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  • Contato Brasil, 22 de novembro de 2024 15:14:24
Jorge Henrique Cartaxo
  • 12/02/2020 22h52

    O Mercador do Mal

    Numa grande recessão, como é o caso do Brasil, o correto seria, assim pensam e agem os Estados Unidos e a Europa de hoje, fazer grandes investimentos em infraestrutura

    O Coringa com Joaquim Phoenix

    O Ministério da Economia divulgou, no início da semana, uma redução de R$ 68,9 bilhões em juros da dívida pública. Resultado da real queda da Selic nos últimos meses.  As fanfarronices contábeis dos nossos governos – do atual e dos de sempre – são históricas. A turma do Guedes parece nos oferecer mais uma. O Projeto de Lei Orçamentaria Anual  ( PLOA), já no Congresso, nos diz outra coisa: teremos um aumento significativo nos custos da dívida pública.

    De acordo com o PLOA,  os gastos com juros e encargos da divida aumentarão 9,6% e a amortização  da mesma divida terá um ajuste de 18%. Ou seja R$ 415,1 bilhões e R$ 1,239 trilhões respectivamente. Isso significa que o serviço da divida crescerá 16,1%, alcançando o valor de R$ 1,654 trilhões. Em resumo, esta sopa de trilhão quer dizer o seguinte: o refinanciamento da divida em 2019 consumiu R$ 758,7 bilhões. Em 2020, este valor atingirá R$ 1 trilhão. Ou seja: um aumento de 32%. O ministério da Economia informa ainda que as despesas com salários de servidores e aposentadorias crescerá R$ 50  bilhões agora em 2020. Já o refinanciamento da divida crescerá cinco vezes mais: R$ 245 bilhões. 

    A serviço do sistema financeiro – e não dos brasileiros e do Brasil – Paulo Guedes adota um ajuste fiscal conceitualmente já superado pelos verdadeiros  gestores da economia mundial desde a crise de 2008. Numa grande recessão, como é o caso do Brasil, o correto seria, assim pensam e agem os Estados Unidos e a Europa de hoje, fazer  grandes investimentos em infraestrutura.  Não há motivos para os juros serem maiores do que os índices de crescimento da economia de um país. Este crime vem sendo cometido desde a implantação do Plano Real no Brasil. Nunca fez sentido e se tornou inaceitável, pelo menos, desde 2008.

    Mas o camelô Paulo Guedes, não contraria apenas o bom senso praticado no resto do planeta. Ele ofende também as conclusões do Fórum de Davos, como bem demonstra o relatório deste ano, assinado por Klaus Schwab - o criador do encontro. Na reunião do Grande Capital na Suíça, foi acordado a necessidade de uma movimentação da economia global na direção do “bem-estar social, na importância do emprego, trabalho e renda na sua devida integração com a saúde, a educação, o engajamento cívico, a coesão social,  o meio ambiente,  a segurança pessoal e o bem-estar subjetivo”.

    Sentimentos impronunciáveis pelo camelô Paulo Guedes,  esse misto de mercador do mal  e feitor de senzala pós-moderno!


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