Sob criticas dos bolsonaristas, Paulo Gonet é reconduzido na CCJ dos Senado ao cargo de PGR
A sabatina foi marcada pela defesa da atuação de Gonet à frente da Procuradoria Geral da República (PGR) por senadores como Eduardo Braga (MDB-AM) e Rogério Carvalho (PT-SE)
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(Brasília-DF, 12/11/2025) Começou cedo e foi até o início da tarde desta quarta-feira, 12, a sabatina dos senadores e senadoras na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por conta da chamada recondução de Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República. A mensagem presidencial (MSF 60/2025), relatada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). A CCJ aprovou por 17 votos favoráveis e 10 contrários e a mensagem vai a votação no plenário do Senado Federal.
A sabatina foi marcada pela defesa da atuação de Gonet à frente da Procuradoria Geral da República (PGR) por senadores como Eduardo Braga (MDB-AM) e Rogério Carvalho (PT-SE) e pela crítica ao procurador-geral da República por vozes como a dos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jorge Seif (PL-SC). Durante a sabatina na CCJ, Paulo Gonet defendeu a atuação da PGR nos processos que apuram os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Segundo o procurador, houve 715 condenações e 12 absolvições. Outros 606 casos ainda estão em andamento.
"Farsa"
Um dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar. Filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro criticou a atuação de Paulo Gonet. Para o parlamentar, houve “conluio, jogo combinado e farsa” entre o procurador e o relator das ações penais no STF, ministro Alexandre de Moraes.
“Quero lamentar sua recondução. O senhor aceitou passivamente o Ministério Público ser esculhambado. Não defendeu as prerrogativas constitucionais da instituição que deveria representar. Foi ignorado em vários momentos pelo ministro Alexandre de Moraes, que sequer consultava o Ministério Público para tomar alguma iniciativa. O senhor perseguiu e entrou no jogo sujo de uma pessoa que para mim é doente. Mas o senhor está lá e parece cumprindo ordens dele”, disse Flávio Bolsonaro.
O senador Jorge Seif (PL-SC) também anunciou voto contrário à recondução de Gonet. Ele mencionou denúncias apresentadas à Comissão de Segurança Pública (CSP) pelo ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral Eduardo Tagliaferro, que acusou Alexandre de Moraes de ter cometido fraude processual quando presidente do TSE.
"Autos dos processos"
“A operação Lava Jato foi enterrada porque havia conversas do então juiz [e atual senador] Sergio Moro [União-PR] com o então procurador Deltan Dallagnol. Tagliaferro denunciou a mesma relação que foi motivo de anulação da Lava Lato: mensagens de Alexandre de Moraes pedindo pareceres ao senhor Paulo Gonet. São fraudes processuais com produção encomendada de relatórios contra alvos pre-estabelecidos “, disse Seif.
Paulo Gonet rebateu as acusações. O procurador lembrou que, nesta semana, Tagliaferro foi tornado réu no STF pelo crime de quebra de sigilo. O ex-assessor do TSE está na Itália, onde aguarda o julgamento de um pedido de extradição formulado pelo governo brasileiro. Segundo Gonet, as manifestações da PGR nas ações penais sobre o dia 8 de janeiro “são baseadas exclusivamente em análise do Direito”.
“Da PRG, não saem denúncias precipitadas. As minhas manifestações se deram invariavelmente nos autos dos processos, sem vazamento nem comentário público algum. Não há criminalização da política em si. A tinta que imprime as peças produzidas pela PRG não tem as cores das bandeiras partidárias “, afirmou o procurador.
Relator da indicação de Gonet, o senador Omar Aziz defendeu sua recondução.
“Uma das melhores posições de Gonet é que ele não é uma pessoa midiática. Ele trata as questões nos autos, e não pela imprensa, tentando ganhar um like a mais. O Judiciário brasileiro tem que se pautar pelos autos, e não se pautar pela opinião publica de um modo geral. Isso tem prejudicado muitas vezes a atuação do Judiciário “, afirmou.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)