Aviões de Israel fazem ataque ao Hamas, acusado de não respeitar fogo, enquanto Hamas diz que atua contra milícias que atuam em Gaza
O Exército israelense confirmou ter bombardeado militantes de Gaza na área de Rafah (sul de Gaza, sob controle militar israelense) neste domingo
Publicado em
Com agências
(Brasília-DF, 19/10/2025) Donald Trump disse que a guerra em Gaza tinha acabado. Não é bem assim.
Neste domingo, 19, aviões lançaram ataques na Faixa de Gaza, enquanto Israel acusa o Hamas de violar o cessar-fogo e atacar militares israeleses.
O Exército israelense confirmou ter bombardeado militantes de Gaza na área de Rafah (sul de Gaza, sob controle militar israelense) neste domingo, em resposta ao "disparo de um míssil antitanque e tiros contra tropas" na área.
"Em resposta, o Exército começou a bombardear a área para eliminar a ameaça e desmantelar alçapões de túneis e estruturas militares usadas para atividades terroristas", de acordo com o comunicado militar.
Duas testemunhas palestinas disseram à agência de notícias AFP que os confrontos ocorreram primeiro em uma parte da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, seguidos por dois ataques aéreos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou neste domingo "ações vigorosas contra alvos terroristas" em Gaza, nove dias após a entrada em vigor do cessar-fogo, sem esclarecer se isso marca o fim da trégua.
"Após a violação do cessar-fogo pelo Hamas, o primeiro-ministro Netanyahu realizou uma consulta com o ministro da Defesa e os chefes do setor de segurança e ordenou ações vigorosas contra alvos terroristas na Faixa de Gaza", afirmou seu gabinete em um comunicado.
Hamas nega incidente
De acordo com uma fonte do braço armado do Hamas, o grupo, envolvido em ferozes conflitos internos, havia lançado uma operação em Rafah para eliminar Yasser Abu Shabab, líder da milícia rival conhecida como "Forças Populares". Mas soldados israelenses intervieram em apoio a Shabab, lançando ataques de fogo cruzado e causando a explosão de uma escavadeira israelense.
No sábado, o governo dos Estados Unidos alertou que tinha "informações confiáveis" indicando que o Hamas estava planejando "uma violação iminente" do cessar-fogo em um ataque planejado contra civis palestinos. Na manhã deste domingo, o Hamas rejeitou a acusação e culpou Israel por armar e financiar essas outras milícias, que, segundo o grupo, realizaram "assassinatos, sequestros, roubos de caminhões de ajuda humanitária e furtos contra civis".
O Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel e outros países, incluindo Alemanha e Estados Unidos, declarou que policiais de Gaza, "com amplo apoio civil e popular", estão perseguindo essas gangues e responsabilizando-as "de acordo com mecanismos legais claros, para proteger os cidadãos e preservar a propriedade pública e privada".
O grupo islamista afirmou, entretanto, que não tinha conhecimento de nenhum incidente ou confronto em Rafah, envolvendo forças israelenses.
"Reafirmamos nosso total compromisso em implementar tudo o que foi acordado, sendo o principal um cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza", afirmaram as Brigadas Ezzedine Al-Qassam, braço armado do Hamas, em um comunicado.
"Não temos conhecimento de quaisquer incidentes ou confrontos ocorrendo na área de Rafah, pois estas são zonas vermelhas sob controle da ocupação, e o contato com os nossos grupos remanescentes foi interrompido desde o reinício da guerra em março deste ano."
Ministro radical pede mais bombardeios
Colonos israelenses e líderes dos partidos sionistas religiosos no governo de coalizão pediram neste domingo a retomada da ofensiva militar contra a Faixa de Gaza, após o fogo cruzado entre tropas e militantes em Rafah.
"Peço ao primeiro-ministro (Benjamin Netanyahu) que ordene às Forças de Defesa de Israel (FDI) que retomem totalmente os combates na Faixa de Gaza com força total", postou no X o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Givr, que foi anteriormente condenado por incitar ódio contra palestinos, vandalismo e apoio ao terrorismo. "As falsas suposições de que o Hamas dará as costas a eles, ou mesmo cumprirá o acordo assinado, estão se mostrando perigosas para nossa segurança, como esperado", acrescentou.
(da redação com DW, EFE, AFP, Lusa. Edição: Política Real)