Senadores e deputados de Oposição reagem à decisão de Gilmar Mendes e articulam PECs para restaurar o equilíbrio entre os Poderes
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(Brasília-DF, 03/12/1015). Na tarde desta quarta-feira, 03, deputados e senadores de oposição foram ao Salão Verde da Câmara dos Deputados se manifestar contrários a decisão a decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes, que alterou o rito do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal e retirou do cidadão o direito de apresentar denúncias por crime de responsabilidade, desencadeou uma reação firme e coordenada das lideranças da oposição no Congresso Nacional.
Durante coletiva de imprensa realizada deputados e senadores classificaram a medida como “ruptura institucional”, “usurpação de poderes” e uma tentativa de tornar o STF “imune a qualquer controle democrático”.
Zucco: “Se isso não é ruptura com o Estado de Direito, não sei mais o que é”
O líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), fez um pronunciamento contundente, afirmando que o Brasil enfrenta “um gravíssimo momento” e que a decisão de Gilmar Mendes representa uma agressão direta ao modelo de freios e contrapesos.
“O Estado sou eu não é mais frase de Luís XIV; é a prática de um ministro do Supremo.”
“A decisão confere uma proteção absoluta e retira o direito de qualquer brasileiro de denunciar crimes de responsabilidade.”
“Está sacramentado que o Supremo legisla, governa e julga, concentrando um poder nunca visto na democracia brasileira.”
Zucco citou episódios em que o STF teria extrapolado suas competências, como interferências em políticas públicas, reescrita de leis aprovadas pelo Congresso e decisões que tratam até da diferenciação entre usuário e traficante de drogas.
“Se os juízes decidem tudo, os cidadãos não decidem mais nada.
Se isso não é ruptura com o Estado de Direito, não sei mais o que é.”
O deputado afirmou que o Congresso não pode tolerar essa escalada:
“Não aceitaremos que o STF imponha uma ditadura judicial.
É hora de defender o Parlamento, o povo e a Constituição.”
PEC do impeachment: reação imediata na Câmara
Zucco destacou que a Câmara já dispõe de instrumentos legislativos para responder à decisão. A principal iniciativa é a PEC do deputado Nikolas Ferreira, que busca restabelecer a disciplina do impeachment e impedir interferências do Judiciário no rito.
A PEC:
• assegura a legitimidade de qualquer cidadão para denunciar ministros do STF;
• reafirma que a competência para processar e julgar é exclusivamente do Senado;
• estabelece recebimento automático da denúncia quando assinada por 3/5 dos senadores;
• veda qualquer interferência judicial no processo.
O texto da PEC detalha esses mecanismos e explicita que o impeachment é um instrumento político-institucional que cabe exclusivamente ao Senado — reforçando a separação dos Poderes e a soberania popular
Zucco também defendeu o avanço da PEC que extingue decisões monocráticas e cria mandatos para ministros do STF, afirmando que tais propostas “não podem mais ficar engavetadas”.
Rogério Marinho: “Há uma tentativa clara de blindagem de um Poder que se colocou acima da lei”
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), reforçou que a decisão de Gilmar Mendes é parte de um movimento mais amplo de expansão de competências do STF.
“Nenhum poder está acima da lei.”
O que vimos foi uma tentativa explícita de blindar o Supremo no exato momento em que um novo cenário político pode surgir em 2027.”
Marinho criticou o ativismo judicial e lembrou dos sete anos do inquérito que chamou de “infinito”, além de episódios de censura e interferência em debates públicos.
“Ou a sociedade entende o que está acontecendo, ou deixaremos de ter uma democracia liberal. Caminhamos para uma democracia de juízes.”
O senador informou que conversou diretamente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que já se manifestou contra a decisão e afirmou que o Senado não abrirá mão de suas prerrogativas.
Nota Técnica do Instituto Lexum reforça críticas à decisão de Gilmar Mendes
A reação parlamentar é apoiada por uma Nota Técnica do Instituto Lexum, que classificou a decisão cautelar da ADPF 1259 como incompatível com diversos dispositivos da Constituição Federal.
O documento afirma que Gilmar Mendes:
• criou novos requisitos, quóruns e regras gerais sem respaldo constitucional;
• exerceu, na prática, função legislativa, invadindo competência do Congresso;
• restringiu legitimidade ativa, alterou efeitos processuais e interferiu na competência exclusiva do Senado;
• violou os princípios da legalidade, separação dos Poderes e reserva democrática
Segundo a Lexum, apenas o Congresso pode restabelecer o funcionamento correto do processo de impeachment, seja por meio de revisão da Lei 1.079/1950 ou por reformas constitucionais.
Congressistas defendem resposta institucional imediata
Zucco e Marinho afirmam que o movimento não é partidário, mas uma defesa das prerrogativas do Legislativo e da ordem constitucional.
“Ou este Congresso responde à altura — ou tragam as chaves e fechem a Casa do Povo”, disse Zucco.
“Não podemos abrir mão de uma prerrogativa essencial da República”, afirmou Marinho.
As propostas que tramitam nas duas Casas — PEC do impeachment, PEC do fim das decisões monocráticas e criação de mandatos para ministros — devem ganhar velocidade diante da nova crise entre os Poderes. A oposição aposta que a reação será suprapartidária, dado o impacto institucional da decisão, uma vez que a decisão de Gilmar Mendes abriu uma fronteira inédita de tensão entre os Poderes.
( da redação com informações e textos de assessoria. Edição: Política Real)