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  • Contato Brasil, 27 de abril de 2024 21:31:56
Magno Martins
  • 18/03/2021 08h33

    Lockdown arruína a economia

    O que deixou a população pernambucana, entretanto, com uma pulga atrás da orelha foi a inclusão de lojas de automóveis entre os serviços que ficam preservados

    Cidade vazia( foto: Arquivo colunista)

    (Recife-PE). A partir de hoje e pelos próximos 11 dias, Pernambuco entra em lockdown, apelidado de quarentena pelos marqueteiros do governador Paulo Câmara para não afetar tanto a imagem do Governo nem do Estado nesse terrível quadro da pandemia no mundo, com efeitos na vida de milhares de brasileiros. O crescimento de casos e mortes atinge recordes a cada dia seguido, deixando o País em estado de choque.

    Não é só Pernambuco, diga-se de passagem, que recorreu ao lockdown. No Nordeste, Ceará e Bahia saíram na frente, com medidas muito mais duras e restritivas, tudo para evitar o pior, tentativa digamos desesperadora para salvar vidas, escapar de uma tragédia. Toda paralisação dessa natureza é compreensível, mesmo deixando um saldo de efeitos nefastos na economia. Para praticamente tudo, exceto os serviços essenciais.

    O que deixou a população pernambucana, entretanto, com uma pulga atrás da orelha foi a inclusão de lojas de automóveis entre os serviços que ficam preservados. Ninguém entendeu, aliás os mais espertos, sim: foi para agradar ao segmento do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, que monopoliza comércio de automóveis nacionais e importados no Estado.

    A pandemia, na verdade, arruinou a economia e levou a taxa de desemprego a recordes em 20 estados brasileiros em 2020, segundo o IBGE. As maiores taxas foram verificadas em estados do Nordeste e as menores, no Sul. Os dados confirmam também que mulheres e negros foram mais penalizados pela crise no mercado de trabalho. Brasileiros com menor escolaridade também tiveram taxa de desemprego superior à média nacional.

    No ano, a taxa de desemprego ficou em 13,5%, a maior desde 1993, segundo levantamento da consultoria iDados. No quarto trimestre, a taxa de desemprego no País foi de 13,9%, a maior para o período de toda a série histórica do IBGE, iniciada em 2002. Em termos absolutos, a população desocupada (que não trabalha, mas busca uma vaga) em 2020 atingiu a média de 13,4 milhões de brasileiros, 840 mil a mais do que o observado em 2019 e a maior marca da série histórica da Pnad.

    NE penalizado – Segundo o IBGE, as maiores taxas de desocupação em 2020 foram verificadas na Bahia (19,8%), Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%), enquanto as menores com Santa Catarina (6,1%), Rio Grande do Sul (9,1%) e Paraná (9,4%). Os dados do último trimestre reforçaram a desigualdade nos impactos da pandemia no mercado de trabalho. Enquanto a taxa de desemprego entre os homens foi de 11,9%, entre as mulheres foi de 16,4%. A diferença entre a taxa dos dois casos se ampliou em relação aos trimestres anteriores. Já entre as pessoas pretas, a taxa foi de 17,2%, enquanto a dos pardos foi de 15,8%, ambas acima da média nacional (13,9%). Já a taxa dos brancos (11,5%) ficou abaixo da média, disse o instituto.

    Afronta, reage Bolsonaro – Para o presidente Jair Bolsonaro, lockdown é uma "afronta". Em entrevista à CNN, ele criticou a estratégia adotada por alguns prefeitos e governadores brasileiros para conter a disseminação do novo coronavírus (Sars-Cov-2), que avança no País. "Eu não adotaria a política de lockdown, não deu certo no ano passado. Eu lamento os fechamentos indiscriminados como eu estou vendo aqui em Brasília, toque de recolher. Isso é uma afronta, é uma coisa inadmissível", afirmou.

    Até suicídio – Na mesma entrevista, o presidente advertiu que a paralisação da economia está gerando até suicídio. "O que eu tenho visto nas mídias sociais, me considero uma pessoa bem informada nessa questão, é o desespero de pessoas no Brasil todo, suicídio agora em Fortaleza. São coisas absurdas que vêm acontecendo no tocante ao lockdown. O lockdown leva, sim, ao desemprego, e vai levar à fome, à miséria. Não quero. Peço a Deus que eu esteja errado. Leva à violência, a ações que nós há muito tempo não assistimos aqui no Brasil. Então, é uma política completamente equivocada o lockdown. Saúde e economia têm que andar de mãos dadas", assinalou.

    Só vacina resolve – Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, uma das principais redes de varejo do País e que conseguiu se destacar em meio à crise sanitária por conta das vendas online, diz que o Brasil não decola por incompetência no controle da pandemia. Ele não vê uma saída para a retomada consistente da atividade sem uma vacinação em massa. “O erro na questão sanitária foi grave”, afirma o executivo, que considera o Brasil um dos piores no combate ao novo coronavírus. Não fosse a pandemia, Trajano acredita que 2020 e 2021 seriam espetaculares para a economia, em razão dos juros baixos e de várias mudanças feitas nos últimos quatro anos em pilares importantes, como a Previdência, a questão trabalhista e o teto de gastos, por exemplo.

    Sem nada brusco – Apesar da estreita ligação com a família do presidente Bolsonaro, o novo ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, tem bom diálogo com políticos do centrão. Em suas redes sociais, já publicou fotos ao lado do ex-presidente José Sarney (MDB) e do deputado Ricardo Barros (PP) quando este era ministro da Saúde da gestão Michel Temer. Também transita com facilidade entre secretários de Estados e municípios. Para autoridades que acompanharam a escolha de Queiroga, o médico não deve fazer mudanças bruscas na Saúde.

    CURTAS

    REJEIÇÃO – Levantamento realizado pelo Datafolha e divulgado, ontem, pelo jornal Folha de São Paulo, indica que a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro atingiu o maior índice desde o início da pandemia da covid-19. De acordo com a pesquisa, 54% dos brasileiros avaliam a sua atuação como “ruim ou péssima”. Trata-se de um recorde desde o começo da série histórica iniciada em março de 2020. Na rodada passada, 48% avaliavam negativamente o trabalho de Bolsonaro.

    SUPERIOR – Aqueles que mais rejeitam a condução de Bolsonaro são os entrevistados com ensino superior (65%). Entre os que aprovam, os empresários representam a maior parcela, 38%. Segundo o departamento de pesquisas de opinião, 44% dos entrevistados responderam reprovar a administração do presidente, uma oscilação de 4 pontos percentuais desde a última pesquisa. Aqueles que aprovam e o consideram regular seguem estáveis, de 31% para 30% e 26% para 24%.

    Perguntar não ofende: Onde os governadores e prefeitos enfiaram a dinheirama do Governo Federal para o combate à pandemia?


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