Banco Central mostra, em seus estatísticas do setor financeiro, que o mercado avançou com 1,4% na oferta de crédito, porém o crédito continua ficando alto, recuaram as concessões em 6,6 % em novembro comparado com setembro
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(Brasília-DF, 26/12/2025) Na manhã desta sexta-feira, 26, o Banco Central divulgou o seu Estatísticas Monetárias e de Crédito com os dados atualizados até novembro de 2025.
Em novembro, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro atingiu R$20,3 trilhões (160,9% do PIB), com alta de 1,4% no mês, refletindo acréscimos de 2,6% nos títulos públicos de dívida e de 0,8% nos empréstimos do SFN. Em doze meses, o crédito ampliado cresceu 11,2%, com avanços de 19,6% nos títulos públicos de dívida e de 9,2% nos empréstimos do SFN.
O crédito ampliado às empresas situou-se em R$6,8 trilhões em novembro (53,8% do PIB), avanço de 0,1% no mês, ressaltando-se o acréscimo de 0,3% nos empréstimos do SFN. Em doze meses, ocorreu crescimento de 4,8%, com elevações de 14,1% em títulos de dívida.
O crédito ampliado às famílias situou-se em R$4,7 trilhões (37,2% do PIB), com expansões de 1,2% no mês e de 11,4% em 12 meses, refletindo, principalmente, o desempenho dos empréstimos do SFN.
Operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
O estoque de crédito do SFN em novembro cresceu 0,9%, alcançando R$7,0 trilhões, com avanços de 0,3% no crédito às pessoas jurídicas e de 1,2% no crédito às pessoas físicas, cujos saldos situaram-se, respectivamente, em R$2,6 trilhões e R$4,4 trilhões. Em doze meses, o estoque de crédito do SFN permaneceu em trajetória de desaceleração, com incremento de 9,5% ante 10,2% nos doze meses até outubro deste ano. Também ocorreu desaceleração no crédito às empresas, com alta de 7,0% ante 8,4% em outubro, e no crédito às famílias, com alta de 11,1% ante 11,3%.
O estoque de crédito com recursos livres somou R$4,0 trilhões em novembro, com altas de 0,7% no mês e de 7,8% em doze meses. No crédito livre às pessoas jurídicas, o saldo totalizou R$1,6 trilhão, com queda de 0,1% no mês e elevação de 1,4% em 12 meses. Destacaram-se a expansão em antecipação de faturas de cartão (+7,2%), bem como as reduções em desconto de duplicatas e outros recebíveis (-4,1%) e capital de giro total (-0,9%).
O crédito livre às pessoas físicas cresceu 1,3% no mês e 12,4% em doze meses, impulsionado no mês pelas operações de crédito pessoal (1,1%), aquisição de veículos (2,3%) e cartão de crédito à vista (1,7%).
O crédito direcionado situou-se em R$3,0 trilhões em novembro, com expansões de 1,0% no mês e de 11,9% em doze meses. O crédito direcionado às empresas, com saldo de R$1,0 trilhão, cresceu 1,1% no mês e 16,9% em doze meses. No crédito direcionado às famílias, com saldo de R$1,9 trilhão, altas de 1,0% e 9,4%, na mesma ordem.
As concessões nominais de crédito do SFN somaram R$637,5 bilhões em novembro com recuo de 6,6%. Nas séries sazonalmente ajustadas, as concessões totais caíram 1,4% no mês, com recuos de 2,2% nas contratações com pessoas jurídicas e de 0,6% com pessoas físicas. As concessões nominais acumuladas nos doze meses até novembro cresceram 8,9%, com altas de 9,8% no segmento de pessoas jurídicas e de 8,3% no segmento de pessoas físicas. As concessões nominais médias diárias subiram 13,1% em novembro, com elevações de 11,1% nas operações com empresas e 14,6% nas operações com famílias, ressaltando a ocorrência de quatro dias úteis a menos em relação a outubro.
A taxa média de juros das novas operações de crédito situou-se em 31,9% a.a., com incrementos de 0,1 p.p. no mês e de 3,5 p.p. em doze meses. Por segmento, as taxas médias de juros nas concessões às empresas e às famílias situaram-se em 20,6% a.a. e 37,0% a.a., respectivamente, resultado de variações respectivas de -1,0 p.p. e 0,6 p.p. no mês e de 1,6 p.p. e 4,1 p.p., em doze meses.
O spread bancário, diferença entre as taxas médias de juros das operações de crédito e o custo de captação estimado, atingiu 20,9 p.p., com acréscimos de 0,3 p.p. no mês e de 2,5 p.p. em doze meses.
No crédito com recursos livres, a taxa média de juros situou-se em 46,7% a.a. em novembro, com elevações de 0,6 p.p. no mês e de 5,8 p.p. em doze meses. Nas operações com empresas, a taxa média situou-se em 24,5% a.a., com queda de 0,6 p.p. no mês e elevação de 2,8 p.p. acumulada em 12 meses. Contribuíram para o resultado mensal as reduções nos juros de desconto de duplicatas e outros recebíveis (-0,7 p.p.) e de capital de giro com prazo superior a 365 dias (-0,7 p.p.).
No crédito livre às famílias, a taxa média de juros alcançou 59,4% a.a., com elevações de 0,9 p.p. no mês e de 6,2 p.p. em doze meses. Destacaram-se os aumentos em crédito não consignado (+5,5 p.p.), cartão de crédito rotativo (+0,7 p.p.) e cartão de crédito parcelado (+3,2 p.p.)
No recuo da taxa média de juros do crédito livre às empresas, prevaleceu o efeito da variação das taxas (efeito taxa). No crédito livre às famílias, contribuíram para o aumento da taxa média contribuições tanto do efeito taxa, quanto da variação da composição das carteiras de crédito (efeito saldo), conforme a tabela a seguir.
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de toda a carteira ativa de crédito do SFN, situou-se em 23,7% a.a. em novembro, com elevações de 0,1 p.p. no mês e de 2,0 p.p. em doze meses.
O percentual de inadimplência da carteira de crédito total do SFN, considerados os atrasos superiores a 90 dias, permaneceu em 3,8%, com estabilidade no mês e aumento de 0,7 p.p. em doze meses.
No crédito livre, a inadimplência situou-se em 5,0% da carteira, apresentando redução de 0,1 p.p. no mês e crescimento de 0,7 p.p. em doze meses. A inadimplência do crédito livre às pessoas jurídicas caiu 0,1 p.p. no mês e subiu 0,1 p.p. em doze meses, situando-se em 2,9%. Para as pessoas físicas, a inadimplência recuou 0,1 p.p. no mês e avançou 1,0 p.p. em doze meses, situando-se em 6,3%.
Em outubro, o endividamento das famílias situou-se em 49,3%, com aumentos de 0,2 p.p. no mês e de 1,2 p.p. em doze meses. O comprometimento de renda aumentou 0,6 p.p. no mês e 2,2 p.p. em doze meses, alcançando 29,4%.
Agregados monetários
A base monetária alcançou R$431 bilhões em novembro, com reduções de 0,3% no mês e de 1,5% em doze meses. No mês, o volume de papel-moeda em circulação cresceu 0,3% e as reservas bancárias diminuíram 3,2%.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, impactaram de forma contracionista as operações do Tesouro Nacional, R$6,3 bilhões, as operações com derivativos, R$5,4 milhões, e as operações com títulos públicos federais, R$36,6 bilhões (colocações líquidas de R$140,1 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$103,6 bilhões no mercado secundário). Apresentaram expansão as operações do setor externo, R$7,9 bilhões, e os depósitos de instituições financeiras, R$54,5 bilhões (recolhimento de depósitos a prazo em espécie, -R$6,2 bilhões, liberação de recolhimentos de recursos de caderneta de poupança, +R$32,8 bilhões, de depósitos voluntários a prazo, +R$26,2 bilhões, e de depósitos de garantias em espécie vinculadas a Linhas Financeiras de Liquidez – LFL, +R$1,6 bilhão).
Os meios de pagamento restritos (M1) totalizaram R$644,9 bilhões, aumento de 5,3%, refletindo o crescimento do papel-moeda em poder do público e dos depósitos à vista em 0,6% e 10%, respectivamente. Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 expandiu-se 1,5% no período.
Os agregados monetários no conceito M2 cresceram 0,9% em novembro, com saldo de R$7,3 trilhões, resultado do crescimento de 0,5% no saldo dos títulos privados emitidos por instituições financeiras, que totalizou R$5,6 trilhões. No período, o saldo de depósitos a prazo aumentou 0,5%, totalizando R$3,6 trilhões. O saldo da poupança, apesar de captações líquidas negativas de R$2,9 bilhões, aumentou 0,4% como resultado da remuneração do período. O saldo das letras financeiras situou-se em R$673 bilhões, após recuo de 0,1%, enquanto o saldo das letras de crédito avançou 0,7% (R$ 1,1 trilhão).
O M3 cresceu 0,3% na comparação com o mês anterior, totalizando R$13,2 trilhões, reflexo do crescimento do M2. O saldo das quotas de fundos monetários, que totalizou R$5,7 trilhões, recuou 0,3% em novembro. As operações compromissadas com títulos privados seguiram a mesma tendência e recuaram 3,7%, enquanto as operações com títulos públicos cresceram 2,3%. O M4 aumentou 0,1% no mês e 9,4% em doze meses, totalizando R$14,6 trilhões.
( da redação com informações e textos de assessoria. Edição: Política Real)