicídios no Brasil aumentaram 130% em duas décadas, as maiores vítimas estão entre os jovens, com idade entre 15 e 24 anos. A amplitude dessa tragédia revela-se
na constatação de que no Rio de Janeiro, na abastada região Sudeste, e em Pernambuco, no empobrecido Nordeste, situam-se os dois maiores pólos de violência do País. Entre esses dois pontos, embora com índices gerais menores que os dos campeões, a Bahia reproduz o modelo nacional, com a marca de 20.051 homicídios em duas décadas.
O Brasil continua injusto e violento. Governo e elite preferem esconder os fatos, recusando-se a encarar e resolver o gravíssimo problema. A realidade aparece sem retoques nos números da síntese do IBGE. O alto índice de mortes supera o número de genocídios de guerras mais sangrentas, como as do Vietnã, Afeganistão ou Iraque.
Ao tempo em que se facilita o acesso à arma de fogo, dificultase o acesso à educação, ao trabalho e à renda. Os governos, em suas várias instâncias, fazem-se de cegos e mudos diante da corrupção e da violência policial em expansão. Portanto, torna-se presa fácil do crime e da violência. Desde o tráfico de drogas pesadas e armas, até os conflitos de vizinhos e gangues juvenis, em fins de semana movidos a álcool, desocupação e machismo. Eis os ingredientes que engrossam a estatística do IBGE. Números que chocam, sem surpreender, mas que precisam ser enfrentados com projetos sérios, sobretudo com ações
eficazes por parte de todos.
Na Bahia, nos últimos vinte anos, o crescimento dos registros de homicídios chegou a 180%. Entre 1980 e 2000, foram 20.051 mortes no estado por homicídios. Em 2002, a arma de fogo tirou a vida de 71,7%. Em 1980, respondia por 3,4% dos óbitos. Em 2000, a proporção subiu para 9,5%, o que representa 2,7% dos homicídios nacionais.
Observa-se, pois, que vivemos uma verdadeira e sangrenta guerra civil. Foram
600 mil assassinatos de 1980 a 2000, ou 30 mil vítimas por ano. Especialistas lembram que em Angola, por exemplo, em 27 anos de guerra civil morreram 350 mil pessoas; as bombas atômicas lançadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, resultaram em 345 mil mortes, pouco mais da metade dos homicídios ocorridos no Brasil nas duas últimas décadas.
É preciso que os governos federal, estaduais e municipais tracem um plano
estratégico e efetivo para acabar com o tráfico e o contrabando de armas. Há dezenas de anos que se recomenda: é necessário um pacto social entre os níveis federal, estadual, municipal e a comunidade para tratar do problema com seriedade. É necessário pôr a polícia na rua e aparelhar a Justiça Criminal. Estamos cansados de ver juízes de direito que não têm nem computador adquirido pelo Estado; delegacias de polícia em que o titular diz: “Não tenho combustível. Se a vítima de furto quiser uma diligência, ela tem de ir com o motorista até o posto de gasolina para encher o tanque da viatura”.