31 de julho de 2025
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RECUO: Governo Trump recua na taxação do aço do México e Canadá a pedido de montadoras, mas “alívio” tem prazo certo e as empresas terão que trazer toda sua produção para os EUA

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( Publicada originalmente às 19h 54 do dia 05/03/2025) 

Com agências

(Brasília-DF, 06/03/2025). Nesta quarta-feira, 5, o governo de Donald Trump, um dia depois da entrada em vigor de tarifas americanas de 25% sobre Canadá e México e 20% sobre a China, recuou parcialmente e ofereceu isenção, por um mês, para empresas automotivas que importem ou exportem do Canadá e do México.

A porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt informou que a decisão de deu após o pedido feito diretamente ao presidente por três montadoras: General Motors, Stelantis e Ford, cuja produção, baseada no tratado de livre comércio entre o Canadá, os EUA e o México (USMCA), se espalha pelos três países e perderia competitividade frente a outras montadoras.

As peças dos veículos atravessam as fronteiras dos EUA, do Canadá e do México diversas vezes até o carro ser montado, o que significa reiteradas taxações.

O setor alertou o governo Trump que as taxas acarretariam em um corte de um terço na produção de automóveis esperadas na América do Norte já a partir da semana que vem.

Segundo Leavitt, porém, as montadoras foram alertadas de que, se não querem pagar tarifas, devem mudar sua produção inteiramente para os EUA o quanto antes.

O movimento acontece depois do choque no mercado financeiro causado pela taxação, que anulou boa parte do ganho acumulado na bolsa desde a chegada de Trump à Casa Branca, há seis semanas.

E confirma o que disse mais cedo à agência Bloomberg o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, sugerindo que a administração ofereceria algum alívio e estaria em busca de "um meio-termo" em relação ao tarifaço atual.

Nesta quarta, Trump teve uma conversa "amigável" com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, mas os países não avançaram em um acordo para aliviar as tarifas.

Ao contrário, em sua rede social, Trump voltou a chamar Trudeau de "governador" e a insistir que, se não querem pagar taxas, os canadenses deveriam se tornar o 51º Estado dos EUA.

Trump também deverá conversar com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que prometeu tarifas recíprocas, mas afirmou que primeiro prefere tentar um acordo.

Vai ficar caro?

Economistas têm apontado o potencial inflacionário do tarifaço proposto por Trump. Carros provavelmente teriam um aumento de preço de cerca de US$ 3 mil (R$ 17,7 mil), de acordo com a consultoria canadense TD Economics.

Os EUA são importadores de combustível do Canadá, sobre o qual Trump impôs tarifa de 10%, o que deve impactar o preço da gasolina para os americanos nas bombas.

A gasolina é um dos mais sensíveis itens na cesta básica da população dos EUA e custou a popularidade de Biden quando o preço explodiu, em decorrência da invasão russa à Ucrânia.

Mas o impacto iria muito além dos automóveis e combustíveis.

As marcas de cerveja mexicanas Modelo e Corona, muito populares nos EUA, podem aumentar seus preços caso as importadoras repassem o novo custo gerado pelas tarifas.

Além disso, a Corona compra parte de sua matéria-prima, como milho e cevada, de fazendeiros americanos, mas os processa no México, o que resultaria em mais uma camada de taxas.

Queridinho da culinária nos EUA, o guacamole poderia desaparecer dos pratos ou se tornar muito mais caro, graças às tarifas sobre o avocado.

Cultivado principalmente no México, onde a planta é bem adaptada ao clima quente e úmido, o avocado mexicano compõe quase 90% do que circula por ano no mercado americano.

Até mesmo a moradia pode ser impactada. Os EUA importam do Canadá cerca de um terço do que consomem de madeira de coníferas, muito usada na construção civil no país.

O material essencial na construção seria afetado pelas tarifas de importação de Trump, que disse que os EUA têm "mais madeira do que usamos".

No entanto, a Associação Nacional de Construtores de Moradias (NAHB, na sigla em inglês) pediu ao presidente que isentasse os materiais de construção das tarifas propostas "por causa de seu efeito prejudicial na acessibilidade da moradia".

A compra da casa própria tem ficado inacessível para muitos americanos dados os custos de financiamento, o que também produziu insatisfação entre os eleitores do país.

(da redação com informações da BBC. Edição: Política Real)