Milhares de pessoas protestam nas ruas contra Donald Trump sob o lema "No Kings" ("Não queremos reis").
O nome do movimento "No Kings" alude à percepção de que o presidente age como um monarca e lembra que os Estados Unidos foram fundados em 1776 com base na rejeição ao poder absoluto de um soberano
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Com agências
(Brasília-DF, 18/10/2025). Neste sábado, 18 de outubro, milhares de pessoas saíram às ruas nos Estados Unidos para protestar contra o que consideram uma escalada autoritária do presidente Donald Trump, no que promete ser o maior protesto contra o republicano desde o início de seu mandato, em janeiro.
Mais de 2,6 mil atos foram convocados por cerca de 200 organizações em todos os 50 estados do país, sob o lema "No Kings" ("Não queremos reis"). Uma rodada anterior de protestos, em 14 de junho, tinha 2,1 mil atos programados e reuniu cerca de cinco milhões de pessoas, segundo os organizadores.
Esta é a terceira mobilização em massa desde o retorno de Trump à Casa Branca e ocorre em meio a uma paralisação do governo que já entrou em sua terceira semana. A paralisação, além de fechar programas e serviços federais, testa o equilíbrio entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e ameaça, segundo os organizadores, colocar o país na rota do autoritarismo.
O clima no país é de crescente tensão política também pela decisão de Trump de mobilizar militares em várias cidades governadas pela oposição democrata, sob o argumento de combater o crime e apoiar o trabalho dos agentes de imigração.
A pauta dos manifestantes é diversa. Eles se opõem às operações para prender imigrantes nas ruas, cortes na saúde, à presença de militares nas cidades e às modificações dos distritos eleitorais, feitas para tentar garantir uma vitória do Partido Republicano de Trump nas eleições de meio de mandato de 2026.
Protestos também na Europa
Entre os pontos mais emblemáticos de concentração dos manifestantes destacam-se a Times Square, em Nova York; o Capitólio, em Washington; e o centro de Chicago, onde nas últimas semanas foram registrados protestos contra operações para prender imigrantes irregulares.
Também foram convocados protestos em cidades como Atlanta, Boston, Honolulu, Houston, Nashville, Nova Orleans, San Diego e San Francisco. Houve ainda algumas concentrações de solidariedade em cidades europeias, como Berlim, Paris e Roma.
Trump passa o dia em sua mansão privada de Mar-a-Lago, na Flórida, sem agenda oficial, e deve retornar a Washington só no domingo.
Até a publicação deste texto, os protestos transcorriam pacificamente. No entanto, vários líderes republicanos advertiram para possíveis distúrbios e o governador do Texas, Gregg Abbott, aliado de Trump, ordenou a mobilização da Guarda Nacional em Austin para prevenir atos violentos.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, disse que os protestos eram uma demonstração de "ódio contra os Estados Unidos", liderada, segundo ele, por simpatizantes do Hamas e membros do movimento antifascista (Antifa), declarado recentemente como grupo terrorista por Trump.
Políticos republicanos levantaram a possibilidade de intervenção policial caso houvesse violência.
Democratas criticaram a medida, incluindo o principal nome do partido no Estado, Gene Wu, que argumentou: "Enviar soldados armados para reprimir protestos pacíficos é o que reis e ditadores fazem — e Greg Abbott acaba de provar que é um deles."
O governador republicano da Virgínia, Glenn Youngkin, também ordenou a prontidão da Guarda Nacional estadual.
O nome do movimento "No Kings" alude à percepção de que o presidente age como um monarca e lembra que os Estados Unidos foram fundados em 1776 com base na rejeição ao poder absoluto de um soberano.
"Dizem que me comporto como um rei. Não sou um rei", afirmou Trump em uma entrevista à emissora Fox News veiculada na sexta-feira.
Trump sugeriu ainda que os democratas atrasaram as negociações para destravar o orçamento do governo, paralisado desde 1º de outubro, para incitar os protestos.
Já os democratas dizem pressionar por mais recursos para a saúde e acusam Trump de violar a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão, por supostamente tentar calar vozes críticas ao seu governo – como quando a Casa Branca pressionou para cancelar o programa do comediante Jimmy Kimmel por zombar da reação republicana ao assassinato do ativista Charlie Kirk em setembro. O programa acabou voltando ao ar uma semana depois.
No início desta semana, o ator Robert De Niro, um crítico assíduo de Trump, compartilhou um vídeo curto incentivando os americanos a se unirem para "levantar nossas vozes de forma não violenta".
"Tivemos dois séculos e meio de democracia... muitas vezes desafiadora, às vezes confusa, sempre essencial", disse ele.
"Agora temos um aspirante a rei que quer tirá-la de nós: o Rei Donald, o Primeiro."
Entre as celebridades que devem comparecer aos protestos "No Kings" estão Jane Fonda, Kerry Washington, John Legend, Alan Cumming e John Leguizamo.
( da redação com EFE, AP, AFP, BBC. Edição: Política Real)