31 de julho de 2025
ISRAEL/GAZA

Começou a valer o cessar-fogo com o afastamento das tropas de Israel; começa a valer as 72 horas para liberação dos 48 reféns israelenses

O prazo foi estipulado em acordo selado entre Israel e Hamas sob mediação de Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia

Por Política Real com agências
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Palestinos começam a voltar para Gaza Foto: imagem de streaming X Sputnik News

(Brasília-DF, 10/10/2025) Às 6 horas de hoje,10, em Brasília, e meio dia na Faixa de Gaza começou a valer o acordo de cessar-fogo após o recuo das tropas israelenses. Com isso, tem início agora a primeira fase do plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a paz no território palestino.

"O acordo de cessar-fogo entrou em vigor às 12h (hora local)", confirmaram as Forças de Defesa de Israel (FDI).

A partir deste horário, começa a correr o prazo de 72 horas acordado para a libertação dos 48 reféns israelenses que continuam em poder do grupo islâmico palestino Hamas desde o início da guerra, há dois anos.

O prazo foi estipulado em acordo selado entre Israel e Hamas sob mediação de Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.

Em troca, Israel deverá libertar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e outros 1,7 mil presos após 7 de outubro de 2023.

Após a retirada das tropas israelenses para uma área dentro de Gaza delimitada como "linha amarela" pela Casa Branca, milhares de palestinos começaram a se deslocar para o norte, em direção à Cidade de Gaza.

Uma fila quase ininterrupta de pessoas caminhava ao longo da estrada Al-Rachid, eixo costeiro que margeia o Mediterrâneo. No meio da multidão, alguns veículos também avançavam lentamente na mesma direção, segundo a agência de notícias AFP.

As forças israelenses também abandonaram o posto de controle militar no Corredor Netzarim, ao sul da Cidade de Gaza. Neste primeiro recuo, Israel permanece em cerca de 53% do território de Gaza – antes do cessar-fogo, era mais de 80%.

Em nota, as FDI confirmaram que a circulação do sul para o norte de Gaza está permitida tanto por Rashid quanto pela estrada Salah al-Din, mas advertiu que o norte do enclave – Beit Hanoun, Beit Lahia e Shujaiya – continua sendo perigoso devido à "concentração de tropas", assim como a entrada no Mar Mediterrâneo.

Os militares, porém, advertiram os palestinos de Gaza a não se aproximarem das áreas no entorno da passagem de Rafah, do Corredor de Filadélfia e de "qualquer concentração de tropas na região de Khan Younis", onde as FDI seguem presentes.

 A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023 por um ataque terrorista do Hamas a Israel, com o sequestro de 251 reféns e um saldo de cerca de 1,2 mil mortos. O grupo palestino é considerado uma organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia.

Em retaliação, Israel revidou com uma ofensiva militar que provocou a morte de mais de 67 mil palestinos, deixou mais de 160 mil feridos e reduziu boa parte do território a ruínas

Pouco para celebrar

Apesar das comemorações generalizadas que saudaram a notícia do cessar-fogo, muitos palestinos estavam profundamente cientes do pouco que restava das vidas que conheciam antes da guerra.

"Ok, acabou – e agora? Não há um lar para o qual eu possa voltar", disse Balqees, mãe de cinco filhos da Cidade de Gaza que está abrigada em Deir al-Balah, no centro de Gaza, à agência Reuters na manhã desta sexta. "Eles destruíram tudo. Dezenas de milhares de pessoas estão mortas, a Faixa de Gaza está em ruínas e eles fizeram um cessar-fogo. Eu deveria estar feliz? Não, não estou."

Seus sentimentos foram ecoados por Mustafa Ibrahim, um ativista e defensor dos direitos humanos da Cidade de Gaza que também se refugiou em Deir al-Balah, uma das poucas áreas do enclave que não foi invadida e arrasada pelas forças israelenses.

"O riso desapareceu e as lágrimas secaram", disse ele. "O povo de Gaza está perdido, como se fossem mortos-vivos, em busca de um futuro distante."

( da redação com informações da Efe, Lusa, DW. Edição: Política Real )