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- Contato Brasil, 21 de novembro de 2024 15:19:42
(Recife-PE) Em 40 anos de batente, para não fugir ao lugar comum do jornalismo do bom combate, sofro incompreensões, agora mais latentes, visíveis e em tempo real com a Internet, mas nunca bato de frente com os fatos. Aprendi que o fato é sagrado, a interpretação livre. Continuo a receber no lombo uma penca de processos emanados de políticos contrariados pelos seus interesses, sem nunca ter sido condenado.
O processo que mais me assombrou foi o movido pelo então presidente dos Diários Associados, Paulo Cabral, pela influência que detinha em todas as instâncias do Judiciário, em Brasília. Mas escapei amparado nas provas da boa apuração jornalística. A campanha passada no Recife, por sua vez, fechou um ciclo de novos processos. Só o PSB e seus tentáculos de poder ingressaram com seis ações, inclusive duas delas criminais.
Não é por isso, não será agora nem jamais que vedarei meus olhos para as notícias do poder no Estado e na Prefeitura do Recife que sejam relevantes para a sociedade. Não posso deixar de reconhecer, por exemplo, que o prefeito João Campos, próximo a completar os cem primeiros dias de gestão, acertou em cheio ao priorizar ações voltadas para minimizar os efeitos da pandemia.
Foi para a linha de frente salvar vidas. Recife se destaca em nível nacional por ter sido a primeira capital do País a montar uma agenda de proteção à vida pela vacina. Há um calendário sendo cumprido a partir de grupos prioritários, tendo no sábado dado o start da faixa etária dos que têm acima de 70 anos. Recife avança bem na imunização da população, com diversos postos de vacinação, inclusive disponibilizando áreas de drive-thru, nas quais vacinam sem a necessidade de sair do automóvel, sem o constrangimento de enfrentar fila e no final não ter acesso à vacina.
Tudo via online, novos tempos proporcionados pela Internet. Na sexta-feira, em apenas cinco horas de agendamento para o novo público dos 70, mais de 12,5 mil pessoas conseguiram marcar a vacinação para os próximos dias por meio do aplicativo ou do site do Conecta Recife. Segundo o prefeito antecipou numa entrevista à CNN, após 21 dias de aplicação da vacina num determinado grupo, houve uma redução de 60% nas internações de pacientes integrantes do segmento. Hoje, Recife já tem mais gente imunizada do que contaminada, passando de 126 mil vacinados.
Com autorização federal, a Prefeitura vai custear mais 200 mil doses de vacina. O programa de vacinação tem a marca da ousadia 100% digital. Além dos idosos a partir de 70 anos, continuam sendo vacinados os trabalhadores da saúde, ativos, de qualquer área, a partir de 50 anos; trabalhadores da Atenção Básica do Município e os que atuam nas redes pública e privada, em policlínicas, maternidades, UTIs, centros de quimioterapia e de Terapia Renal Substitutiva.
Além dele, os trabalhadores da saúde dos setores hospitalares de endoscopia, broncoscopia e imagem; cardiologia, vascular e neurologia. Ainda os que atuam nas Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária, Ambiental, no setor de Saúde do Trabalhador, e, mais recentemente, os estudantes da área de saúde que atuam na linha de frente da covid-19 (UTI e enfermaria covid) e nos serviços de urgência e emergência também foram incluídos na lista de grupos prioritários.
POSTOS – A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Saúde, disponibiliza ao todo 16 pontos para a vacinação. Os drive-thrus ficam no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), na Tamarineira; Parque de Exposição de Animais, no Cordeiro; Fórum Ministro Artur Marinho - Justiça Federal de Pernambuco (Avenida Recife), no Jiquiá; Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Dois Irmãos; Juizados Especiais do Recife, na Imbiribeira; Parque da Macaxeira, na Macaxeira; Geraldão, na Imbiribeira; Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária; e Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Bairro do Recife. Bairro do Recife. Além dos pontos onde a pessoa não precisa descer do veículo, a Secretaria de Saúde oferece salas de vacina em outros áreas da cidade. O agendamento para vacinação deve ser realizado através do site www.conectarecife.recife.pe.gov.br ou do app Conecta Recife, disponível gratuitamente na PlayStore, para Android, e AppStore, para quem utiliza o sistema iOS.
APOSTA PERDIDA – Na mesma entrevista, João Campos lamentou que o Brasil não esteja acompanhando outros países no ritmo da vacina: "O Brasil deveria ter feito a aposta pela vacina, comprado mais vacinas, antecipadamente. Então, agora, a gente tem que correr contra o tempo para poder fazer isso. O Recife fez o seu dever de casa desde o início da pandemia e agora a gente segue dando o exemplo para o Brasil como deve ser feito.”
LÍDERES VACINADOS – Ao menos 23 líderes mundiais já receberam a primeira dose dos imunizantes contra a covid-19. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi vacinado, ontem, com a russa Sputnik V. No dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro, que afirmou em diversas ocasiões que não tomaria a vacina, mudou o discurso e admitiu a possibilidade de se vacinar. O plano de imunização da maioria dos países tem como prioridade os idosos e os profissionais de saúde, mas muitos políticos foram vacinados para servir de exemplo à população. Em dezembro, Joe Biden, presidente dos EUA, ao receber 1ª dose da vacina do laboratório Pfizer, afirmou: "Estou fazendo isso para que as pessoas se sintam seguras de tomar a vacina quando estiver na vez delas.”
INTERNAÇÕES REDUZIDAS – O número de novas internações de idosos com 90 anos ou mais por covid caiu 20% após pouco mais de um mês do início da campanha de vacinação, o que contrasta com a alta de 10% no número geral de hospitalizações pela doença observada no mesmo período no País. Na faixa etária dos 30 aos 39 anos, o aumento foi de 50%. Os dados indicam que a imunização dos grupos mais vulneráveis, iniciada em 18 de janeiro, pode já estar causando impacto positivo na evolução da pandemia nessa população e reforçam a necessidade de aceleração da campanha.
O EFEITO LULA – O restabelecimento dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva impactou as estratégias e alterou a projeção que líderes políticos envolvidos com a sucessão presidencial vinham fazendo do cenário de 2022. De imediato, além de acelerar o processo de articulação de futuras candidaturas, a entrada de Lula no jogo eleitoral estreitou o espaço para candidatos. Por dois motivos: por um lado porque o ex-presidente cria uma expectativa de aliança na esquerda e por outro porque fica mais restrita a viabilidade de candidaturas que queiram se oferecer como alternativa à polarização.
CURTAS
EFEITO LULA 2 – No contexto atual, há três nomes que se apresentam no chamado “centro expandido” da política nacional: Ciro Gomes (PDT), Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em meio à novidade Lula, Doria admitiu pela primeira vez que pode deixar de lado o projeto presidencial e optar por disputar a reeleição no ano que vem.
EFEITO LULA 3 – A raia mais estreita da corrida eleitoral afeta também as articulações de Ciro e Huck. O ex-ministro e presidenciável do PDT terá agora de partir para negociações mais efetivas no campo do centro, já que a esquerda passa a gravitar na órbita de Lula. No caso do empresário e apresentador da TV Globo, as tratativas com o PSB ficam mais incertas e um dos pilares de sua retórica – o combate à desigualdade social – passa a ter forte concorrência.
Perguntar não ofende: Bolsonaro mudou o estilo após o efeito Lula?