Sondagem da Construção Civil continua pressionada pelos juros, mas houve aumento do emprego no setor e confiança dá sinais de melhora mostra estudo da CNI e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção
O índice de evolução do nível de atividade ficou em 48,4 pontos em setembro e superou a média histórica do mês, mas encontra-se abaixo do registrado em setembro de 2024.
Publicado em
(Brasília-DF 27/10/2025) Nesta segunda-feira, 27, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em conjunto com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou a sua Sondagem Indústria da Construção do 3º trimestre de 2025, mostrando que as taxas de juros elevadas completaram um ano como o principal problema enfrentado pela Indústria da Construção. Essa barreira é apontada por 35% dos empresários ouvidos.
A alta carga tributária aparece em segundo lugar como maior entrave, com 32,2% das menções, avanço de 1,7 pontos percentuais no trimestre. Nos últimos três trimestres, este indicador cresceu 5,6 pontos percentuais. Em seguida, os maiores problemas para os empresários da construção envolvem a dificuldade de contratar mão de obra. Com 25,8% das citações, em terceiro lugar, está a falta ou alto custo de mão de obra qualificada, enquanto em seguida, com 24,5% dos problemas, está a falta ou alto custo da mão de obra sem qualificação.
O conjunto de entraves forma um cenário que, embora menos pessimista que o observado meses atrás, ainda é amplamente desfavorável, é o que explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
“Ainda assim, os índices permanecem baixos em comparação com o ritmo ideal de atividade, embora representem um resultado mais positivo do que o registrado em agosto. É ainda cedo para afirmar se essa melhora será sustentada. No entanto, nesse período, os empresários demonstraram uma reversão parcial das expectativas ", pontua Marcelo Azevedo.
Apesar de tudo emprego aumentou no setor
O índice de evolução do nível de atividade ficou em 48,4 pontos em setembro e superou a média histórica do mês, mas encontra-se abaixo do registrado em setembro de 2024. Já o índice de emprego chegou a 47,1 pontos — o menor para setembro nos últimos sete anos, apesar da alta mensal. Já a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) voltou a alcançar 68%, após subir 2 pontos percentuais frente a agosto.
As condições financeiras, no entanto, seguem no vermelho, apesar de melhora significativa no trimestre (3,7 pontos) no índice de satisfação com a situação financeira das empresas, que alcançou 48,7 pontos. O índice de satisfação com o lucro operacional acompanhou o movimento, atingindo 45,4 pontos, o que indica uma insatisfação menos disseminada, mas ainda presente.
No crédito, o alívio foi mínimo. O índice de facilidade de acesso subiu para 38,6 pontos, permanecendo em território de forte restrição. Para os empresários, a falta de recursos acessíveis segue sendo um entrave central à expansão da atividade e ao investimento em novos projetos.
Outro fator de pressão é o avanço dos custos. O índice de evolução do preço médio de insumos e matérias-primas aumentou para 61,6 pontos no trimestre, o que sinaliza a aceleração no ritmo de alta. O encarecimento dos materiais continua reduzindo margens de lucro e comprometendo a competitividade das empresas.
Confiança do setor dá sinais de melhora
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Indústria da Construção subiu 1,4 ponto, para 48,4 pontos. A alta é a segunda consecutiva; em setembro, o índice já havia subido 1,2 ponto. Ainda assim, o índice segue abaixo de 50 pontos, denotando falta de confiança, ainda que menos disseminada e intensa.
A melhora do índice deve-se principalmente pela melhora das expectativas. O índice de expectativas aumentou 1,8 ponto: passou de 48,9 pontos em setembro para 50,7 pontos em outubro. Ao ultrapassar a linha divisória de 50 pontos, o índice deixa de retratar uma expectativa pessimista e passa a mostrar otimismo.
Os empresários demonstraram maior otimismo em relação ao desempenho de suas próprias empresas nos próximos seis meses. Além disso, no que diz respeito à economia brasileira, houve uma melhora significativa do índice, que aumentou 3 pontos. Ainda assim, o índice passou para 42,4 pontos, ou seja, apesar da melhora na percepção, ainda prevalece uma avaliação negativa.
Já o índice de condições atuais ficou em 43,8 pontos em outubro após alta de 0,6 ponto frente a setembro. A alta se deve à avaliação das condições atuais da empresa menos negativa.
Expectativas avançam em outubro
Na passagem de setembro para outubro de 2025, a maioria dos índices de expectativa aumentou. A exceção foi o índice de expectativa de número de empregados, que recuou de 50,2 pontos para 49,8 pontos.
Já o índice de expectativa de nível de atividade mostrou a maior alta na passagem de setembro para outubro de 2025, de 1,7 ponto, para 52,4 pontos. Ao se afastar da linha divisória, o índice mostra uma expectativa mais disseminada e intensa de alta do nível de atividade nos próximos seis meses.
O índice de expectativa de compras de matérias-primas também cruzou a linha divisória, passando de 49,4 em setembro para 50,9 pontos em outubro, relevando expectativa de alta das compras de insumos e matérias primas nos próximos meses.
Por fim, o índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços aumentou de 49,2 pontos, em setembro, para 50,3 pontos, em outubro, revertendo a expectativa pessimista observada em setembro.
O índice de intenção de investimentos cresceu 2,5 pontos em outubro de 2025, para 43,6 pontos. A alta é a segunda consecutiva, após sequência de três quedas que havia levado o índice aos 40 pontos, o menor valor em 28 meses.
( da redação com informações de assessoria e Ag. CNI. Edição: Política Real)